segunda-feira, 18 de junho de 2018

Arqueologia do Município de Mirandela


Por Jorge Lage

Aquando de um percurso pedestre, no termo de Valtelhas, o Município de Mirandela disse que era preciso contratar os serviços de uma universidade. Ora bem, tendo nos seus quadros técnicos um arqueólogo poderá o seu trabalho ser mais rentabilizado, afectando-lhe mais meios? Penso que o resultado do seu trabalho deveria ir sendo noticiado para os munícipes. Por um lado, quando se publicita muito um achado arqueológico os «abutres» aparecem e delapidam e estragam um património que é de todos. Embora seja crime, os criminosos gostam do interdito e da complacência da justiça. Mas, há património arqueológico concelhio que necessita de ser divulgado. Só se conserva o que achamos que tem valor. Outro assunto cultural, há algum tempo que tenho vindo a sugerir que se crie o «Museu da fotografia e da Imagem» e um «Parque Biológico da Terra Quente» que preserve a nossa imensa biodiversidade ameaçada. Neste momento atrevo-me, ainda, a sugerir que se crie o «Museu Arqueológico das Terras de Ledra». Há medidas populistas que são um engodo para o desenvolvimento cultural e turístico dos concelhos em geral. Parecem boas, mas pouco ou nada acrescento de sólido e que alavanquem desenvolvimento. «À frente que atrás bem gente». Por exemplo, a «Pala» da Serra de Santa Comba demorou tanto a ser estudada e outros sítios viverão, muitas vezes, do interesse que este ou aquele Professor universitário tem em fazer o seu estudo completo. Aliás, a seguir ao 25 de Abril, viveu-se um período em que os responsáveis olhavam mais para a cultura da batata e dos tractores, não se dando tanta atenção ao património arqueológico, ao património edificado e ao património arbóreo. Esta visão autárquica foi devastadora para que preciosidades fossem delapidadas, como aconteceu com o «Mercado de Chaves» de valor incalculável e hoje seria um factor de desenvolvimento e atracção turística. O betão e a traça de gosto duvidoso a agredir o casco velho da cidade. Voltando à Arqueologia, o município, antes de contratar os serviços duma universidade, deverá, a meu ver, traçar um plano de recuperação ou preservação dos sítios arqueológicos, escudando-se no arqueólogo municipal. Tal trabalho poderia ter uma maior base cultural se o Município tivesse um «Conselho Consultivo Cultural». Porém, a um técnico de arqueologia pode-se exigir trabalho, planeamento e levantamento do património a preservar para valorizar o território municipal. As universidades estudam mais os locais que lhe interessam ou de interesse para este ou aquele professor. O complexo de inferioridade, perante o chapéu da universidade aponta nessa direcção. Se Mértola não tivesse um óptimo arqueólogo o concelho estaria tão valorizado? Se Marvão não tivesse a Fundação da Ammaia, com mais que um arqueólogo, este território não estaria tão valorizado. Valorizado, pelo menos, para o turismo cultural. Isto não invalida que os municípios ofereçam campos de trabalho e de estágio ao meio universitário, bem como solicitarem apoio, quando necessário.

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