Por BARROSO da FONTE
Ao longo dos anos realizam-se muitos congressos, em Portugal como no estrangeiro. São acontecimentos raros porque dão muito trabalho, implicam muitos meios materiais e humanos. E, ao contrário daquilo que com eles se pretende, algumas vezes, resultam em águas de bacalhau, quando não geraram falências, mal-entendidos e até amuos, entre pares.
Magnifico Reitor da UTAD |
Ao longo dos anos realizam-se muitos congressos, em Portugal como no estrangeiro. São acontecimentos raros porque dão muito trabalho, implicam muitos meios materiais e humanos. E, ao contrário daquilo que com eles se pretende, algumas vezes, resultam em águas de bacalhau, quando não geraram falências, mal-entendidos e até amuos, entre pares.
Dos três que se
realizaram, em nome da Terra e das Gentes de Trás-os-Montes e Alto Douro, em
1920, 1941 e 2002, ficaram as atas e os chavões que algumas personalidades mais
mediáticas proferiram e ficaram na história. Assim acontecerá com a 4ª edição
que decorreu em Lisboa, entre 25 e 27 de Maio último.
Professor Adriano Moreira, Drª Edite Estrela, Dr. Hirondino Isaías |
Mas a
Antologia de Autores sobressairá
E, não sendo a
obra integral, total ou definitiva, dará para ajuizar da quantidade e qualidade
dos Autores que nesta primeira abordagem foi possível inventariar na área
geográfica a que corresponde a Província de Trás-os-Montes e Alto Douro. Foi
assim que nasceu, aquando do Condado Portucalense, em 868, ainda integrado no
antigo Reino da Galiza, sob as ordens de Vímara Peres. E assim continuou, após
a Batalha do Pedroso, em 1071, quando o Rei Garcia, respondeu ao assalto de
Nuno Mendes, nono e último titular daquele 1º Condado. Em 1096, foi esse mesmo território,
com limites mais definidos pelos Rios Douro e Minho, doado ao Conde D.
Henriques, como prenda de casamento, com D. Teresa, filha de Afonso VI do Reino
de Leão e de Castela. Foi daí que nasceu o Portus + cale que na Batalha
de S. Mamede, em 24 de Junho de 1128, aconteceu «a primeira tarde Portuguesa».
O território situado entre os Rios Douro e Minho, serviu de alicerce ao império
que Portugal foi, do Oriente ao Ocidente. Por isso Portugal começou em
Trás-os-Montes e alargou-se ao espaço que hoje melhor se conhece e reconhece
pela Lusofonia.
Por cada
manifestação que desde aí ocorra, em território nacional, a Província de
Trás-os-Montes está sempre implícita, com tudo e com todos aqueles que nesses
atos se envolvam. Daí que os congressos Transmontanos, independentemente do
chão em que aconteçam, sempre pressupõem a Província mais antiga do solo
nacional. Portugal nasceu e cresceu, sempre, a partir das Terras de Entre-Douro
e Minho. Portanto a Portugalidade não acaba na fronteira Norte, com o sul da Galiza,
mas na fronteira sul, com o Mediterrâneo.
A Antologia que acaba de chegar ao grande
público constitui, uma espécie de cartilha da lusofonia, que visa irmanar a
cultura, a cidadania e a ética democrática, que corresponde hoje, ao império
que foi na época dos descobrimentos.
Hirondino Isaías,
Presidente da Casa de Trás-os-Montes de Lisboa, afirma isso na mensagem que
assina nas pp 12/13: «esta Antologia é uma dedicatória a todos os sócios,
familiares e Amigos da Casa Regional que foi fundada por Alvará Régia de 1905».
Na mensagem escrita que o PR, Marcelo Rebelo de Sousa enviou à Organização, escreveu: «Esta Casa Regional, não tem vivido à sombra dos seus pergaminhos de outrora ou de glórias perpétuas. Adaptou-se aos ritmos dos novos tempos, com renovado dinamismo e redobrado entusiasmo no cumprimento da sua missão estatutária: promover o seu património natural, histórico e cultural; reforçar os laços entre a comunidade transmontano-duriense residente em Lisboa».
Na mensagem escrita que o PR, Marcelo Rebelo de Sousa enviou à Organização, escreveu: «Esta Casa Regional, não tem vivido à sombra dos seus pergaminhos de outrora ou de glórias perpétuas. Adaptou-se aos ritmos dos novos tempos, com renovado dinamismo e redobrado entusiasmo no cumprimento da sua missão estatutária: promover o seu património natural, histórico e cultural; reforçar os laços entre a comunidade transmontano-duriense residente em Lisboa».
Por sua vez
Armando Palavras, autor do Prefácio e principal responsável, em tempo recorde,
por este canhenho de 928 páginas, escreve que «não se trata de uma Antologia
tradicional, onde apenas cabe a Literatura. Os princípios orientadores da mesma
são conhecidos de todos, desde o início, com a maior transparência».
Dentro destes
condicionalismos, Armando Palavras menciona alguns contributos mais destacados,
nomeadamente de: A. M. Pires Cabral, Isabel Viçoso Jorge Golias e, o
incomensurável, de Jorge Lage.
A metodologia dos
145 autores de 35 concelhos da área geográfica que o Rio Douro irmana, onde as
confrontações naturais não condizem com as normas administrativas, pode não
agradar a todos aqueles que já leram ou vão adquirir e ler este grosso de
volume da Antologia. Armando Palavras não se confinou aos 26 concelhos dos dois
distritos de Bragança (12) e Vila Real (14). Armamar, Figueira de Castelo
Rodrigo, Lamego, Meda, Resende, S. João da Pesqueira, Tabuaço, Tarouca, Vila
Nova de Foz Côa e Sernancelhe são dez concelhos que pertencem à Beira Alta. Mas
situam-se na margem esquerda do Douro. E as características do solo e do
subsolo identificam-se mais com Trás-os-Montes (Terra Fria e Terra Quente) do
que com a Beira Alta. A revisão administrativa de Relvas, em vez de reconciliar
a história, respeitando-a e promovendo-a, destruiu a ancestralidade orográfica,
histórica e moral das freguesias Portuguesas.
A edição dos mil
exemplares da Antologia de Autores foi um ato de coragem, de firmeza e de
oportunidade. Desde 2002 esperava-se que se cumprisse a deliberação quinquenal
do IV Congresso. Como não se realizou até 2007, a Casa De Trás -os- Montes de
Lisboa, tomou a decisão de cumprir essa recomendação ao fim de 16 anos.
Assumindo tão árdua tarefa não pôde a Casa Mãe dos Transmontanos levar a efeito
essa causa em Trás-os-Montes. Diz o povo que quando não se pode caçar com um
furão se caça com um gato. Não exercendo cargos remunerados os diretores dessa
Casa Regional, ter-se-ão cotizado para cumprir esse compromisso, perto de casa
e com meios modestos. Foram firmes, correndo riscos. Esses riscos justificariam
que não se realizasse o IV Congresso em 2018. Mas as direções têm mandatos
curtos. E por isso se louva a oportunidade de, correndo riscos, esse imperativo
se cumprisse.
O signatário fala
por experiência própria pela sua persistência, entre 1984 e 2002, para que o
III congresso se realizasse. Essa persistência está publicada em quase toda a
imprensa regional da época.
Pessoalmente – e
em nome das Casas do Porto e de Guimarães – penso que a homóloga de Lisboa
tinha o dever moral de levar a efeito a quarta edição. Fê-lo a atual direção. E
os méritos sobram, em relação aos deméritos.
Hirondino Isaías Presidente da Direcção da casa de Trás-os-Montes e Alto Douro de Lisboa |
É por isso que
apoiei, incondicionalmente, a ousada preocupação de avançar, correndo riscos.
Alguns são visíveis. A própria Antologia que tenho vindo a elogiar, reflete a
pressa com que o seu pioneiro e artífice elaborou, nos seus pouquíssimos tempos
livres, astúcia, saber e jeito para reunir, em 928 páginas, em textos
coerentes, bem trabalhados e sequenciados, a panóplia de literatura, ora
prosaica, ora poética, ora pictórica, ora musical.
O bombeiro
voluntário desta empreitada foi Armando Palavras. Tendo nascido em Angola,
embora descendente de Transmontanos de fibra, foi o braço direito do Presidente
da Direção da Casa de Lisboa que, pessoalmente não conheço, mas que passei a
admirar pela sua genica.
Soube rodear-se de
colaboradores da Direção e de outros que não estando ligados à Casa, comungam
deste tipo de causas, por respeito aos nossos ancestrais.
Que este espírito
de altruísmo e de solidariedade se propague. Lendo a Antologia de Autores,
o mais recente portefólio dos Criativos Transmontanos, num só volume, fica-se
com a certeza de que somos oriundos de uma Província quase deserta, pelo
sistemático desprezo dos sucessivos governantes. Mas não trocamos o chão que
nos acolheu, pela sumptuosidade das urbes bafientas.
Barroso da Fonte
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