BARROSO da FONTE |
A
reversão marxista deste axioma foi introduzida na política portuguesa por
Pimenta Machado, há duas décadas, quando dirigente do Vitória de Guimarães.
Quase
parece que a vinda do Papa a Portugal trouxe consigo a doença da vergonha e a
raíz de todos os males. Os meses de Junho e Julho que se seguiram a Maio
puseram a nu as fragilidades da democracia. Não há memória de tantos e tão
trágicos atropelos à normalidade do sistema. Pior do que o incêndio de Pedrogão, Góis e Castanheira de Pera e do
assalto ao paiol de Tancos só o terramoto maior do que o de 1755 ou uma Batalha
de Aljubarrota.
Se
ainda houvesse nos governantes uma réstia de vergonha, não seriam apenas os
três secretários de estado, nem a ministra da administração interna e o
ministro da defesa a demitir-se ou a ser demitido. Todo o governo deveria
entregar o poder ao Presidente da República e demitir-se do comando dos
destinos do país.
O
jornalista Alberto
Gonçalves, no Observador
do último fim de semana foi claro: « é gente literalmente abjecta. Perante
a tragédia, decretam o caso resolvido. Perante o desleixo, lembram desleixos
maiores. Perante as dúvidas, confessam sentimentos. Perante as câmaras dão
abraços».
António
Barreto no suplemento do Correio da manhã
de 9 do corrente respondeu a uma
pergunta sobre o estado da nação: quando morrem 47 pessoas queimadas numa
estrada nacional e desaparecem armas de guerra de paióis do Exército não lhe
lembra o país que recebeu quando foi para o governo?»
-
a morte daquelas 47 pessoas inocentes é mais dramática do que o roubo de
armamento perigoso. O passa-culpas é uma das piores características da
governação atual e talvez anterior. Para qualquer ministro, secretário de
estado ou diretor-geral e ainda mais para os primeiros ministros, qualquer
problema grave e sério é culpa do governo anterior. Isso é uma mediocridade
política, de uma falta de honradez e de honestidade; e é, sobretudo, uma
covardia e um oportunismo moral. Muito chocante. Quanto às florestas, há duas
teorias: a de que somos todos culpados, pelo menos, desde Viriato, ou antes e
depois há a de que as coisas têm princípio, meio e fim»
Questionado
sobre se os partidos que suportam o governo são democráticos ou conseguem viver
em democracia, António Barreto declarou que a «demoracia não é sagrada, nem vem
em nenhuma bíblia. Ela é um arranjo entre classes sociais e forças políticas.
Não é sagrada. É um estado e também um método de viver em coletivo. Não deve ser
transitória nem instrumentalizada».
Sobre
as férias em tempo de tão grave crise do primeiro ministro, António Barreto que
foi Ministro da Agricultura, quando criou o
slogan «a terra é de quem a trabalha» confessou que «na semana a seguir
aos incêndios, andou a dar abraços e quando há tanta coisa para investigar,
revelar, apurar, discutir, debater, reformar, na semana dos roubos, em Tancos,
não há férias que resistam a isto. Ele deveria estar em Portugal em dez minutos
e não dez dias ou uma semana depois».
António Costa tem sido protegido pelo
guarda-chuva de Marcelo. Abandonou o país na hora mais grave. Duas catástrofes das piores da História de Portugal, provocaram uma terceira: o vazio de poder.
Em vez de imitar ou fazer imitar o exemplo de Jorge Coelho que mal soube da
queda da ponte de Entre-os-Rios, imediatamente se demitiu. Não esteve
ele à espera de culpar os governantes que o antecederam na mesma área da
governação. Foi pioneiro na moralidade política que deve fazer escola.
Seguiram-se outros que fizeram o mesmo como o contador de «estórias». A
ministra da Administração Interna, mais o ministro da Defesa e também o do
ambiente tinham obrigação moral de fazer o que fez Jorge Coelho.Tiveram mais
culpas os de hoje do que os de ontem. O PS de Jorge Coelho, era muito mais
coerente com a ética política do que este PS
de Costa que chegou ao púlpito, perdendo as eleições e chegando a
primeiro ministro, aos ziguezagues do radicalismo mais paradoxal.
Na
entrevista que A. Barreto concedeu dia 9 ao caderno do CM, afirmou que Costa é
muito hábil. Mas hábil, ao contrário de ser ágil e pragmático, «já é um
qualificativo venenoso, pois quem tem muita habilidade é um habilidoso e quem é
habilidoso, também é manhoso, também faz artimanhas e ele é capaz de ter isso.
Por exemplo, não sei o que está ele a fazer, agora, em férias, fora de
Portugal». Este primeiro ministro, com um PR que não o abrigasse e o
substituísse, sobretudo nas horas azarentas, não teria hoje a popularidade que
tem perante o eleitorado. Há por aí uma empresa
de sondagens, cujo responsável é militante socialista que aparece regularmente a branquear as horas
impopulares. Armando
Palavras, no Blog Tempo
caminhado de 9 do corrente, escreveu: «Em 2015, cerca de meio ano antes das
eleições de Outubro, dava ao PS a maioria absoluta». Em meio ano essa maioria
absoluta escorregou para uma derrota estrondosa. Se não fosse a incoerência dos
partidos da esquerda radical, António Costa, estaria hoje fora da quadratura do
circulo porque Seguro e os Seguristas já teriam «arrumado» esse habilidoso,
manhoso e oportunista.
O debate sobre o Estado da Nação de
quarta-feira, 12, no Parlamento foi a consagração da máxima marxista que
Pimenta Machado retirou do Futebol e a introduziu na política Portuguesa:
O Galambinha ... da treta! |
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