Por BARROSO da FONTE |
Quando António
Costa, interrompeu as férias, a meio dos sete dias de inferno, em Monchique,
para branquear mais uma trapalhada incendiária, ficcionando, como se estivesse
a treinar as desculpas que iria dar, preferiu e proferiu palavras tão feias,
tão descontextualizadas e tão levianas que se tivesse um rasgo de humildade,
mal tivesse ouvido o seu eco, viria –
ele próprio – pedir desculpa.
Foi preciso
explicar-se no conselho de ministros seguinte, sinal de que até os seus pares,
terão reagido à dureza do seu arrogante discurso que ofendeu os martirizados
bombeiros, a população lesada e até os portugueses em geral que ainda não esqueceram
as várias tragédias de 2017.
Para António
Costa, mesmo que tudo corra mal, só há uma palavra, mesmo que essa palavra seja
a exceção. Portugal e os Portugueses têm vindo a suportar explicações que, por
repetitivas, banais e a destempo, servem para anestesiar a opinião. E o país
anda à deriva, como os barcos que trazem refugiados e, ora se afundam, ora
partem a meio, ora ficam sem combustível. E os oceanos servem de cemitério e de
esconderijo, para gáudio dos sanguinários. Foi assim com os cento e tal mortos
dos incêndios do ano passado; foi assim com o assalto e roubo do material de
guerra, em Tancos; foi assim com as promessas incumpridas para com os
professores; tem vindo a ser, assim, com as explicações para o falhanço que
acaba de envolver os comboios Portugueses.
Acerca dos
comboios do século XX não resisto a dar a palavra ao jornalista Manuel
Carvalho, publicado no Publico de 7 do corrente. Não só subscrevo como
reconheço não ser capaz de tanto.
MANUEL CARVALHO |
« Dizer que o que se passa com a CP é culpa da meteorologia
é um insulto para os milhares de portugueses que sentem na pele o definhamento
da empresa.
O
secretário de Estado das Infira-estruturas, Guilherme W. d’Oliveira Martins,
decidiu invocar a sua altíssima sapiência e rebaixar para abaixo do zero a inteligência
dos portugueses para dizer que aquilo que aconteceu este fim de semana na CP
não foi «uma situação de colapso». Ai não? Uma empresa de transportes que
suspende vários comboios, que deixa de vender bilhetes, que acumula avarias,
atrasos ou transbordo em série, na qual muitos utentes pedem o reembolso do
valor dos bilhetes adquiridos e optam pelo autocarro, que força milhares de
pessoas a viajar em carruagens com temperaturas acima dos 30 graus, em que
situação está? A pior forma de encarar os problemas é negar a sua existência ou
desvalorizá-los como episódios do combate político. Guilherme W. d’Oliveira
Martins fez uma e outra coisa. O secretário de Estado deve acreditar que lhe
basta dizer que tudo se resume à tentativa do PSD e do CDS de criar “um caso
que não existe de todo” para que o conforto dos alfa se restabeleça ou que a CP
deixe de suprimir horários. Não basta. A CP é uma empresa demasiado importante
para se transformar numa partida de boxe entre o Governo e a oposição. Até
porque se esse combate existisse, as duas partes deveriam ser derrotadas por
KO. O PSD e o CDS, dos comboios que comprometeram a sua capacidade de manter a
frota operacional; o PS, porque entre os cheques que distribuiu nesse alegado
“virar de página” da austeridade foi incapaz de encontrar 330 milhões de euros
para que a CP se reequipasse, como reclamou com urgência a anterior
administração.
António Costa disse no início de Julho que ao investir 134
milhões nas obras do IP3 estava a “decidir não
fazer evoluções nas carreiras ou dos vencimentos” da função pública. Em
política, porém, as opções têm consequências. E ao optar por não comprar
material novo e ao proibir o recurso ao aluguer de material em Espanha, o
Governo levou a CP à situação de colapso. Dizer que não há colapso nenhum é
ineficaz. E insultuoso para os milhares de pessoas que este fim-de-semana se
cruzaram com a CP».
Parabéns Manuel
Carvalho!
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