Por
J. BARREIROS MARTINS - DIÁRIO DO
MINHO
(Prof. Cat. Emérito Jubilado da
Universidade do Minho)


Agora os professores são obrigados a deixar
passar de ano todos alunos, mesmo os que nada sabem das matérias dadas. Já citámos
aqui situações anedóticas a que, por isso, se chega dentro da sala de aula. A
inversão de valores acima referida leva a faltas de respeito para com o docente
dentro e fora da aula. Naturalmente que os alunos repetentes, que não podem
acompanhar o que a professora diz, têm de passar o tempo ou atirando papelinhos
aos colegas ou usando os seus telemóveis. Tal situação leva ao “abandono
escolar” não só de alunos como de docentes. Foram abolidos os exames. Só se
fazem “provas de avaliação”, não para avaliar os conhecimentos dos alunos, mas
para avaliar a “eficiência” de cada professor no ensino da sua disciplina. Entende-se
que cabe ao docente “meter na cabeça” de cada aluno as matérias da disciplina.
Não cabe ao “aprendiz” esforçar-se por “assimilar” essas matérias, estudando
exemplos e fazendo exercícios. Vê-se bem que no Ensino B+S ainda vivemos no
PREC (Processo Revolucionário Em Curso). No auge do PREC, os alunos dirigiram
as faculdades e definiram eles próprios as matérias de cada disciplina bem como
a “auto-aprendizagem” sendo o professor apenas um “conselheiro” para as “dúvidas”
dos aprendizes. A aprendizagem não é um processo simples e varia de aluno para
aluno e de matéria para matéria. Daí que haja alunos que não têm “queda” para a
Matemática, mas são excelentes na “Arte” de Desenhar ou na de “Pintar”, etc..
Esses alunos são obrigados a frequentar o Ensino B+S até aos 18 anos. Poderiam
mudar para um verdadeiro Ensino Profissional. Mas, já não existem as escolas
PÚBLICAS Industriais e Comerciais como no antigamente. Também não existem escolas
PÚBLICAS de Artes e Ofícios. Hoje é difícil obter um bom picheleiro ou um bom
serralheiro civil que nos arranje o portão do jardim ou um bom mecânico
automóvel. Pior ainda poder encontrar para um bom relojoeiro ou um operário
para trabalhar em agricultura. Desapareceram as Escolas PÚBLICAS de Regentes
Agrícolas do antigamente. Desapareceram as Escolas PÚBLICAS de Carpintaria e
Marcenaria, etc.. Nessas predominavam alunos que tinham pouca “queda” para a “Matemática”,
mas eram bons em “Artes e Ofícios”. Assim, não se sabe como orientar os alunos
que reprovam sucessivamente no ensino normal que dá acesso às universidades. A
situação permite o aparecimento de falsas escolas privadas que, a troco de
elevadas “propinas”, dão bonitos “canudos” de “cursos” de informática de 3
meses ou menos. Claro que os que ostentam tais “diplomas” têm uma
empregabilidade quase nula e os mais capazes saem do País. Parece um
contra-senso que os mais esquerdos da “Geringonça”, não “exijam” que o Governo
faça forte investimento em escolas PÚBLICAS Industriais e Comerciais,
devidamente apetrechadas e com bons “Mestres”; Escolas PÚBLICAS do tipo das de
Regentes Agrícolas, e PÚBLICAS de Artes e Ofícios. Ironicamente o Governo tem
deixado essas tarefas para empresas privadas que, logicamente, defendem os seus
interesses, nunca o interesse PÚBLICO.
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