JORGE LAGE |
A minha fonte de informação é alguém que
vive no concelho de Miranda do Douro e que, naturalmente, não quer dar a cara.
Foi em conversa que eu soube da fraude e quando se apercebeu que eu poderia
explorar o tema no jornal não quis adiantar mais informação. Pois é amigos
leitores, quando visitam a região de Miranda do Douro e regressam depois de
comer a posta» nos restaurantes da especialidade poderão ter comido «uma posta
castelhana» e não «a posta mirandesa». O que leva os restaurantes a trocar a
carne de gado bovino de raça mirandesa pelo espanhol é a avidez do lucro. O
Planalto de Mogadouro–Miranda sempre foi farto na agricultura e na pecuária,
mas deixando-se de consumir a carne de uma das melhores raças de bovinos
nacionais, os nossos criadores fronteiriços abandonam esta fonte de rendimento.
Desde criança me familiarizei com os bois de trabalho mirandeses possantes e
belos como castelos. Depois, apercebi-me que havia outras raças, como a
arouquesa, a maronesa ou albanesa (da serra do Alvão), a barrosã, a minhota, a
jarmelista e a mertolenga. Mas gado bovino possante e garboso era o mirandês,
daí o Estado português ter apostado na estação agronómica de Malhadas (Miranda
do Douro). Penso que para se promover a melhor carne do nosso gado bovino e
mirandês, terá que se fazer um controlo rigoroso da carne certificada, à
semelhança do que se faz com a carne de gado bovino de raça barrosã,
criando-se, até, talhos específicos. A qualidade tem que se pagar melhor que a
carne indiferenciada, que até nem sabemos qual a sua proveniência e muita dela
carregada de hormonas e de produtos nocivos à saúde. Neste momento, se tivesse
vontade de comer uma boa posta ia à serra da Cabreira ou ao Barroso. Cada vez
mais, os nossos restaurantes se deixam seduzir pelos preços baixos da carne que
consomem sem saberem a sua proveniência ou como foram alimentados os animais.
Como já se produz carne biológica de cabrito ou anho trasmontanos, é preciso
dar visibilidade e garantir a qualidade à carne biológica de vitela de raça
mirandesa. Não estou a falar só do planalto mirandês mas de toda a região da
Terra Fria e Terra Quente e das nossas Terras de Ledra. Embora haja boa carne
nos restaurantes de Mirandela e Macedo de Cavaleiros, temos que ter segurança
alimentar e saber o que comemos. Tal como muitos restaurantes mostram ao
cliente o peixe que lhe vão cozinhar, também temos de caminhar para vermos a
carne que consumirmos nos restaurantes. A globalização combate-se com produtos
locais certificados, como Mirandela já fez para a nossa boa alheira. Desconfio
sempre do restaurante que à minha pergunta: - de onde é carne de vitela que me
vai servir? E com ar de espertalhaços sorriem e dizem: - não sei! Os clientes
pagam e têm o direito de ser informados. Podem enganar-nos uma vez ou outra mas
não nos enganam sempre. A concorrência na restauração combate-se com o bem
servir, qualidade e transparência.
Jorge Lage –
jorgelage@portugalmail.com – 10NOV2016
Provérbios ou ditos:
O apanhar de castanhas é enquanto elas caem.
De pouco vale a porta que abre com várias chaves.
muito bem, concordo com o que disse mas não generalize por existem Restaurantes como o meu Restaurante Miradouro, que só serve carme certificada mirandesa...e se pedir ao empregado a origem do animal, simplesmente o empregado entrega o bilhete de identidade do mesmo, onde consta o produtor, a região e o numero mecanográfico. e assim sabe o que está a comer. Bruno Gomes
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