Barroso da Fonte
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Não foi moralizador, muito menos educativo e, menos ainda, pedagógico,
porque estavam em campo cinco
doutorados, dois deles catedráticos. Pretendia eleger-se o super-sumo da inteligência
num país com quase nove séculos de história. É uma eleição fundamental. Mas o
que se viu e ouviu foi muito pobre, de muito baixo nível e sem nada de novo que justifique trocar o
certo pelo duvidoso, a realidade pela aventura.
Se
me perguntassem qual dos dez desempenhou melhor o seu papel, eu diria que foi o
Tino de Rãs. Exatamente porque a campanha esteve muito mais ao seu nível, do
que ao nível dos «doutores». De resto,
aos olhos de quem os acompanhasse, a partir do espaço, daria o prémio de
vencedor ao Tino de Rãs, porque foi
aquele que mais se riu e fez rir, aquele que deu a volta ao país numa só
viatura emprestada ou paga a prestações, já que 50 mil euros que programou para
a campanha, não davam para mais. Comparada essa verba com os 750 mil euros de Sampaio
da Nóvoa, é quase ridícula.
Todos quiseram ser comedidos, prometer tudo a todos, mesmo sabendo que
um Chefe de Estado, nunca poderá decidir
sobre benefícios. Depois da farsa adúltera, parida em 4 de Outubro, com toda a esquerda em algazarra e aos beijinhos,
qualquer PR tem a vida facilitada. Nenhum dos dez, mesmo que tenha vontade de
não promulgar o orçamento ou de derrubar o governo, terá coragem de o
fazer. Cairá o Carmo e a Trindade. É
óbvio que só um deles poderá ser eleito.. Mas aquele que as sondagens apontam
como mais provável, já elogiou o atual governo, tranquilizando o seu chefe. Por
isso Marcelo já antecipou a decisão favorável para os quatro anos de mandato.
O
chefe do governo, além da rasteira que passara ao camarada António José Seguro,
repetiu o golpe ao apoiar Sampaio da Nóvoa. Este, à boa maneira da «auréola do
heroísmo na luta antifascista, que Camilo Mortágua apregoava aos muitos jovens
que se aproximavam da LUAR, a única organização a que estive ligado, muito por
via do Zeca Afonso», como se lê na página 100 da biografia de Nóvoa, assinada
por Fernando Madaíl, congregou à sua volta o «rebusco» da sociedade. À imagem
da pescaria tudo o que vier à rede é peixe. As convicções ficam em casa.
António Costa antecipou-se, no apoio a
este intelectual, no convencimento de que seria o homem certo para ganhar a PR,
numa provável segunda volta. E traiu Maria de Belém. Como não há duas sem três,
se Marcelo ganhar à 1ª volta, o PS de Manuel Alegre, de Jorge Coelho, de Vera
Jardim e de outros varões socialistas,
vai partir a louça.
Sampaio da Nóvoa foi quem mais atacou: Marcelo e Maria de Belém. É
preciso ter alguns laivos de cinismo para usar a «Constituição da República»,
como seu programa presidencial, tentando rebater Marcelo ou Maria de Belém que
desde a Constituinte, até hoje, com ela se debateram em diálogos acalorados, em
situações essenciais, em pareceres técnicos que prevalecem. E, mais do que
cínico, chegou a ser infantil para com o comentador da TVI por este usufruir do
mediatismo televisivo. Mas Nóvoa não
usufruiu do mediatismo reitoral que lhe adveio dessa função? Não terá
sido por isso que Cavaco lhe preparou o palco mais apetecível, no 10 de Junho
de 2012, quando proferiu o discurso no Dia de Portugal? Não estará Sampaio da
Nóvoa a ser ingrato para com Cavaco ao acusá-lo de que desprestigiou o cargo?
Mas não foi nesse dia e com esse discurso que ganhou a vocação política para
deixar de ser soldado recruta para ser o chefe supremo das Forças Armadas? Não
foi ele que trouxe esse chavão para a campanha?
Acaso não foi na quadratura do circulo, da
SIC, que António Costa se notabilizou?
Sampaio da Nóvoa, a meio da campanha, quando
se apercebeu de que Maria de Belém estava à sua frente nas sondagens, redobrou
o nervosismo, deixou cair o verniz e tentou ser o vice-campeão da 1ª volta para
marcar terreno na 2ª. Como ele não foi à tropa
e pouco saberá da poda, incumbiu um capitão de Abril, hoje graduado em
general, seu mandatário por Viseu, de acusar Marcelo, que tinha 25 anos, quando
se deu o 25 de Abril e que não foi à tropa por ser filho do ministro do
Ultramar. Este insulto provindo do mandatário de Nóvoa, resvalou, de ricochete,
contra o candidato que tinha 20 anos e padecera da mesma proteção. E que culpa
teve Marcelo de não ser convocado, se Jorge Sampaio, Freitas do Amaral e vários
outros, também não foram tropas por influência paterna e são tidos como os pais da democracia
portuguesa? Quem acusa quem? Pretendia Nóvoa ser general com base no estatuto
do seu mandatário? Já um dos dez candidatos, também da área do PS, veio
acusá-lo de que pelo facto de não ter sido tropa, não tem moral para ser o
chefe supremo das forças armadas.
Alguns doutoramentos obtêm-se pelo
estatuto do honoris causa. Mas o generalato só em revoluções como a do 25 do
Abril. E Nóvoa não esteve lá. Resta saber porquê e com que base acusa o seu
colega Marcelo Rebelo de Sousa. O juiz será o povo no próximo domingo.
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