JORGE LAGE |
Torre Dona Chama,
Mirandela e Trás-os-Montes e Alto Douro mais pobres com a partida do nosso
querido escritor, Nuno Nozelos, ao início da tarde de hoje, 18JUL2017. Nuno
Nozelos nasceu na Fradizela, mas a sua meninice e ao longo da vida foi na Torre
Dona Chama a que sempre se prendeu e onde o pai tinha uma pequena indústria.
Recentemente
elaborei uma nota curricular do Nuno Nozelos, que anexo, para o introduzir na
grande «Antologia de Autores Trasmontanos, Alto Dirienses e Beira Trasmontana»,
que a Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro de Lisboa vai editar em Maio de 2018 (por altura da realização do IV Congresso dos Transmontanos - em Lisboa), e coordenada pelo Doutor Armando Palavras.
A doença que o foi
incapacitando tirou-lhe quase tudo, mas os esporádicos lampejos de lucidez
prendiam-no ao mundo e, quiçá, a maior alegria foi saber que nunca o atirariam
para um depósito de velhos. Essa gratidão cabe por completo à Dona Celeste, sua
extremosa companheira de uma vida plena.
Calou-se para
sempre uma das melhores vozes da escrita trasmontana e alto duriense. Mirandela
e a nossa região ficam mais pobres.
O funeral
realizar-se-á a 20JUL2017, na vila da Torre Dona Chama - Mirandela, sua
terra adoptiva, onde se encontrava a convalescer e recebia apoio familiar.
À Dona Celeste
Nozelos e aos demais familiares endereço um sentido e humedecido abraço de
alma!
Até sempre Nuno
amigo, vais continuar com todos os que admirávamos o teu talento e a tua
humanidade e simplicidade.
Jorge Lage
Nuno Álvares Pereira da Conceição Nozelos, Nuno Nozelos nasceu em Fradizela (concelho
de Mirandela), em 15 de Novembro de 1931 (m. 2017). Foram seus pais Manuel António
Nozelos e Esperança de Deus Gonçalo, sendo Nuno o primeiro de oito filhos.
Após o ensino primário na própria aldeia de Fradizela,
frequentou o ensino dos Salesianos, primeiro em Poiares da Régua, depois em
Mogofores e finalmente no Estoril, onde concluiu o curso de Filosofia.
Posteriormente frequentou o Instituto Superior de Psicologia Aplicada, em
Lisboa. Fez, além disso, diversos cursos de índole profissional, virados para a
área jurídico-administrativa e relacionados com a carreira que seguiu no
Ministério da Saúde.
Aí começou a trabalhar em 1955, vindo a ocupar o cargo
de técnico superior principal, lugar em que se aposentou em 1984.
Paralelamente com a carreira administrativa, Nuno
Nozelos esteve sempre virado para a escrita, sua grande vocação, quer enquanto
escritor, quer enquanto jornalista e conferencista.
No campo da actividade jornalística, é vasta a lista
das publicações a que tem prestado colaboração: Ènié, Notícias de Mirandela, Notícias de Trás-os-Montes (de que foi
director-adjunto e cujo “Suplemento de
Arte e Cultura” esteve a seu cargo), Mensageiro
de Bragança, Gil Vicente, A Região, Boletim dos Amigos de Bragança, Boletim
Informativo da Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro de Lisboa, Unearta, A Torre,
etc. Foi também um dos fundadores e subdirector da Sílex – Revista de Letras e Artes.
Todavia mais importante do que isso é a sua actividade
de escritor. O seu primeiro livro, Iniciação,
sai em 1963, assinado por Nuno Álvares. É um volume de versos, alguns deles
escritos ainda na adolescência. No ano imediato, publica Retrato, também poesia e também assinado Nuno Álvares. No campo da
poesia publica ainda Canto Aberto, em
1973, e A cidade e eu, poeta, em
1978. Para Vozes distantes, de 1987,
aproveitará algum material dos dois primeiros livros – “ainda verdosos”, nas
próprias palavras que o poeta escreve no prefácio. Em 1996 sai o volume Delações poéticas e finalmente, em 2001,
Musa preterida.
A poesia de Nuno Nozelos combina uma prosódia
agradável com um conteúdo em que problematiza os grandes temas que preocupam os
homens.
Mas a sua produção ficcional, em especial os contos, é
geralmente considerada a sua mais festejada faceta de escritor.
A obra ficcional de Nuno Nozelos compreende os contos
rurais de Gente da minha terra (1967;
2.ª ed., 1975; 3.ª ed., 1987) e Ecos do
Nordeste (2000), e os volumes de temática urbana Ambos, afinal… (narrativas, 1973), Histórias ou algo mais (contos, 1985), Soçobrado (romance, 1992), Relatos
Nebulosos (contos, 2003) e Contos
Nordestinos do Natal (2008).
Correcção do dia do Enterro do Escritor Nuno Nozelos
ResponderEliminarO normal é, quando uma pessoa com doença incapacitante se apaga, depois de muito sofrimento, como foi o caso do escritor Nuno Nozelos, que o funeral ocorra no dia seguinte. Porém, no caso do falecimento, ocorrido hoje com o nosso querido escritor mirandelense (Fradizela/Torre Dona Chama) as autoridades sanitárias ou judiciais entenderam ir mais além.
Assim, só depois das autoridades darem luz verde é que o funeral será marcado, pela família, em princípio para dia 20 (quinta-feira) de Julho, na Torre Dona Chama, em hora que a família indicará.
As minhas desculpas pela informação incorrecta, porque até alguns dos funerais em Trás-os-Montes saem da lógica.
Aguardem-se mais informações.
Obrigado
Jorge Lage