BARROSO da FONTE |
O país vive sem rei nem
roque. Tudo por causa da geringonça. António Costa deixou-se seduzir pelas
sereias do BE. E, por cada decisão que toma, tem de violar o refrão que, jurou
seguir: «palavra dada é palavra honrada».
Sem tirar nem por. Foi vedeta na abertura da
Web Summit. Tudo ia correr bem porque «ele era o primeiro ministro». Disse o
que disse a brincar, mas saiu-se mal. Quando soube que o jantar de encerramento
desse acontecimento iria ser realizado no Panteão Nacional, Costa arrepiou
caminho e, antes que as manas Mortágua e a Catarina Martins lhe toldassem o
discurso, surgiu ele a gritar contra a indignidade. Que era uma afronta aos
mortos mais famosos do império português!
Só aí se apercebeu de que o Web Summit fora
realizado em Portugal por decisão do Governo de Passos Coelho. E que,
indiretamente, os êxitos desse evento, seriam creditados na conta do seu
adversário, mais temível como o demonstraram as últimas legislativas.
Antes que aquelas sereias o admoestassem pela
permissão do jantar à luz das velas, em sítio tão propenso para os gritos
satânicos, eis que A. Costa apontou logo os holofotes para ex-Secretário de
Estado da Cultura, Barreto Xavier que produzira o Despacho para aquele e todos
os museus, palácios e sítios públicos. Foi então que Costa retirou a
indignidade satânica que propalara contra aquele governante de direita, sem
coragem para demitir o Ministro de cultura ou a diretora do Panteão. Pois se
ele não teve coragem para demitir os ministros da defesa e da saúde como pode
demitir aquela dirigente?
Pelos vistos A. Costa
está muito mal assessorado. Porque nesse mesmo Panteão já ele jantara quando
foi Presidente da Câmara de Lisboa. E a lei que foi feita pelo ex-Secretário de
Estado, não foi contestada. Era extensiva a
todos os espaços públicos suscetíveis de terem interesse para gerar
receita. E o primeiro ministro não pode, nem tem moral, para reprimir seja quem
for por, desconhecer as regras do país pelo qual é responsável.
Como cidadão tenho direito e força moral para
deplorar mais esta peripécia política de A. Costa.
Em1990 fui nomeado diretor do Paço dos Duques
de Bragança (em Guimarães). Encontrei uma gestão ruinosa da ordem dos 15/20 mil
contos. Para que seis anos depois deixasse lucros equivalentes àquele montante, tive que, pela
primeira vez na História daquele Monumento, recorrer ao aluguer do átrio e
salões do rés-do-chão. Sem prejuízo de qualquer espécie, transformei o Paço na
Casa de Cultura que Guimarães não tinha e no espaço mais nobre da cidade, para
receções, casamentos, convívios e saraus musicais. Rendia tanto essa inédita
valência, como os ingressos no Museu. Tal experiência quase me crucificou na
imprensa e fora dela. António Costa estava ao lado de Jorge Sampaio, ao tempo
secretário geral do seu partido, que distribuiu panfletos contra mim, através
da secção local. Acusavam-de que eu vinha de pastor de vacas para dar cabo da Corte Real. Prova-se, agora, que
o guardador de vacas, afinal andava, quase trinta anos, à frente do atual
primeiro ministro que já jantara no
Panteão quando era Presidente da Câmara de Lisboa e que não teve sensibilidade
bastante para perguntar que geringonça era aquela?
Como pode continuar a
reclamar que, para ele: «palavra dada é palavra honrada»? Pelo menos tenha
a hombridade de pedir desculpa aos
portugueses pela indignidade que atribuiu aos organizadores do Web Summit.
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