Com
a única intenção de promover os autores da geografia que lhe pertence desde a
sua fundação (1905), a Casa regional de Trás-os-Montes e Alto Douro, sediada em
Lisboa, lançou a 25 de Maio passado, uma Antologia de Autores transmontanos,
Durienses e da Beira transmontana, por altura do IV Congresso de Trás-os-Montes
e Alto Douro, realizado no Pavilhão da Ciência Viva, no Parque das Nações, em
Lisboa.
E
nesse sentido contactou os 36 municípios dessa imensa região para
apresentar o volume à população. Já responderam positivamente nove:
Figueira de Castelo Rodrigo, Armamar, Freixo de Espada à Cinta, Torre de
Moncorvo, Alfândega da Fé, Mogadouro, Macedo de Cavaleiros, Miranda do Douro e
Bragança. Dois da margem sul do Douro e sete da margem Norte.
Dia
seis de Julho será o volume apresentado em Figueira de Castelo Rodrigo (o
primeiro município a responder ao repto da CTMAD), na Casa da Cultura, pelas
15H, pelo Antropólogo e docente universitário António Vermelho do Corral, de cujo texto antológico respigamos:
“Neste
contexto pretendemos trazer à colação, alguns aspectos de natureza etnográfica
que de uma maneira geral enformam o território em apreço e marcaram de uma
maneira indelével, o processo formativo da minha personalidade de base,
porquanto, preencheram a minha infância até à idade adulta, fazendo um longo
percurso de fronteira, com residências fixas temporárias. Portanto, vivências e
aprendizagem cultural em zonas ribeirinha, transmontana, alto duriense e beirã
transmontano-ribacudana. O povoamento na região é do tipo aglomerado.
Duas
famílias raianas de Riba Côa tradicionalmente mantiveram linhas diferentes sob
o ponto de vista profissional: pelo lado materno, uma classe de almocreves de
longo curso. Ambas, porém, tendo um ponto comum, a cidade do Porto. De um
extremo ao outro do país. A linha de almocreves detinha um «comboio» de mulas
que, ligando a rédea de uma à cauda da outra, percorria caminhos difíceis,
pedregosos, de poeira e lama, através de montes e vales, que, partindo de
Escalhão, passava por São João da Pesqueira, Peso da Régua, Marco de Canaveses,
finalizando no Porto. Levavam os produtos locais: azeite, azeitonas, amêndoa,
frutos secos, feijão, grão-de-bico, presuntos, fumeiro, queijo, e outros
produtos. Traziam mercearias (açúcar, arroz, massas), bacalhau, sabão, tecidos
para homem e mulher, além de bugigangas e artigos vários. Não raro apareciam
salteadores com os quais convinha negociar”.
In:
Antologia de Autores Transmontanos, Durienses e da Beira Transmontana, ed. Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro de Lisboa, Maio de 2018, p. 171.
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