terça-feira, 20 de março de 2018

O Facebook complica o que é fácil


JORGE LAGE

O Facebook complica o que é fácil e não é por ironia que o digo, mas por sentir mesmo que a plataforma (?) comunicativa quer-nos levar para o seu «rego». A própria plataforma convidou-me enviando mensagens frequentes para a minha caixa do correio, ancorada no servidor «Portugalmail». Um dia achei que devia responder e entreabri a porta do Facebook. Uma vez dentro, começou-me a empurrar para utilizar o «Messenger», um programa ou aplicação sua, deduzo. É como se me convidassem para uma piscina e ao experimentar se a água estava quente ou fria me dissessem que tinha de vestir o fato de banho, a bóia ou os óculos que eles quisessem. Agora é diário o assédio do Facebook a informar que, hoje, a Beatriz Lima (minha prima) e o Fernando Padilha (Vila Real/Braga) me convidam para uma conversa. Ontem foi a Lurdes Seramota (Mirandela/Porto) e o Ilídio Granjo (Mogadouro) que me pediram amizade. Mas, eu já sou amigo deles e prezo-os muito, como os demais. «Onteonte» tinha sido o Artur Ferreira (Mirandela/Paços de Ferreira), no rosário dos dias, recuando no tempo, apareceu o António Santos Lopes (Vilarandelo/Chaves), a M.ª Eduarda Lage (minha prima em S. Paulo), o Teófilo Minga (em Roma) e um nunca mais acabar. Não contente com isto, envia-me mensagens da M.ª Teresa Gonçalves (Mirandela/Ourém) e dos «trasmontanos do Porto». Estão a ver o filme constante! Não me custaria muito dar uma palavrinha aos meus amigos ou lavrar um conciso comentário. Contudo, parece que de início me facilitaram a entrada e agora estreitam-me a canada. Para que conste, edito esta pequena nota na expectativa de que chegue a alguém porque lhes quero dizer que não lhes viro as costas, mas é o facebook que põe «areia demais na minha carroça». O meu tempo é precioso, curto e limitado. Depois de me identificar o que é que o Facebook precisa mais para trocar mensagens com os meus amigos? Nas notas jornalísticas não menciono títulos académicos, não o faço para mim. Em Portugal, até nos nomes das ruas aparece: o Doutor Mário, o Doutor Sá, o Dr… Nem sabemos aprender com os espanhóis, os franceses, os ingleses que se apresentam pelo nome. Bem, na minha aldeia e na da minha mulher, nunca me chamaram doutor, nem me trataram pela patente militar enquanto estive no activo. Os meus amigos valem por eles e não por graus académicos e títulos.


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