Por Aureliano Barata
Já estamos em Maio e o tempo continua muito pouco
primaveril. As temperaturas têm estado abaixo do que é suposto e para o meu
gosto. Chuva não significa Inverno, mas depois de uma pausa ela veio repor no
solo o preciso líquido que tanta falta fazia. Faz pouco tempo que os Bombeiros
Voluntários de Fafe decidiram entregar o crachá de ouro da Liga dos Bombeiros
Portugueses ao Dr. Artur Coimbra, vice-presidente daquela instituição, no
âmbito das comemorações dos 128 anos de existência (fundado em 1890). Aqui o
felicitamos pela distinção. O 1.º de Maio é o Dia do Trabalhador. Há 44 anos
que se comemora este Dia, após o restabelecimento da Democracia. A propósito,
sabem quando foi a primeira vez que se comemorou o Primeiro de Maio em Fafe? Segundo o Povo de Fafe, de 3 de Maio de 1916,[1] foi a primeira vez que o
operariado local, por intermédio da Associação
de Classes Artísticas Fafense, que tinha sede na Rua Teófilo de Braga
(actual Serpa Pinto), comemorou o 1.º de Maio. A chuva prejudicou a festa, fazendo
com que as manifestações de rua não tivessem a imponência desejada, mas a
conferência e o espetáculo constituíram dois bons números. Por sua vez, O Desforço, de 4 de Maio de 1916,
referindo-se à festa do 1.º de Maio, em Fafe, escreveu que ela se iniciou com
uma alvorada, com os foguetes a anunciarem o dia festivo. Junto à sede da
instituição, a Banda de Revelhe tocou o hino
do trabalho ou 1.º de Maio, para depois encabeçar o cortejo que esta associação de trabalhadores levou a cabo da
parte da tarde. A primeira paragem foi junto à fábrica do Ferro, onde discursou
Francisco Pinto Cerqueira, empregado tipógrafo do Porto. Falou sobre o
significado do 1.º de Maio e do facto dos operários da fábrica estarem a
trabalhar no seu dia, no que foi muito aplaudido. Depois de percorrer as várias
artérias da vila iniciou-se a sessão solene, na sua sede, sob a presidência do
presidente da Câmara, Dr. Artur Vieira de Castro, secretariado pelo
Administrador do concelho. Francisco Cerqueira voltou a usar da palavra fazendo,
segundo Pinto Bastos, um discurso
frenético e realçando a essência do
dia e da festa no contributo para o progresso
do Socialismo. Seguiu-se a votação de uma moção para o cumprimento da lei
das 8 horas de trabalho.[2] Durante a tarde tocou no
largo da vila uma banda de música queimando-se bastante fogo. O dia terminou
com um espetáculo com fitas cinematográficas, monólogos e a comédia “Os dois
caturras”, achando-se a casa literalmente
cheia. [3]
A sede da associação iluminou-se nessa noite.[4]
Artur Coimbra nasceu nas Minas da Borralha, Montalegre, em 1956. Cedo a
família se transferiu para o concelho de Fafe, onde foi vereador da Cultura.
Licenciou-se em História e fez o Mestrado na UM em Cultura Moderna e
Contemporânea. Brilhou no Dirigismo, no associativo, no jornalismo e em todo o
tipo de modalidades literárias, em prosa e verso. O Crachá de Ouro dos
Bombeiros Voluntários, simboliza uma vida cheia de serviço comunitário, que já
lhe granjeou muitos outros prémios nas artes, nas letras, no jornalismo e na
saga dos caminhos que a sociedade democrática reclama para o líder incontestado
do concelho.
[1].Cf.
Povo de Fafe n.º 513, 1.ª série, de 3
de maio de 1916, “1.º de Maio”.
[2].ESTEVÃO, João Antunes, O Milho na crise das subsistências,
1916-1920. Dos motins da fome à ação do Celeiro Municipal de Fafe. in Actas
das 3.ªas Jornadas de História Local, pp.204-205. Edição da Câmara Municipal de
Fafe, 2002.
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