Virgílio Gomes |
O período da Páscoa acontece, habitualmente, quando a primavera se está a
instalar, os primeiros dias completos com Sol, frutas e legumes novos e a
Quaresma a terminar. O domingo de Páscoa é também uma primavera! Termina
o tempo do jejum e abstinência, cada vez menos praticado, e ao Sol junta-se a
alegria de um tempo novo. Por isso, as mesas da Páscoa estão cheias de ovos no
receituário especial. Antigamente havia doces que apenas se fariam nesta época.
Felizmente hoje em dia é fácil encontrar esse património que não se perdeu.
Perdeu-se, possivelmente, a expectativa de os encontrar quando se ia à
terra! Eem cada festa!
O “calço” é um doce que habitualmente se fazia no período pascal. Também se
faz para a festa de Santa Bárbara. Agora encontramos durante todo o ano em
Macedo de Cavaleiros, local onde a tradição nos diz que terá nascido, tem
vários estabelecimentos que o vende. Para mim é mais um exemplo da imaginação
popular de na Páscoa se fazerem pães doces com base numa massa de pão que é
enriquecida com ovos e açúcar. Nesta linha de produtos nascidos com o mesmo
propósito de celebrar a Páscoa podemos citar os “dormidos” de Bragança, a “bola doce mirandesa”, a “bola doce” de
Carrazeda de Ansiães, o “bolo-podre de Santa Maria” de Valpaços e muitos mais.
Se quisermos atravessar o Atlântico também encontramos um pão especial do Ceará
para o período da Páscoa que é o “pão de coco”, neste caso enriquecido com um
produto local que é o coco.
Como é que os bolos «dormidos» são de Bragança e não são de Trás-os-Montes? É que a padaria mais tradicional de Mirandela, faz os «dormidos» e em casas particulares também se fazem os «dormidos». Aliás, encontro grande afinidade entre os «dormidos» de Mirandela, o «bolo podre» de Sta M.ª de Émeres (patenteado pela família Alcoforado, e a «boleima» doa Alto Alentejo». Um pormenor, os «dormidos» de Mirandela só se fazem em quatro fins-de-semana do ano. Jorge Lage
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