Por BARROSO da FONTE
Jorge Golias nasceu em Mirandela, em 1941.
Fez o antigo 7º ano de liceu, em Vila Real. Entre 1972 e 1974, prestou serviço
na Guiné. Fez parte do MFA e, talvez porque não quis protagonismo, ao contrário
de outros seus pares, fez formação na
Arma de Transmissões, licenciando-se em Engª Eletrotécnica. Nunca reivindicou
promoções e, talvez por isso, o poder militar quase se esqueceu dele. Não
obstante estar sempre do lado daqueles que pretendiam uma revolução sem sangue
e reconciliadora. Só recentemente foi promovido a Coronel, por pressão de um movimento de camaradas que
não concordavam que um daqueles que mais certo estava e nada pretendia em
troca, era o único que continuava como Tenente -Coronel.
A revista da A. 25 de Abril, «O referencial» ed. 128,
referente a Jan/Março na rubrica «Almoços com História» deu voz a dois coronéis pacifistas: Jorge Golias e
Rosado da Luz.
António Chaves fez-me chegar online esta
edição. Ambos, mais velhos, estávamos do
outro lado da barricada, como milicianos. Entretanto conhecemos o investigador
Jorge Golias que com o seu notável livro: a Descolonização da Guiné-Bissau e
o Movimento dos Capitães, nos convenceu. O Transmontanismo gerou três
amigos. E a Academia de Letras de Trás-os-Montes, confirmou essa
solidariedade cívica, cultural e telúrica. Mal eu sabia que o também amigo
comum, José Manuel Barroso, que conheci nas lides jornalísticas e que ainda
recordo com sincera admiração, tinha sido o autor do epíteto que me encheu de
júbilo, referindo-se a Jorge Golias: «foi um autêntico trator de muitas
movimentações na Guiné (…) o pivô essencial da movimentação política quer
antes, quer depois do Movimento dos Capitães», ponto de vista logo corroborado
pelo cor. Faria Correia: «considero que
o Golias foi o Pai da Revolução».Eis a chave que busco, desde 1974: além
de Jaime Neves, também Jorge Golias,
zelava pelos valores da Lusa-Gente.
O amigo comum Jorge Lage, já me tinha confirmado, de viva voz e na sua prosa jornalística, que este seu conterrâneo e valoroso militar, era um HOMEM de antes quebrar que torcer. Que foi o Pai da Revolução eu não sabia. Mas essa certeza aproxima a Associação Nacional dos Combatentes do Ultramar, com a Associação 25 de Abril. Aquela nascera por causa desta. E ambas estão vivas, não obstante o abismo material que as separa, Para cimentar esta clareza ideológica em relação ao golpe militar do 25 de Abril de 1974, tomo a liberdade, de reproduzir aqui, mais algumas ideias e reflexões deste discreto mas influente militar que se chama Jorge Golias, Mirandelense de corpo e alma, de quem o Coronel Faria Correia, disse, para valer, como testemunho vivo e nunca desmentido:
O amigo comum Jorge Lage, já me tinha confirmado, de viva voz e na sua prosa jornalística, que este seu conterrâneo e valoroso militar, era um HOMEM de antes quebrar que torcer. Que foi o Pai da Revolução eu não sabia. Mas essa certeza aproxima a Associação Nacional dos Combatentes do Ultramar, com a Associação 25 de Abril. Aquela nascera por causa desta. E ambas estão vivas, não obstante o abismo material que as separa, Para cimentar esta clareza ideológica em relação ao golpe militar do 25 de Abril de 1974, tomo a liberdade, de reproduzir aqui, mais algumas ideias e reflexões deste discreto mas influente militar que se chama Jorge Golias, Mirandelense de corpo e alma, de quem o Coronel Faria Correia, disse, para valer, como testemunho vivo e nunca desmentido:
“considero que
o Golias foi o pai da revolução”. Na qualidade de capitão de Abril, Jorge
Golias apresentou uma comunicação estruturada em três elementos: i) Formação na
Academia Militar e no Instituto Superior Técnico; ii) descolonização na
Guiné-Bissau; iii) o Movimento dos Capitães e episódios do PREC. Daí, haveria
de salientar: “Uma revolução tem isso tudo que sabemos hoje, asneiras,
traições, saneamentos injustos, etc., que não nos deve envergonhar, antes pelo
contrário, porque isso é mesmo assim e foi a dinâmica que se gerou que produziu
um extraordinário saldo positivo de conquistas, aprendizagens democráticas,
dessacralização do poder, sabença na reivindicação de direitos, soma positiva
que ainda hoje é património do 25 de Abril. E é neste caminho da compreensão
dos momentos mais dramáticos da revolução, que hoje percebemos melhor, que
vamos fazendo a sua catarse e nos vamos pacificando”. E, a concluir, diria:
“chegado o momento da verdade, em que o País se podia estar a encaminhar para
uma guerra civil, a solução saída do 25 de Novembro, em que os camaradas mais
sensatos evitaram maiores retaliações, hoje vejo este episódio histórico como
um golpe contrarrevolucionário que teve o alto mérito de evitar uma guerra
civil”.
Não conhecia eu a revista da Associação 25 de Abril.
Vou arquivar esta edição que me trouxe nuances, bebidas noutros protagonistas,
que se adiantaram ao tempo que deve tolerar-se até pousar a poeira da confusão.
Cedo começaram os auto-elogios dos mirones que temiam ficar fora da História.
Essas edições sobrepuseram-se à literatura séria que os livreiros foram arrumando com medo de chegar uma emboscada
que trocasse a verdade pela mentira, o luar pelo sol, o discreto pelo bizarro.
Essa maluqueira foi esboçada nalgumas escolas, em bibliotecas públicas e só o
bom senso prevaleceu. Mas casos houve em que as doutrinas marxistas povoaram as
estantes da Cartilha Maternal, dos Lusíadas e da Bíblia.
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