quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Por Figueira Castelo Rodrigo



JORGE LAGE

Passei uma vez de fugida por Figueira Castelo Rodrigo (FCR) já lá vão umas quatro décadas e ficaram-me imagens pouco difusas e confusas de algumas terras como Castelo Melhor, Almendra, Marialva, Almeida e Sabugal (Terras Cudanas). Depois de uma colaboração muito empenhada na grande Antologia de Autores Trasmontanos, Alto-durienses e da Beira Trasmontana, chegou o momento de ela se apresentar nos vários municípios, começando pelo de FCR. Como conheço muitas e variadas gentes pelo Reino Lusitano arriba lá descobri o generoso e atencioso investigador e antropólogo, António Vermelho do Corral (AVC). Manifestei-lhe o desejo de conhecer bem FCR e ficou aprazado para a apresentação da Antologia no Município, dia 6 de Julho, deste ano da graça, prolongando-a pelos dois dias seguintes. 
Correu com muita dignidade a apresentação da Antologia e a seguir subimos a Castelo Rodrigo com todas as tendas a postos e o reconhecimento do amuralhado pelo grupo animador medievo contratado. Depois de umas demonstrações na arte de pelejar à espadeirada, chegamo-nos para as ruínas do Palácio de Cristóvão de Moura com as mesas postas para uma cêa recuada nos séculos e animada pelo grupo profissional. Aqui, fui tratado como uma distinta visita, devido a ser convidado de AVC, sendo puxado para junto do «Alcaide-mór de FCR, Dom Paulo Langrouva e do Alcaide para a Cultura, Dom Henrique Silva». Não tive a sorte de receber as arremetidas das animadoras seiscentistas e de alguma me cair no colo. O repasto foi pela noite fora, animado, encenado, cavaqueado e alegrado. Alojado no Hotel Trasmontano (pois então) com tratamento familiar e comida à moda das nossas avós, com gente de Vimioso. No sábado fomos (eu e o ilustre amigo AVC) ao içar da bandeira, à sessão solene nos Paços do Concelho, onde houve a apresentação de um Projecto de Biodiversidade e, ainda, foi dado a conhecer o «Centro de Interpretação da Batalha da Salgadela», com edifício em recuperação para tal. De tarde, depois de visitar a bela e histórica aldeia de Mata de Lobos, com pedras carregadas e algumas gravadas pela diáspora judaica, ainda houve tempo para um emigrante em terras alsacianas me pôr em contacto com um nosso conterrâneo. Ao aproximar-nos do «Campo da Batalha da Salgadela» (de Mata de Lobos) o céu toldou o cenho e uma trovoada refrescou bem os ânimos dos actores. Venceram os portugueses como aconteceu a 7 de Julho de 1664, na que foi a última batalha pela independência do jugo castelhano. No regresso contemplamos o imponente Mosteiro (cisterciense) de Sta. M.ª de Aguiar. A visita ao pico e miradouro da Serra da Marofa foi outro momento que me encheu a alma e sempre com o AVC. No domingo desbravámos caminhos para observar a medieva Ponte do Escalhão (a caminho de Escalhão) sobre a ribeira de Aguiar, onde junto floresceu outrora um grande lagar de azeite e moinho de pão e por ali passava um ramo do «caminho de S. Tiago do interior». Em Escalhão a imponente e manuelina Igreja Matriz bem como o casco da histórica aldeia merece uma visita. Se for a FCR vai ver muito mais, até a promoção da cegonha-branca e será bem servido no restaurante Trasmontano (271149666). Eu vou voltar. Obrigado ilustre amigo AVC e Presidente do Município. 

(fotos: Um prato de promoção da batalha da Salgadela e mesa de honra da apresentação da Antologia, com Jorge Lage, Hirondino Isaías, Paulo Langrouva, Armando Palavras e Vermelho do Corral)

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