Passos
Coelho não falou no Parlamento, mas explicou esta tarde aos jornalistas as
razões que o levaram a decidir pela abstenção do PSD para viabilizar o
Orçamento Retificativo necessário para a resolução do Banif.
“Não usamos matérias relacionadas com a
estabilidade do sistema financeiro para fazer desforras politicas”, justificou
Passos, explicando que, como disse ontem, caso fosse primeiro-ministro não
teria optado por “uma solução muito diferente” daquele que António Costa
encontrou para o Banif.
“Ninguém mais do que eu tem razões para
não gostar do que se passou” disse, ressalvando que isso não o fará tomar
decisões que ponham em causa a situação económica e financeira do país, numa
resposta a quem no PSD gostaria de ter usado a ocasião para provocar uma crise
política à esquerda.
A quem queira ver nas declarações uma
indireta ao CDS, que optou por votar contra o Orçamento Retificativo, Passos
responde de forma seca, sem se alongar sobre as opções do seu antigo parceiro
de coligação: “O CDS decidiu como entendeu e eu respeito essa decisão do CDS”.
Para avaliar se devia ou não viabilizar o
Orçamento Retificativo, Passos Coelho ponderou sobre o que faria no lugar de
Costa. “O que interessa é avaliar se no caso do Banif se teríamos uma solução
que fosse radicalmente diferente”, disse, para voltar a admitir que a sua
solução não poderia ser muito diferente.
As dúvidas do ex-primeiro-ministro
Apesar disso, o líder do PSD diz ter
“dúvidas” sobre a forma como Costa conduziu o processo e sobre os montantes envolvidos
na resolução e que obrigarão a uma injeção de dinheiros públicos que pode
chegar aos três mil milhões de euros.
“Temos muitas dúvidas sobre o processo”,
afirmou Passos, que gostaria de ver Costa e Mário Centeno a responder a
questões sobre a forma como negociou o haircut dos ativos do banco e a explicar
“por que é que nas negociações com o Santander foi necessário apresentar uma
garantia tão elevada”.
Numa alusão a uma notícia do TVI que dava
conta do encerramento iminente do banco, Passos Coelho reforçou a ideia de que
o Banif sofreu uma forte desvalorização nas últimas duas semanas que nada teve
que ver com a ação do Executivo que liderou.
“Não foi com certeza porque o anterior
Governo não resolveu o problema a tempo”, declarou, referindo-se à desvalorização
do banco e afirmando que “começa a ser inaceitável que o governo se desculpe
com o anterior governo”.
De resto, a dúvida essencial de Pedro
Passos Coelho é a de saber se António Costa teria tido o mesmo sentido de
responsabilidade que o levou a abster-se esta quarta-feira. “Para resolver
assim, claro que nós também tínhamos resolvido antes. Fica a dúvida sobre se o
PS teria achado bem”, disse.
O que o PSD não podia fazer, reforça,
seria chumbar o Orçamento necessário para concretizar a resolução. “Não vamos
contribuir para a liquidação do banco que foi uma coisa que sempre quisemos
evitar”, sublinhou.
Passos deixa aviso a Costa
Mas se desta vez o PSD teve de dar a mão
ao Governo de Costa, Passos Coelho não quer que o primeiro-ministro se habitue
a ter como aliados os sociais-democratas sempre que não conseguir chegar a
acordo com os partidos de esquerda que suportam o seu Executivo no Parlamento.
“Que não se fie nessa votação para achar
que é assim que tem o apoio para governar”, avisou o líder social-democrata.
Líder do PSD quer auditoria externa ao
Banif
“Se temos dúvidas sobre este processo, e
temos, elas devem ser esclarecidas na comissão de inquérito ou, como exigi pela
voz do líder parlamentar do PSD, então, deve ser contratada uma auditoria
externa independente para avaliar tudo o que se passou desde que houve
capitalização em janeiro de 2013 até agora”, afirmou Passos Coelho, que diz
confiar nos resultados dessa análise porque “as auditorias financeiras são
sobre quem sabe fazê-las”.
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