JORGE LAGE |
Passei uma vez de fugida por Figueira
Castelo Rodrigo (FCR) já lá vão umas quatro décadas e ficaram-me imagens pouco
difusas e confusas de algumas terras como Castelo Melhor, Almendra, Marialva,
Almeida e Sabugal (Terras Cudanas). Depois de uma colaboração muito empenhada
na grande Antologia de Autores Trasmontanos, Alto-durienses e da Beira
Trasmontana, chegou o momento de ela se apresentar nos vários municípios,
começando pelo de FCR. Como conheço muitas e variadas gentes pelo Reino Lusitano
arriba lá descobri o generoso e atencioso investigador e antropólogo, António
Vermelho do Corral (AVC). Manifestei-lhe o desejo de conhecer bem FCR e ficou
aprazado para a apresentação da Antologia no Município, dia 6 de Julho, deste
ano da graça, prolongando-a pelos dois dias seguintes.
Correu com muita
dignidade a apresentação da Antologia e a seguir subimos a Castelo Rodrigo com
todas as tendas a postos e o reconhecimento do amuralhado pelo grupo animador
medievo contratado. Depois de umas demonstrações na arte de pelejar à
espadeirada, chegamo-nos para as ruínas do Palácio de Cristóvão de Moura com as
mesas postas para uma cêa recuada nos séculos e animada pelo grupo
profissional. Aqui, fui tratado como uma distinta visita, devido a ser convidado
de AVC, sendo puxado para junto do «Alcaide-mór de FCR, Dom Paulo Langrouva e
do Alcaide para a Cultura, Dom Henrique Silva». Não tive a sorte de receber as
arremetidas das animadoras seiscentistas e de alguma me cair no colo. O repasto
foi pela noite fora, animado, encenado, cavaqueado e alegrado. Alojado no Hotel
Trasmontano (pois então) com tratamento familiar e comida à moda das nossas
avós, com gente de Vimioso. No sábado fomos (eu e o ilustre amigo AVC) ao içar
da bandeira, à sessão solene nos Paços do Concelho, onde houve a apresentação
de um Projecto de Biodiversidade e, ainda, foi dado a conhecer o «Centro de
Interpretação da Batalha da Salgadela», com edifício em recuperação para tal.
De tarde, depois de visitar a bela e histórica aldeia de Mata de Lobos, com
pedras carregadas e algumas gravadas pela diáspora judaica, ainda houve tempo
para um emigrante em terras alsacianas me pôr em contacto com um nosso
conterrâneo. Ao aproximar-nos do «Campo da Batalha da Salgadela» (de Mata de
Lobos) o céu toldou o cenho e uma trovoada refrescou bem os ânimos dos actores.
Venceram os portugueses como aconteceu a 7 de Julho de 1664, na que foi a
última batalha pela independência do jugo castelhano. No regresso contemplamos
o imponente Mosteiro (cisterciense) de Sta. M.ª de Aguiar. A visita ao pico e
miradouro da Serra da Marofa foi outro momento que me encheu a alma e sempre
com o AVC. No domingo desbravámos caminhos para observar a medieva Ponte do
Escalhão (a caminho de Escalhão) sobre a ribeira de Aguiar, onde junto
floresceu outrora um grande lagar de azeite e moinho de pão e por ali passava
um ramo do «caminho de S. Tiago do interior». Em Escalhão a imponente e
manuelina Igreja Matriz bem como o casco da histórica aldeia merece uma visita.
Se for a FCR vai ver muito mais, até a promoção da cegonha-branca e será bem
servido no restaurante Trasmontano (271149666). Eu vou voltar. Obrigado ilustre
amigo AVC e Presidente do Município.
(fotos: Um prato de promoção da batalha da
Salgadela e mesa de honra da apresentação da Antologia, com Jorge Lage,
Hirondino Isaías, Paulo Langrouva, Armando Palavras e Vermelho do Corral)
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