BARROSO da FONTE |
O linguarejar é uma
ferramenta riquíssima, por diversificada de um manancial de um léxico valioso e
invisível. Dessa recolha e tratamento se incumbiu Jorge Lage neste volume
específico.
Nascido na freguesia de
Cabanelas, do concelho de Mirandela, em 1948, estudou no Colégio da Boavista,
em Vila Real, onde obteve o antigo sétimo ano. Em 1969 fez o curso de oficiais
milicianos, em Mafra e, em 1973, fez o curso de promoção a capitão, seguindo-se
o comando de uma subunidade na Guiné-Bissau. Atingiu a patente de coronel do
exército.
Em 1977 obteve a
licenciatura em História, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
Entre 2004/2005 fez o curso de Museologia na Faculdade de Filosofia de Braga.
Seguiram-se vários anos como professor ligado à Educação de Adultos e
assessorando o Ministério da Educação na Coordenação Educativa de Braga. Em
2008 aposentou-se da Função pública. Ainda que como voluntário, continuou a dar
o seu melhor esforço e saber ao programa PROSEPE/Clubes da Floresta,
coordenando esses serviços no Distrito de Braga, onde reside.
Exerceu o jornalismo
militante numa série de publicações regionais, desde há um quarto de século.
Tem sido convidado, sucessivamente, para conferências, colóquios e lançamento
de livros, podendo considerar-se, sem reserva, que é das vozes mais audíveis e
coerentes da imprensa regional de Trás-os-Montes. Em dois blogues: Tempo
Caminhado e NetBila, de pendor Transmontano; e, em jornais regionais, mormente
em Notícias de Mirandela, onde é titular de 173 notas de rodapé com que enche e
preenche toda a última página; o que equivale a dizer que com essas 173 últimas
páginas de Rodapé pode aumentar a sua bibliografa, eventualmente em dois
volumes.
Assinou largas dezenas de
«entradas» nos dois últimos volumes do Dicionário dos Mais Ilustres
Transmontanos e Alto Durienses, colaboração que continua a prestar na reedição
do I volume, já em curso. É um especialista da Castanha e do Castanheiro, o que
comprovou já com três edições esgotadas do livro: A Castanha Saberes e Sabores
e duas edições da Castanea uma dádiva dos deuses». Outro livro que deu brado
chamou-se «As Maias entre mitos e crenças» e, em parceria com outros autores
transmontanos, apôs o seu nome, bem firme num outro volume o Mirandelês acerca
da memória imaterial de Mirandela. Em 2011, em pareceria com outros, já
assinara «Falares de Mirandela»
Para este intelectual da
Terra Quente que é o sócio Fundador número 1 (um) da Casa de Trás-os-Montes e
Alto Douro de Braga e que adotou como lema «ser transmontano é uma religião», a
investigação sobre temática sociológica, antropológica, etnográfica e
linguística recrudesce todos os dias. Uns temas puxam outros, como as cerejas.
Com este seu mais recente
volume sobre os falares, não exclusivos, mas, em grande medida preponderantes
no concelho de Mirandela, Jorge Lage põe termo a um primeiro ciclo de preocupações,telúricas, com as
comunidades que lhes são comuns. Oriundo de famílias ligadas à terra, dela não
deixou de ausentar-se por motivos sócio-profissionais e de formação. Primeiro a
guerra, como oficial miliciano. Depois a licenciatura, os cursos complementares
e o exercício prático. Daí a sua paixão pela natureza, nomeadamente pelo castanheiro
e seu produto que foi em tempos idos tábua de salvação alimentar que ainda pesa
na economia nacional.
Como autor já estendeu as suas raízes aos
dicionários, às coletâneas e a fontes específicas da fauna e da flora. Nos três
volumes do Dicionário dos mais ilustres Transmontanos e Altodurienses (1998-2003),
elaborou e cedeu cerca de uma centena de «entradas». E, essas e outras,
recolhidas na imprensa, em fontes diversas e pelo conhecimento pessoal, foram
pretexto correto para ocupar 8 páginas (559-566) do IV Volume (G-L) da
Bibliografia do Distrito de Bragança, série Escritores Jornalistas e Artistas de Bragança (2012) da
autoria do Dr. Hirondino Fernandes.
Também A.M. Pires Cabral, diretor do Grémio
Literário de Vila Real, em 2013, trouxe a público dois Volumes sobre a «Língua
Charra» nos quais cita, em diversas
«entradas» na ficha técnica, diversos vocábulos do linguarejar Mirandelense de
Jorge Lage.
Ernesto Rodrigues, sócio
fundador e primeiro presidente da Direcção da Academia de Letras de Trás-os-Montes,
prefaciou os 2 volumes da «Língua Charra» e, como um dos pioneiro do Museu da
Língua, em fase de instalação, no Distrito de Bragança e um dos mais
esclarecidos académicos nacionais da atualidade, chama a «catedral de palavras«
reunidas por Pires Cabral, o «óbolo de ouvinte, leitor e celebrante». E
justifica: «este certificado de origem, em contexto, deveria ser obrigatório em
trabalhos afins»
Presidente da Câmara de
Mirandela selou o mérito destes Falares
A Drª Júlia Rodrigues,
nova Presidente da Câmara de Mirandela, deslocou-se ao Porto para com a sua
presença, simpatia e generosidade, abraçar o autor do livro e os participantes,
em tão simbólico ato cultural. O Sócio número 1 da Casa Transmontana do Porto,
saudou-a em nome dos associados, felicitou-a pela surpresa da aceitação do
convite, facto raro nos 33 anos da existência da Casa que nasceu para ser a
linha avançada dos Transmontanos na capital do norte. Também foi muito saudado
o Transmontano de Mirandela, Nuno Canavez e sua Mulher, um dos mais conhecidos
alfarrabistas portugueses que fez da Livraria Académica um santuário de
cultura, de liberdade e democracia.
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