sábado, 5 de maio de 2018

Crachá de ouro para Escritor Transmontano


Por  Aureliano Barata

Já estamos em Maio e o tempo continua muito pouco primaveril. As temperaturas têm estado abaixo do que é suposto e para o meu gosto. Chuva não significa Inverno, mas depois de uma pausa ela veio repor no solo o preciso líquido que tanta falta fazia. Faz pouco tempo que os Bombeiros Voluntários de Fafe decidiram entregar o crachá de ouro da Liga dos Bombeiros Portugueses ao Dr. Artur Coimbra, vice-presidente daquela instituição, no âmbito das comemorações dos 128 anos de existência (fundado em 1890). Aqui o felicitamos pela distinção. O 1.º de Maio é o Dia do Trabalhador. Há 44 anos que se comemora este Dia, após o restabelecimento da Democracia. A propósito, sabem quando foi a primeira vez que se comemorou o Primeiro de Maio em Fafe? Segundo o Povo de Fafe, de 3 de Maio de 1916,[1] foi a primeira vez que o operariado local, por intermédio da Associação de Classes Artísticas Fafense, que tinha sede na Rua Teófilo de Braga (actual Serpa Pinto), comemorou o 1.º de Maio. A chuva prejudicou a festa, fazendo com que as manifestações de rua não tivessem a imponência desejada, mas a conferência e o espetáculo constituíram dois bons números. Por sua vez, O Desforço, de 4 de Maio de 1916, referindo-se à festa do 1.º de Maio, em Fafe, escreveu que ela se iniciou com uma alvorada, com os foguetes a anunciarem o dia festivo. Junto à sede da instituição, a Banda de Revelhe tocou o hino do trabalho ou 1.º de Maio, para depois encabeçar o cortejo que esta associação de trabalhadores levou a cabo da parte da tarde. A primeira paragem foi junto à fábrica do Ferro, onde discursou Francisco Pinto Cerqueira, empregado tipógrafo do Porto. Falou sobre o significado do 1.º de Maio e do facto dos operários da fábrica estarem a trabalhar no seu dia, no que foi muito aplaudido. Depois de percorrer as várias artérias da vila iniciou-se a sessão solene, na sua sede, sob a presidência do presidente da Câmara, Dr. Artur Vieira de Castro, secretariado pelo Administrador do concelho. Francisco Cerqueira voltou a usar da palavra fazendo, segundo Pinto Bastos, um discurso frenético e realçando a essência do dia e da festa no contributo para o progresso do Socialismo. Seguiu-se a votação de uma moção para o cumprimento da lei das 8 horas de trabalho.[2] Durante a tarde tocou no largo da vila uma banda de música queimando-se bastante fogo. O dia terminou com um espetáculo com fitas cinematográficas, monólogos e a comédia “Os dois caturras”, achando-se a casa literalmente cheia. [3] A sede da associação iluminou-se nessa noite.[4]                                                                                                                                Artur Coimbra nasceu nas Minas da Borralha, Montalegre, em 1956. Cedo a família se transferiu para o concelho de Fafe, onde foi vereador da Cultura. Licenciou-se em História e fez o Mestrado na UM em Cultura Moderna e Contemporânea. Brilhou no Dirigismo, no associativo, no jornalismo e em todo o tipo de modalidades literárias, em prosa e verso. O Crachá de Ouro dos Bombeiros Voluntários, simboliza uma vida cheia de serviço comunitário, que já lhe granjeou muitos outros prémios nas artes, nas letras, no jornalismo e na saga dos caminhos que a sociedade democrática reclama para o líder incontestado do concelho. 



[1].Cf. Povo de Fafe n.º 513, 1.ª série, de 3 de maio de 1916, “1.º de Maio”.
[2].ESTEVÃO, João Antunes, O Milho na crise das subsistências, 1916-1920. Dos motins da fome à ação do Celeiro Municipal de Fafe. in Actas das 3.ªas Jornadas de História Local, pp.204-205. Edição da Câmara Municipal de Fafe, 2002.
[3].Cf. Povo de Fafe n.º 513, 1.ª série, de 3 de maio de 1916, “1.º de Maio”.
[4].Cf. O Desforço de 4 de maio de 1916.

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