sexta-feira, 24 de agosto de 2018

O complexo do preto burro!


Na passada Quarta-feira, João Lourenço, presidente da República de Angola, foi recebido com honras militares pela chanceler Angela Merkel, na Alemanha.
Qual o motivo dessa visita? Encontrar investidores alemães que apostem em Angola.
É óbvio que esta iniciativa do presidente angolano demonstra uma grande inteligência (embora tenha sido sujeita a criticas por parte de Isabel dos Santos – como é óbvio). A dívida que tem com a China é astronómica - em 2017, rondava os 21,5 mil milhões de dólares, segundo dados do Governo angolano. Por essa razão, Angola precisa de novos investimentos, e não estando ainda há um ano na presidência, João Lourenço já mostrou intenções de integrar a Organização Internacional da Francofonia e a Commonwealth. Lourenço seguirá para França e Bélgica e, finalmente, para Portugal.
E aqui é que está o busílis da questão. João Lourenço, procura investidores na Europa, fora da influência tradicional de Angola, os países comunistas. Por outro lado, inicia a visita por um dos países menos corruptos – a Alemanha. E deixa Portugal para último, porque no que toca a corrupção, em nada se diferencia de Angola.
Lourenço já deu provas de que sabe onde está o mal do país: Criou a nova Lei do Investimento Privado, que acabou, por exemplo, com a obrigatoriedade ridícula de ter um sócio angolano para abrir uma empresa em Angola. Em Julho, João Lourenço  foi ao Parlamento Europeu e anunciou que estava numa cruzada contra os crimes de "colarinho branco". Na semana passada, quatro ex-funcionários da Administração Geral Tributária foram condenados à prisão em Luanda por corrupção e branqueamento de capitais, entre outros crimes. Foram ainda abertas outras investigações, incluindo contra José Filomeno dos Santos, filho do ex-Presidente angolano, que chefiou o Fundo Soberano e é acusado de fraude e desvio de fundos. Entretanto, o Governo cancelou contratos com empresas ligadas à família de José Eduardo dos Santos. E deu novos sinais em relação à liberdade.
A senhora Merkel foi clara nesta visita, referindo-se à imprensa livre!
O presidente angolano tem, pois, tarefa árdua. Iniciou o combate à corrupção afastando a família dos Santos, mas a dificuldade vai ser acabar com os privilégios e as redes corruptas das altas patentes militares (ressalvem-se as excepções).
Pedir aos investidores europeus que invistam em Angola é uma prova de inteligência, a que se acrescenta seriedade e honestidade na forma como é feita.
Image result for mapa de angola com provinciasContudo, João Lourenço, depois desta batalha que irá ganhar, estamos certos, vai ter que pôr de lado, em definitivo, o “complexo do preto burro” (alimentado por brancos burros). Que foi o complexo que acabrunhou o seu país durante 43 anos! Complexo que o presidente angolano demonstra, com estas iniciativas, não ter. Bem pelo contrário. E qual é o complexo do preto burro? Aquele que levou o povo angolano à miséria, à custa do enriquecimento de certa ladroagem que hoje possui impérios para várias gerações! O complexo do colono.

Depois destas iniciativas, João Lourenço deve apostar em quatro áreas, globalmente, com interligações: a Agricultura, a Justiça, a Saúde e a Educação. Tudo o resto virá por acréscimo. E nestas quatro áreas só um país está à altura de o ajudar: Portugal (e João Lourenço sabe-o bem). Com equipas devidamente seleccionadas, com as pessoas certas (sem os corruptos do costume).
Angola é um país vasto (14 vezes maior que Portugal), e só olhado no todo pode, no espaço de duas décadas, constituir-se num país próspero, apostando nestas quatro áreas, com as equipas certas. Se João assim fizer, dentro de 20 anos terá um país irreconhecível.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Cravos e Ferraduras

  Lançamento de novo livro "Cravos e Ferraduras" a 9 de maio. J. Rentes de Carvalho escreve sobre os malandros da pátria. A um...