BARROSO da FONTE - Noticias de Barroso
O referente a Alfredo Pimenta consiste no
custo da publicação da obra distinguida pelo Júri nacional. O 1º ano coube esse
prémio ao decano da História de Portugal, José Mattoso. Se o leitor se der ao
cuidado de comparar montantes, em prémios literários, em municípios, em
instituições culturais, em tertúlias artísticas e com fins laudatórios, pelo
esforço conjugado de cidadãos credores de apreciação pública, depois de mortos,
conclui-se que não se atribuem prémios incomportáveis, mas sim símbolos,
lápides, confraternizações culturais, desportivas ou recreativas em que se
relembrem esses cidadãos, que passaram pela vida a inovar, a bem-fazer, a gerar
progresso e bom ambiente social.
Importará mais valorizar o exemplo, através de
citações que não custam dinheiro, do que gastar aquilo que não se tem, ou que
faz mais falta para matar a fome a quem nada recebe.
António Macedo, (1931-2017) foi um
exemplo de cidadão do mundo que deixou rastos de bondade. Também as autarquias
a que esteve ligado criaram um prémio para o recordar, em 24 de Outubro
próximo. Mas fazem-no, colocando as Escolas do seu meio, a falar dele, do que
fez de bem. E os três prémios pecuniários serão simbólicos: de 750, 500 e 250
euros, respetivamente. Os mortos não se honram com dinheiro que faz muita falta
aos vivos que não o têm pela injustiça social.
O mesmo fez Portimão, em homenagem ao
humanista e pedagogo Manuel Teixeira Gomes, que apostou na juventude estudantil
que pode concorrer, anualmente, com um livro. A Câmara paga a edição desse
livro que distribui pelas escolas e adiciona 500 euros para compensar o esforço
do autor.
Na referida crónica falei de um prémio
atribuído, em 1995, ao celebrado autor do livro «Vítor Branco Escritor Barrosão
– vida e obra». As circunstâncias que rodearam essa atribuição, geraram um
ambiente que até hoje ficou irrespirável, tanto mais que foi repercutido no
Correio do Planalto. Ao longo de seis páginas, esperei ver clarificado, nos
trabalhos concorrentes, o gordo prémio anual de 10 mil euros – felizmente
distribuídos por dois concorrentes, um dos quais, natural de Montalegre – mas
ficou tudo na mesma.
Num concelho em que há gente esfomeada, no
desemprego, sem assistência médica e sem qualquer apoio social, atribuir todos
os anos, dez mil euros a um vulgar cidadão que já partiu e que criou tantos
amigos, como inimigos, é uma afronta aos enjeitados da sociedade que não têm
dinheiro para uma prótese dentária, nem para cortar a barba e o cabelo. A uns
oferecem-se casas de raiz, a custar cem mil euros, inauguradas com pompa e
circunstância, com mediatismo ilustrado e com auto-elogios oficiosos
costumeiros. Não seria preferível gastar esses dez mil euros com cidadãos
rejeitados pelo destino, pela sociedade e pela pouca sorte que - infelizmente –
vegetam um pouco por todo o concelho?
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