segunda-feira, 25 de julho de 2016

Enxergado a muita distância


Por: Costa Pereira - Portugal, minha terra

A obra deixada pelo saudosos D. Joaquim Gonçalves e Padre Correia Guedes, que foram  respectivamente bispo da Diocese de Vila Real, e pároco de São Pedro de Vilar de Ferreiros ganhou o respeito e admiração de todos os devotos e romeiros de Nossa Senhora da Graça e do "Santinho", San'Tiago. E mereceu agora por parte das forças vivas do concelho esse mesmo reconhecimento expresso na iluminação publica do santuário e recinto à volta, com acaba de ser dotado, dando assim satisfação a um desejo da Irmandade em ver o local mais acolhedor e de noite mais seguro mediante  iluminação da rede pública.
Mas para além das citadas duas figuras que tanto se empenharam no desenvolvimento e enriquecimento do Santuário, o “Bispo e o Padre da Senhora da Graça”,  construindo obra de embelezamento e apoio ao peregrino e romeiro, não se pode ignorar a generosa colaboração prestada pelo também saudoso Sr. Manuel Lopes cujas árvores que hoje dão sombra nos recintos à volta do santuário faz recordar o seu zelo e dedicação á causa deste Santuário. Como ele, um outro vilar-ferreirense, Mário Borges Lopes,  ali se mantem activo e disponível servindo na Irmandade em colaboração com o actual  pároco de Vilar de Ferreiros, Sr. Padre João Paulo.
Preciso é também ter em conta que os principais obreiros são os fieis e amigos deste “santo miradouro” que contribuem com as suas  ofertas para que as obras se façam. O que não acontece se deixam dar ou pior se não reconhecem o labor e boa e séria administração dos bens da Irmandade, como tem acontecido. Por isso mereceu e é de louvar esta generosa golfada de carinho e zelo patrimonial vinda da parte da Câmara Municipal e do seu dedicado presidente, Humberto Cerqueira, e demais colaboradores seus. Trata-se de mais uma fonte de energia a valorizar o Santuário
Após este melhoramento ficou mais rico o Monte Farinha e mais enobrecido o trono granítico de Nossa Senhora da Graça, que até de noite passou a ser enxergado a muita distância de Mondim. Factos que destaco e ilustro com a bouça e capela do fundo, vistas à luz duma caveira…..
 “A Caveira do Ermitão
Segundo a tradição, essa tal caveira é a do primeiro ermitão que neste monte viveu e habitou um covil, perto da fonte vizinha da represa abundante de água cristalina que servia para lhe regar a bouça, ao lado onde se situa hoje a Capela do Fundo, na encosta voltada para Campos. Foi ele que junto a esta fonte (Fonte do Ermitão) construiu a primeira capela, que não foi certamente ao gosto da Senhora, porque de noite, dizem, abandonava-a para vir para o cimo do monte. Até que um dia surpreendida nos seus devaneios pela solicitude vigilante do ermitão, resultou uma nova edificação mais ao seu agrado no cume do Monte Farinha. Precisamente no coto deste santo lugar e miradouro inconfundível do norte de Portugal. Da identidade e quando tudo aconteceu a lenda só acrescenta mais: que certa noite, quando regressava ao seu tugúrio, o ermitão foi surpreendido por um bando de malfeitores que o assassinaram junto à vizinha Pedra Alta, na vertente para Atei, vindo depois a ser sepultado, com odor de santidade, à entrada da igreja paroquial de São Pedro de Vilar de Ferreiros. Lenda, mas é de supor haver alguma dose de realidade histórica, se se tiver em atenção o piedoso respeito que desde tempos muito recuados os peregrinos e romeiros que, de perto e longe, sobem ao Monte Farinha sempre manifestaram por esta enigmática caveira que depois de retirada há anos da casa das estampas, onde estava exposta, volta agora, a esta sala, mas como simples peça museológica, e a fazer memória conjuntamente com o folclore regional que no seu reportório alude a um ermitão deste santuário Mariano vitima de malfeitores:

Nossa Senhora da Graça,
que é do vosso ermitão?
- Ao cimo da Pedra Alta,
lhe fizeram a traição”.

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