quinta-feira, 21 de abril de 2016

Um pouco da história das raízes do Presidente, Marcelo Rebelo de Sousa

Foto de 2011 com a minha equipa, em Camisa Presidente de Celorico de Basto e Presidente Marcelo. Grato ao Prof. Francisco Pacheco e ao blogue: http://ocastromanco.blogspot.pt/2016/03/entre-as-brumas-da-memoria-dos-teus.html


JORGE LAGE
Acompanho o Prof. Marcelo Nuno Duarte Rebelo de Sousa, desde o longínquo ano de 1973, quando os jornais, Diário de Lisboa e Expresso, eram proibidos na Sala de convívio da Messe de Oficiais de Mafra. Lembro-me de um capitão nos chamar a atenção e o então tenente Marques Júnior ter «espirrado» contra nós.
Passei a ler o Expresso até ao dia que apareceu o jornal Sol, devido aos textos do José António Saraiva, que demonstra grande coragem e um grande realismo no que escreve. Quando entende, põe a nu a sua vida e a da família. Os seus textos conseguem ver o que a maioria dos profissionais da lavoura de letras, não vê ou não lhe dá jeito ver.
Voltando ao Expresso, eu não era político mas gostava de ler novidades e outros camaradas do Curso de Capitães foram-me dizendo que o Expresso era um jornal novo e importante e fui lendo os textos de Marcelo e de outros.
Ao longo da vida foram-me contando passagens da vida de Marcelo que tomei como boatos e fui acreditando no que via.
Tive a felicidade de em 2006 e 2013, o Prof. Marcelo aconselhar, generosamente, dois livros meus: «Castanea uma dádiva dos deuses» e «Memórias da Maria Castanha».
Nesta altura não perdia os comentários do Prof. Marcelo na televisão.
Fico mais admirador de Marcelo, em Maio de 2011, ao aceitar o meu convite para presidir ao «XI Encontro Distrital de Braga, de Clubes da Floresta, em Celorico de Basto» de que fui o responsável. Todas as dúvidas que tinha foram dissipadas.
Uma Professora pede-me para tirar uma foto com o Prof. Marcelo e eu disse-lhe que não tinha confiança com ele, iria ver a sua receptividade.
Mas, no momento solene de encerramento das actividades, o Prof. Marcelo andava no meio dos Alunos e Professores, como se fosse mais um, sentado pelas escadarias a tirar fotos de conjunto e em palco foi de uma atenção e simplicidade inexcedíveis. Esteve sempre disponível para fotos e autógrafos. Espalhou felicidade e simplicidade pelas centenas de Alunos e Professores. Hoje essas fotos são muito procuradas pêlos protagonistas e vou-as distribuindo.
Era da história das raízes do Presidente que eu queria dar duas palavras ao amigo leitor. Estas estão nos concelhos de Cabeceiras de Basto, Celorico de Basto e Fafe.
Há quase 200 anos, no lugar do Paço (ou Paço de Vides), freguesia de Pedraça - Cabeceiras de Basto, numa grande casa, que já visitei como escola, que foi propriedade do rico negociante e proprietário, Manuel Joaquim Rebelo de Sousa, nascido em 1830 e casou com Felicidade de Jesus (natural de Pedraça e filha de José Mendes de Magalhães e de Teresa Dias de Jesus do Nascimento), bisavós do Prof, Marcelo.
Felicidade de Jesus era chamada «Mãe do Paço» e deste casamento nasceram sete rebentos: duas meninas (Rozalinda do Nascimento e Valentina) e cinco meninos (Baltazar, António, José, Bernardino e Joaquim - todos os rapazes tinham «Joaquim» como o pai, em uso no séc. XIX).
António Joaquim, avô do Prof. Marcelo (n. a 08ABR1860) com 13 anos emigrou para o Rio de Janeiro como acontecera antes ao irmão Baltazar e depois aos restantes, ficando as irmãs em Pedraça.
O pai (bisavô de Marcelo), Manuel Joaquim por se separar tão cedo dos filhos, quis deixar-lhes alguns conselhos, que publicou, em 1875, na Typografia Lusitana do Porto, «Conselhos de um Pae Extremoso a seus Filhos Queridos ausentes no Brazil», lembrando a honestidade, integridade e honra, valores para guiarem a família: «Peço-vos que sejaes modestos no trajar; que trajeis sempre segundo a graduação da vossa vida, nem de mais nem de menos, porque tão mal parece estar collocados em boa posição e trajarmos fóra della, como estamos collocados em fraca posição e trajarmos acima della. Deveis conhecer que o luxo é quasi uma mania geral e com elle se perdem boas casas, e por isso é só permitido para quem está em estado de o ter, e de mais a mais o habito não é que faz o monge, e por tanto o que nos torna differentes uns dos outros, são as boas ou más acções que cada um de nós pratica...»
Baltazar e António regressam do Brasil três anos depois e rumam a Angola e a seguir os restantes irmãos. Eram terras de doenças tropicais como o paludismo e a malária.
Rosalinda do Nascimento fugiu de casa para casar com o amor da sua vida, Joaquim Vilela de Andrade, viúvo, da Casa da Carrapata, em Pedraça, e com mais 23 anos que ela, casando-se mais tarde já com filhos.
Valentina, a outra irmã, casou com Avelino Martins de Carvalho, da Casa do Vale – Cavês - Cabeceiras de Basto.
A 04JUL1883 morre (53 anos) o patriarca e pilar Manuel Joaquim na sua casa em Paço de Vides, ficando à frente a viúva, Felicidade de Jesus (bisavó).
O avô do Prof. Marcelo, António Joaquim Rebelo de Sousa de 29 anos, fez fortuna no interior de Angola, trocando café por tecidos e bugigangas, vivendo maritalmente com Joaquina Rosa da Costa, de Águas Santas – Póvoa de Lanhoso e nasceram sete filhos (Augusta, António, Bernardino, Joaquim, Eduardo, Álvaro e Óscar). Trinta anos depois, fixa-se em Luanda, na rua do Bungo, com a «Casa Catonho Tonho» (isto é, a Loja do António).
Joaquina Rosa morre na década de dez do séc. XX e António volta a casar com Joaquina Leite da Silva (a célebre avó Joaquina - n. 17MAR1895 e m. 16ABR1975), da Gandarela de Basto (S. Clemente) – Celorico de Basto e 35 anos mais nova. Vêm viver para Lisboa, em Santos-o-Velho, rua Vitorino Damásio n.26, 2.º e a 16 de Abril de 1921 nasce Baltazar Rebelo de Sousa, pai do Prof. Marcelo. O avô António morre a 07AGO1927 e a avó casa com Joaquim Terroso, comerciante de Fafe.
Baltazar tira Medicina e na Mocidade Portuguesa torna-se grande amigo de Marcelo Caetano. Casa, a 05ABR1947, com M.ª das Neves Fernandes Duarte (n. a 30JUN1920, na freg. da Conceição – Covilhã), sem consentimento da família, em cerimónia muito simples, tendo Marcelo Caetano e a esposa por padrinhos.
Marcelo nasce a 12DEZ1948 e Marcelo Caetano, devido à idade recusa ser padrinho.
O pai ocupa cargos no governo de Salazar e em 1968 é Governador-Geral de Moçambique, apanhando-o o 25ABR1974, como Ministro do Ultramar. Exila-se no Brasil, donde regressa em 1995 e morre a 01DEZ2002 e a mãe a 07MAR2003.
Durante a sua vida nunca renegou as raízes e origens, sendo de uma grande popularidade e simplicidade. Tomou posse como 20 Presidente da República 09MAR2016. As maiores felicidades Professor Marcelo!

Jorge Lage –jorgelage@portugalmail.com– 20MAR2016


Sem comentários:

Enviar um comentário

O excedente e as aldrabices

Todos sabemos qual foi a narrativa em 2015, utilizada pelo dr. Costa para poder formar a geringonça: Troika, Passos, etc. Durante 8 anos...