Na passada Quarta-feira, João Lourenço,
presidente da República de Angola, foi recebido com honras militares pela
chanceler Angela Merkel, na Alemanha.
Qual o motivo dessa visita? Encontrar
investidores alemães que apostem em Angola.
É óbvio que esta iniciativa do
presidente angolano demonstra uma grande inteligência (embora tenha sido
sujeita a criticas por parte de Isabel dos Santos – como é óbvio). A dívida que
tem com a China é astronómica - em 2017, rondava os 21,5 mil milhões de
dólares, segundo dados do Governo angolano. Por essa razão, Angola precisa de
novos investimentos, e não estando ainda há um ano na presidência, João
Lourenço já mostrou intenções de integrar a Organização Internacional da
Francofonia e a Commonwealth. Lourenço seguirá para França e Bélgica
e, finalmente, para Portugal.
E aqui é que está o busílis da questão.
João Lourenço, procura investidores na Europa, fora da influência tradicional
de Angola, os países comunistas. Por outro lado, inicia a visita por um dos
países menos corruptos – a Alemanha. E deixa Portugal para último, porque no
que toca a corrupção, em nada se diferencia de Angola.
Lourenço já deu provas de que sabe onde
está o mal do país: Criou a nova Lei do Investimento Privado, que acabou, por exemplo, com a obrigatoriedade ridícula de ter um sócio
angolano para abrir uma empresa em Angola. Em Julho, João Lourenço foi ao Parlamento Europeu e anunciou que estava
numa cruzada contra os crimes de "colarinho branco". Na semana
passada, quatro ex-funcionários da Administração Geral Tributária foram condenados à prisão em Luanda por
corrupção e branqueamento de capitais, entre outros crimes. Foram ainda abertas
outras investigações, incluindo contra José Filomeno dos Santos, filho do
ex-Presidente angolano, que chefiou o Fundo Soberano e é acusado de fraude e
desvio de fundos. Entretanto, o Governo cancelou contratos com empresas ligadas
à família de José Eduardo dos Santos. E deu novos sinais em relação à liberdade.
A senhora Merkel foi clara nesta visita,
referindo-se à imprensa livre!
O presidente angolano tem, pois, tarefa
árdua. Iniciou o combate à corrupção afastando a família dos Santos, mas a
dificuldade vai ser acabar com os privilégios e as redes corruptas das altas
patentes militares (ressalvem-se as excepções).
Pedir aos investidores europeus que
invistam em Angola é uma prova de inteligência, a que se acrescenta seriedade e
honestidade na forma como é feita.
Contudo, João Lourenço, depois desta
batalha que irá ganhar, estamos certos, vai ter que pôr de lado, em definitivo,
o “complexo do preto burro” (alimentado por brancos burros). Que foi
o complexo que acabrunhou
o seu país durante 43 anos! Complexo que o presidente angolano
demonstra, com estas iniciativas, não ter. Bem pelo contrário. E qual é o
complexo do preto burro? Aquele que levou o povo
angolano à miséria, à custa do enriquecimento de certa
ladroagem que hoje possui impérios para várias gerações! O complexo do colono.
Depois destas iniciativas, João Lourenço deve apostar em quatro áreas, globalmente, com interligações: a Agricultura, a Justiça, a Saúde e a Educação. Tudo o resto virá por acréscimo. E nestas quatro áreas só um país está à altura de o ajudar: Portugal (e João Lourenço sabe-o bem). Com equipas devidamente seleccionadas, com as pessoas certas (sem os corruptos do costume).
Angola é um país vasto (14 vezes maior que Portugal), e só olhado no
todo pode, no espaço de duas décadas, constituir-se num país próspero,
apostando nestas quatro áreas, com as equipas certas. Se João assim fizer, dentro
de 20 anos terá um país irreconhecível.
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