terça-feira, 13 de junho de 2017

Contos de Bábel


Não existe melhor livro onde se relatem os acontecimentos de Outubro de 1917 na Rússia, que “Os Dez Dias Que Abalaram o Mundo”, do lendário jornalista americano John Reed. A não ser talvez a História de Trotsky.
Reed morreu com 33 anos e teve as honras de Lenine ao ser conservado no Kremlin. No seu livro glorifica aqueles que preparavam a calamidade global, e sobre os quais  profeticamente Dostoiévski havia alertado em Demónios: os ideólogos do “paraíso na terra”!
Evgéni Zamiátin em Nós, e mais tarde George Orwell em 1984  (as suas antiutopias satíricas), revisitaram esses modelos do mundo desumanizado de acordo com as receitas teóricas e as sinistras experiências práticas que alguns escritores russos como Chmeliov, Grossman, Ivan Búnin, Varlam Chamalov, ou Soljenítsin, conheciam. Testemunhas factuais da pavorosa CONCRETIZAÇÃO DA “GRANDE EXPERIÊNCIA” de transformação social e politica na Rússia, levada a cabo pelo partido bolchevique.
Como eles sofreu na pele estas alienações patológicas outro grande da literatura russa do século XX – Isaac Babel.
Judeu nascido na Ucrânia em 1894, passou a infância e a adolescência em Odessa. Com 20 anos, já em Petersburgo, inicia a sua actividade literária apadrinhado por Máximo Górki.
A sua obra mais conhecida, inspirada na guerra russo-polonesa de 1920-1921, publicou-a em 1926 – O Exército de Cavalaria, mais conhecida no Ocidente como Cavalaria vermelha.
Revolucionário de primeira hora, acabou por ser ostracizado pelo poder estalinista, por se recusar a expressar nos seus contos o optimismo acrítico das realizações dos sovietes. Descreve a sociedade pós-revolucionária de forma áspera, em toda a sua complexidade humana e moral.
Foi silenciado durante a década de1930, conduzido à reclusão num campo de prisioneiros na Sibéria, onde morreu fuzilado em 1940.
Depois da morte de Estaline foi reabilitado, as suas obras reeditadas na URSS, mas censuradas em determinados textos considerados subversivos.
Estes contos editados pela Relógio d’Água (2012), agrupam um conjunto de contos retirados da obra-prima do autor – Exército de Cavalaria – e de Contos de Odessa.

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