domingo, 18 de fevereiro de 2018

O Que fazer?


Em Julho de 1862, Nikolai Chernyshevski, foi preso, acusado vagamente de subversão e conspiração contra o Estado. Na verdade, embora director de jornal e crítico radical, não havia qualquer prova contra Chernyshevski, que limitara a sua actividade ao campo da literatura e das ideias. O governo fabricou as provas, e como demorou algum tempo a fazê-lo, o escritor continuou preso, sem julgamento, durante dois anos, nas masmorras da fortaleza Pedro-Paulo, a mais antiga construção de São Petersburgo, a sua Bastilha até 1917. Viria a ser condenado a prisão perpétua na Sibéria por um tribunal secreto, onde permaneceu 20 anos. Só quando a morte se aproximou, com a saúde arruinada e perturbações mentais, viria a ser libertado. Tornado santo nos anais da intelligentsia russa pelo seu martírio, Chernyshevski, produziu na prisão o seu romance mais importante: O Que Fazer?
O livro passou por várias peripécias. O censor deixou-o passar, a seguir foi entregue ao poeta liberal Nicolai Nekrasov, amigo de Chernyshevski, que o perdeu, recuperando-o através de anúncio no jornal da policia de Petersburgo. Foi-lhe entregue por um jovem funcionário do governo, que o achara na rua.
Foi sempre considerado um mau romance pelas suas características, inclusive pelo seu autor. Sem personagens marcantes, intriga inverosímil, ambiente difuso, sem unidade de tom ou sensibilidade. Porém, tanto Tolstoi como Lenine se apropriaram do título de Chernyshevski que, para muitos, já indicia a Revolução Russa ao tratar de uma classe de “pessoas novas”.
Também Dostoievski, se refere uma quantidade de vezes a Chernyshevski e a O Que Fazer?, nas suas Notas do Subterrâneo (1864).
O Que Fazer?, acaba de ser publicado em português, pela primeira vez, sob a tutela da Guerra e Paz (Novembro de 2017).

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