JORGE LAGE |
A.M.PIRES CABRAL |
Por cortesia do muito
ilustre escritor, A. M. Pires Cabral, recebi do Grémio Literário de Vila-Real,
a edição fac-simile do Cancioneiro Popular de Vila Real. Este Cancioneiro
Popular foi recolha de Augusto C. Pires de Lima, então vindo a público pela
«Edição de Maranus», sediadas na rua Mártires da Liberdade, 178, «Pôrto – 1928»
(rua que já então da Livraria Académica, hoje pertença do mirandelense Nuno
Canavez) e neste ano da graça, sai a «3.ª edição, fac-simile da 1.ª Edição», em
formato 12 X 8,5 cm. Edição do Grémio Literário Vila-Realense – Câmara
Municipal de Vila Real, com uma tiragem de 300 exemplares. O Cancioneiro
Popular, com 239 páginas e 1179 quadras populares, está ordenado por ordem
alfabética, com vocabulário, etnografia e sentimentos muito ricos, emparelhado
muitas delas com os mais sábios ditos ou provérbios. Porque interessa ao «Poço
do Azeite», sinónimo de Terra Quente ou de Mirandela, reproduzimos algumas
quadras oleicas ou olivícolas, que ainda não vimos, «ipsis verbis», estampadas
em publicações do município mirandelense. Então chamemos-lhe:
QUADRAS
POPULARES VILA-REALENSES Á OLIVEIRA
A
azeitona caiu na água
Embarcou,
foi p’ra o Brasil:
Quem
por mim perdia o sono,
Agora
pode dormir.
A
azeitona querdovil
Quem
a comer morrerá:
Quem
fala do meu amor,
Pouca
vergonha terá.
Debaixo
da oliveira
É
um regalo amar:
Tem
a sombra miudinha,
Não
entra lá o luar.
Não
se me dá de quem fala,
Nem
de quem me põe a fama;
Eu
sou como a oliveira,
Que
sempre conserva a rama.
Oliveira
bate à porta,
Alecrim
vem ver quem é:
São
os olhos da Maria
Que
vêm namorar José.
Oliveira
tem pés de ouro,
Tuas
fôlhas são de prata;
Tomar
amores não custa,
Deixá-los
é que mata.
Oliveira
de pé de ouro,
Deita
as raízes de prata;
Tomar
amores não custa,
Deixá-los
é que mata.
Oliveiras,
oliveiras,
Quero
dizer – olivais.
Tenho
o coração mais negro
Do
que o fruto que vós dais.
Quando
eu era sacristão,
Deixava
o santo às escuras.
Jardim
das Oliveiras, em Jerusalém, onde Cristo rezou.
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