Não estava no programa, mas o convite e donde
vinha jamais podia ser recusado, e foi o que aconteceu. Em dia de primavera,
mas com temperatura de verão, lá vou eu até ao Politeama, assistir ao
Musical-Amália que Filipe La Féria ali mantém em cena. Além dos bajouquenses
Virgilio, Saozita, Ângela Daniela, e também dos Pousos veio a D. Lúcia assistir
ao musical que no Politeama atrai multidões a recordar a nossa rainha do fado.
Com um
selecto elenco formado por mais de 50 cantores, actores, bailarinos e músicos,
além de Amália, Frederico Valério, Alfredo Marceneiro e outros que a parca já
ceifou, são ali bem interpretados por figuras como Alexandra, Anabela , Liana,
Nuno Guerreiro e Francisco Sobral. De recordar que Anabela tinha 23 anos quando
pela primeira vez interpretou o papel de Amália, agora com 40 anos, volta a
fazê-lo de forma brilhante e diferenciada.
A sua voz confunde-se com a da saudosa fadista
que deu fama a Portugal, e conquistou plateias dentro e além fronteiras. Agora
em nova versão este espectáculo que se estreou em 1999, e que esteve seis anos
em cena, ultrapassando os 3,5 milhões de espectadores, regressou ao palco e
continua a ser sucesso na bilheteira.
E para perceber o porquê, importa ler o que de
Amália nos relata o conceituado empresário e encenador português Filipe La
Féria quando diz: “já contei esta história em português, em francês e em
inglês, mas conta-a outra vez porque é importante que se saiba que a ideia para
este espectáculo partiu da própria Amália Rodrigues: "Eu tinha uma peça em
cena que era Maria Callas - Masterclass. E a Amália, que gostava muito dos meus
espectáculos e vinha vê-los umas seis ou sete vezes, veio ver a Callas e no fim
disse-me: "Mas por que é que você não faz um espectáculo com a história da
minha vida? Eu disse-lhe que não sabia muito sobre a vida dela e ela respondeu:
"Então leia a biografia do Vítor Pavão dos Santos, como sou eu a falar
você vai ficar a saber tudo." E foi isso que fiz. Por um mês ela não viu a
estreia, no Funchal."Amália morreu em Outubro de 1999 e o espectáculo
acabou por ser uma homenagem à fadista. "Não é uma biografia, é a minha
maneira de ver a Amália, isto é um musical, é teatro", sublinha La Féria.
"Era uma mulher com uma enorme tristeza dentro de si. Morreu extremamente
amargurada e muito esquecida."
Para além dos grandes nomes do Fado e do Teatro
Português, também a Madalena Gil e a Filipa Ferreira, ambas de 10 anos e que
foram escolhidas através de um concurso da SIC são verdadeiras “Shirley Temple”
no dizer de La Féria. O seu papel é o de interpretar a infância de Amália, e de
que maneira o fazem! Um espectáculo a não perder.
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