JORGE LAGE |
As tradições das Maias ou Maios, colaram-se-me ao baú da memória por saber
que alguém injuriava esta nossa tradição religiosa universal. Embora sejam mais
conhecidos os aspectos mitológicos e sociais, relacionados com os antigos
romanos e celtas, não faltam tradições fenícias, egípcias e bíblicas bem mais
antigas. O mês ou os deuses de Maio, nas civilizações recolectoras e caçadoras,
e mais perto de nós agricultoras, marcavam um bom ou mau ano de fertilidade e
abundância ou de maleitas e mínguas. Foi depois de muito ler e meditar que
avancei para o estudo do tema, concluindo que estas tradições são tão antigas
como a consciencialização da humanidade pelas suas fragilidades. Bem pugnou o
cristianismo para abafar e erradicar esta crença multifacetada, sem o
conseguir. Mas a minha motivação começou com um singelo texto como libelo de
defesa da junta de freguesia de S. Victor, em Braga, para continuar com artigos
de maior fôlego e, por fim, o livro «As Maias entre mitos e crenças», cuja
edição está esgotada. Mas, este livro, como quase tudo que escrevo, foi pensado
com um desassossego e uma obrigação interior, para ser útil e honrar as nossas
tradições ameaçadas. É a escrita vista sob um pragmatismo de ser útil e, se
possível, gerar desenvolvimento e cultura. Foi com alguma emoção que há curtos
dias recebi da Carolina Campos (que mulher de guerra!) um convite para me
associar às «Maias» recriadas pelo Clube da Floresta «Vamos dar a mão à
Natureza», do ATL (Actividades dos Tempos Livres), do Centro Social e Cultural
de Bairro, de Vila Nova de Famalicão. O Cartaz é muito interessante e o
programa, para os dias 28 e 29 de Abril recria uma tradição que é herdamos, dos
romanos (as Forálias) e dos Celtas (ritos ao deus Beltane). Esta actividade
tradicional e criativa recebeu um grande impulso quando foi tema de uma
actividade obrigatória dos Clubes da Floresta e esta celebração é um dos seus
frutos, como em tantas escolas do país, como vai acontecer na Escola Gonçalo
Nunes, em Barcelos. Outros eventos acontecem por todo o país, como o «Festival
das Carretas floridas de Mirandela»,
«tapetes de flores na «A-da-Gorda», concelho de Óbidos, «a Associação para a
Defesa do Património Cultural da Região de Beja (AdpBeja)» com a sua «Rainha de
Maio» e um enorme potencial turístico. Pelo Alto Minho (Viana do Castelo) e no
distrito de Braga vão continuando as exposições e os concursos e de uma forma
avassaladora, geradora de cultura popular e de euros, em vários locais da
vizinha Galiza.
Jorge
Lage – jorgelage@portugalmail.com – 25ABR2016
Provérbios
ou ditos:
Do pão te hei-de contar, que em Abril
não há-de estar nascido, nem por semear.
Quem emprenha no bilhó faz a segada
ele só (in Língua Charra).
O bom vinho alegra o coração dos
homens (in Sagrada Escritura).
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