Trago na memória as pedras de musgo vestidas
Dos montes, das giestas verdes floridas
Que o vento fustiga sem pedir perdão,
E o sol aloirenta no pico do Verão.
Trago o muar das Galhardas
Que os trilhos ouviram séculos a fio,
Quando o homem o tocava de vara e com
brio,
Ao fresco aroma dessas madrugadas.
Ó serras altas!... Ó meus amores!...
Quem vos desenhou assim,
Jardins gravados, com lindas flores,
E hoje longe, tão longe de mim?
JORGE LAGE |
* Abílio Bastos - Maio de 1966
Nota: Ó Serras altas!... É uma saudosa
evocação do poeta, que lá longe, no Oceano Índico, a caminho de Timor sente das
Terras Altas de Abadim, Cabeceiras de Basto e Serra da Cabreira, com os míticos
«Moinhos d’El Rei», D. Dinis e toda a frescura e generosidade da serra.
Embarcou, em Lisboa, no dia 12 de Abril de 1966, num vapor, para uma comissão
militar em Timor e as saudades as musas da Cabreira abanaram-lhe a alma. A
viagem foi longa só terminou em Maio. Este poema inédito pode fazer 50
(cinquenta) anos no momento que chega às mãos do amigo leitor. Por este belo
poema ou por um bom momento que o amigo leitor recorde, da sua vida, faça um
brinde. Sempre que recordamos os bons momentos aproximamo-nos mais da
divindade.
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