sábado, 28 de abril de 2018

E também eu por lá ando ligado


Por: Costa Pereira Portugal, minha terra

A primeira vez que fui a “Bila Rial” era muito pequenito, ainda hoje sou, mas naquela ocasião além de pequeno era de tenra idade. Mas recordo-me muito bem de ter passado nas “moas” e dormir na pensão Cardoua, perto da ponte de ferro. O que motivou a viagem nunca cheguei a saber pois nunca me ocorreu perguntar a minha mãe qual a causa. Mais tarde voltei lá agora já com cerca de 14 anos, mas por caminho diferente. Parti de Fermil de Basto, um dia pela manhã, cedinho. Eram 07h00 quando junto à ponte do engenho, onde nasce o estradão de acesso à casa da Boavista e do Outeiro, as ouvi badalar na torre de Santa Maria de Veade.
Os dias em Agosto além de grandes são também muito quentes e eu que gosto muito do Verão, já do pino do calor não sou grande apreciador. Mas naquele dia fui forçado a gostar pois tinha bem mais de meia centena de km para fazer e vencer o Marão por Pardelhas, alto do Velão - foi o cabo dos trabalhos para vencer este trajeto até ali, na várzea perdi a orientação -  Campeã, Arrabães e por Parada de Cunhos entrar em Vila Real. Ali devo ter chegado por volta das 20 ou 21h00, pois que na estrada de acesso a Chaves, junto ao antigo quartel da GNR, logo à frente do também antigo quartel de Infantaria 13, havia muitos miúdos entretidos a brincar uns com os outros. Eu se não brinquei também, pelo menos partilhei das brincadeiras deles. E é curioso que passados anos pude reviver imagens dessa aventura com personagens com quem então me cruzei. O mundo é muito pequeno, e nós afinal também.
O meu objectivo era encontrar quem me desse trabalho que eu gostasse de fazer, e assim foi. Em Lordelo morava o Sr. Gaspar, já idoso e que precisava de quem cuidasse de uma vaca leiteira, taurina, pensando-a, mungindo-a e transportando diariamente o leite ao deposito de recolha. Ali estive algum tempo e ali me encontrei por mais que uma vez com um filho do meu amo que em Mondim de Basto era soldado da GNR, o guarda Gaspar. Dali fui aprender uma profissão que em homenagem a quem ma proporcionou exercer abracei para toda a vida. Mas antes de  ir para Lordelo estive uns dias em Arrabães, na que chamam a “Cidade da Cobra”, e lá ouvi contar a história respeitante a essa lenda. Diz a mesma que antigamente foi vista uma cobra que habitava no leito do rio Sordo, e num Verão em que o rio secou a bicha sentiu sede e caminho fora veio beber a uma fonte existente a uns 300 metros, e contam que a cobra estando a beber na fonte ainda tinha o rabo dentro do Sordo. Que grande cobra!
Lugar da freguesia de Torgueda, Arrabães tem Santa Apolónia por patrona que por regra festejam no seu dia litúrgico, 09 de Fevereiro. Com missa e procissão à volta do populoso e simpático lugar que na década 50 me acolheu por alguns dias, dos mais felizes registo. Na GNR de Vila Real era comandante o capitão Botelho da Costa, um filho de Torgueda, natural de Arrabães. E também eu por lá ando ligado.
 PS. das quatro fotos só a primeira, tirada de Fermil de Basto, é da minha lavra.  As restantes, sobre  Arrabões, são recolhias na net. 

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