"Em 1936, uma
editora francesa negociou com António de Oliveira Salazar a publicação de um
livro que, resumindo as opções políticas e a acção governativa do Estado Novo,
constituísse o «cartão de visita» do pavilhão de Portugal na Exposição Internacional
de Paris, a realizar em 1937".
É desse livro que, a
partir de hoje, faremos recensão dos vários tópicos. Um por semana. Dois no
máximo.
Primeiro
Capítulo – revolução nacional
Neste primeiro capítulo,
António Oliveira Salazar aborda a desordem que se havia estabelecido, antes de
tomar o poder. Os poderes públicos funcionavam irregularmente. Os partidos, as
facções e os grupos políticos que exerciam a soberania nacional, conspiravam. O
Presidente da República não tinha força, o Parlamento escandalizava o País. Os
ministérios não podiam governar por falta de coesão e, sobretudo, (aqui o autor
faz critica severa) a administração publica era “o símbolo vivo da falta de
colaboração geral, da irregularidade, da desorganização que gerava, até nos
melhores espíritos, o cepticismo, a indiferença e o pessimismo.
A
Desordem financeira
O deficit devorava as emissões de notas do Banco de Portugal e as”
disponibilidades da Nação, mobilizadas pelas emissões de títulos do Tesouro e
pelas repetidas sangrias feitas à Caixa Geral de Depósitos. A confusão era
grande” pois em todas as contas, o exagero das autonomias, legais ou ilegais, e
o atraso nos pagamentos, na liquidação, nas escrituras e na estatística, era
regra comum.
Salazar não nos fatiga
com números, mas adianta o do défice anual desde 1919 até 1936/37 – 3 milhões
de contos! Destas somas a parte destinada ao verdadeiro enriquecimento e à
valorização do activo nacional, foi irrelevante!
A
Desordem económica
O Estado devorava a
riqueza da Nação. O Estado deixou de possuir fundos para restabelecer e alargar
a rede de comunicações terrestres e marítimas, estimular a expansão da
agricultura, da indústria e do comércio, para resolver o problema da
electrificação (atente-se a este ponto!). É claro que ao autor deste volume
isto não trazia novidade, porque era conhecedor dos números. À época as taxas
de lucro para as notas do Tesouro eram de 11%. E 15, 20 ou mesmo 25% para os
contratos privados! Por essa razão a produção nacional era difícil e cara,
vencida pela concorrência estrangeira no próprio mercado interno. Daí que muito
poucas pessoas aventuravam o seu dinheiro no alargamento ou melhoramento das
suas propriedades urbanas ou rurais! Estas questões levaram muitos emigrantes a
abandonar o país, baixando o índice do movimento da população. O espírito da
especulação e da aventura suplantou a preocupação do negócio bem estudado e bem
empreendido. A usura desenfreada tomou lugar da remuneração justa e comedida do
capital; o parasitismo substituiu os ganhos lícitos na criação da riqueza.
A
desordem social
A miséria, a
indisciplina, a fraqueza dos governos, os compadrios e as cumplicidades,
geraram a anarquia nas fábricas, nos serviços e na rua. Este regime de insegurança,
de revoltas, greves e atentados, contribuiu para a fraqueza dos governos que
lhes não permitiu garantir eficazmente o direito dos cidadãos, dominados pelo
terror de uma minoria audaciosa que se serviu impunemente para violar a justiça
e a Lei.
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