BARROSO da FONTE |
É
usual dizer, em tom jocoso, que os homens se querem feios e que elas (as
mulheres) gostam mais dos carecas. Como anda tudo trocado, a opinião desse
faroleiro que «guincha» mais do que canta, nem merecia que a imprensa lhe desse
troco. Os guinchos desse batráquio ouviram-se em 2010. Mas só agora, pelo que
leio, tiveram eco em Alfândega da Fé. E a simpática comprovinciana Berta Nunes,
Presidente da Câmara local, fez aquilo que qualquer autarca transmontano,
poderia ter feito: «rua com ele porque nós apenas gostamos de quem goste de
nós. Dos mal agradecidos está o inferno cheio», dir-lhe-ía minha Mãe, se fosse
viva! Grande receita para quem é médica e sabe aplicar o remédio na hora certa.
As palavras que passaram na entrevista
conduzida por Nuno Marki no Canal Q, com esse insensato foram as seguintes:
«Essas pessoas do Portugal Profundo já deviam ter evoluído. Pessoas que nunca
viram o mar vão para o Pavilhão Atlântico, pessoas medonhas, feias,
desdentadas».
Esse «olho de vidro e cara de mau»,
desajeitado e retorcido, como corno de carneiro, não tem moral para ofender um
Povo hospitaleiro, franco e generoso. Ainda bem que essas atoardas vieram a
público e tiveram eco em quase toda a imprensa, antes que os dois espetáculos
previstos para Alfândega da Fé e Ribeira de Pena se tenham realizado. Se ele
tiver vergonha na cara e nojo das parvoíces que disse, será melhor não aparecer
por lá, hoje ou no futuro, mesmo que mude de cabeleira, de placa dentária e de
óculos a cores. Só complexados como José Cid, a quem a natureza marcou de raiz,
poderia manchar a ruralidade, a simplicidade e a grandeza social das Gentes
Transmontanas.
Leio na mesma fonte que a Câmara de Ribeira
de Pena, também transmontana, aplicou a esse ingrato cantor, a receita, de
Alfandega da Fé: «vá cantar a outra freguesia, seu palerma»!
Aqui
há uns anos o diretor do Sol, teve um gesto semelhante ao apelidar de «parolos»
três transmontanos que chegaram a Lisboa e meteram as mãos no saco da massa.
Esse jornalista generalizou e partiu para uma ofensiva, completamente errónea,
ao tratar por «parolos» todos os Transmontanos. Logo lhe volvi o troco e ele
não replicou. Mesmo que pretendesse atingir alguns políticos da nossa praça que
ainda estão a contas com a justiça, o editorialista (que por sinal, continuo a
ler semanalmente), não deveria ter generalizado. Mas ao globalizar nesse
adjetivo todos os «Transmontanos» foi de uma infelicidade atroz. Não me contive
e respondi-lhe à letra, como agora faço ao José Cid. Este não é exemplo para
ninguém, porque – declaradamente - lho
digo na cara: é tão feio como eu, torto com as silvas que dão amoras, vesgo
quanto baste e desarranjado que irrita quem o vê aos ziguezagues. Não gostando
de Tony Carreira e pensando que ele era Transmontano, Cid desencadeou uma chusma
de raiva que veio parar ao reino maravilhoso que se chama Trás-os-Montes. Se
pretendia ofender Tony Carreira enganou-se no número da porta.
Não era minha intenção abordar este tema. Mas
não ficaria bem comigo mesmo se deixasse passar este palerma sem um puxão de
orelhas. É «sexta às 9» e habituei-me a
ver este programa da Sandra Felgueiras. Mais dois temas escaldantes: a
desumanidade de alguns dirigentes que obrigaram uma funcionária pública, de 57
anos, a continuar ao serviço, quando qualquer cego bastaria ouvi-la para a
dispensar desse barbaridade.
Depois a saga incorrigível do governo de
António Costa em sanear a torto e a direito, mesmo aqueles titulares que haviam entrado através de
concurso público, por um júri plural que leva meses e consome balúrdios de
dinheiro para encontrar candidatos pelo critério do mérito. Esses candidatos
selecionados pela CREZAP têm garantia legal para cumprirem determinado tempo.
Qualquer «saneamento» político que ocorra durante esse tempo legal, o erário
público, ipso facto, tem de pagá-lo,
custe o que custar, como se tivesse cumprido o seu mandato integral. Pelo que
diz a imprensa os «saneados» estão a recorrer à sua substituição por
socialistas que nunca trabalharam, não se sujeitaram a qualquer tipo de
avaliação e entram com a fúria descabelada de endireitar o mundo que vão gerir
sem qualquer experiência.
Esta (in) governabilidade já se arrasta desde
há cerca de 40 anos. E repete-se com todos os partidos que têm formado
executivos ao centro, à esquerda e à direita. Com este tipo de «rendição da
guarda», não há orçamentos que resistam a cada nova mudança.
O que espanta e nos deixa apreensivos é que,
até agora, a esquerda radical, barafustava por tudo e por nada. Irritavam-se no
Parlamento e logo tinham as televisões, as rádios e os jornais, a jeito para
acusarem o centro e a direita de todos os pecados e pecadilhos. Agora,
apoiam-se no partido que os acolheu, lhes faz vénias e lhes vai aprovando
algumas propostas, para que possam reanimar a esquerda e esfregar ao sol da sua
irreverência congénita, o futuro da sua incomensurável ambição.
Barroso da Fonte
Sem comentários:
Enviar um comentário