ORDEM de OURIQUE |
Barroso da Fonte
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Seguiu-se o almoço no Hotel de Lamego,
durante o qual foram entregues os diplomas aos novos cavaleiros e damas, após
uma preleção alusiva ao ato, pelo Sócio Fundador Dr. Abel de Lacerda Botelho.
Foi deste ideólogo sem fronteiras que nasceu e tem vindo a implantar-se na sociedade Portuguesa este
ímpeto. No preâmbulo dos estatutos consignou que a «Ordem de Ourique é um bem
comum, inerente em primeiro lugar, a todos os povos que herdaram esse bem e, em
segundo lugar, a todos os que, fora da linha hereditária, na Portugalidade
achem motivações e respostas adequadas ao seu destino, à maior glória de Deus e
da Pátria. É uma Associação cívica, sem fins lucrativos. Nasceu da vontade de
portugueses que têm consciência da realidade de uma axiologia lusíada que se
exprime, quer no pensamento, quer na história mediante uma língua e uma cultura
específicas, singulares, sem prejuízo de uma dialogante existência, com vista
ao estabelecimento de uma sociedade justa, solidária e cultuante da paz».
SÉ de LAMEGO |
A cidade de Lamego assistiu ao cortejo de dezenas de Cavaleiros e Damas, com suas capas brancas e insígnias próprias da Ordem que pretende reavivar a memória da Batalha do mesmo nome, ocorrida em 28 de Julho de 1139, dia em que Afonso Henriques completava 28 anos. Foi após essa Batalha em que venceu os cinco reis mouros que Afonso Henriques se considerou rei, pela primeira vez. A este feito do Rei Fundador se deve a legenda: In Hoc Signo Vinces = com este sinal vencerás. A tradição diz que esta legenda com as quatro palavras e a figura de Constantino, foram vistas em volta de uma cruz que lhe apareceu nos ares, quando marchava contra Maxêncio.
Este emblema estampado nas capas que os
sócios, beneméritos, honorários ou efetivos usam em cerimónias públicas
representa um dos Sinais e Selo que D. Afonso Henrique criou e usou após essa
Batalha. E simboliza o Anjo de Portugal com as suas Asas abertas e protetoras.
A Cruz ao centro relembra a visão que D. Afonso Henriques teve de Cristo crucificado
na véspera da mesma Batalha. As quatro esferas nos pontos cardeais simbolizam a
perene compromisso que Afonso Henriques em seu nome e de todas as gerações de
Portugueses assumiu perante Deus, de tornar conhecido e venerado em todo o
mundo, o Santo nome de Cristo e a sua mensagem de Justiça, de amor e de paz.
Pintura de Nicolau Nazoni no tecto da Sé de Lamego |
Na cerimónia de investidura dos novos confrades que teve por palco a Capela do Divino Espírito Santo, o investigador J. Pinharanda Gomes e o Confrade Fundador Abel Lacerda Botelho proferiram explicações alusivas aos atos que tinham começado na véspera com uma velada e leitura de meditação pelo Postulante Cor. João dos Santos Fernandes. Seguiram-se uma invocação de Santo Nuno de Santa Maria e essa velada terminou com a Bênção pelo Confrade Padre Fernando Albano.
Foi uma jornada histórica esta que os
órgãos sociais da Ordem de Ourique fizeram em 6 e 7 do corrente à cidade de
Lamego. O pintor João Soares expôs ali dez pinturas alusivas ao Fundador.
Participámos como sócio honorário (nº
5 ) nesta memorável deslocação ao norte. Conhecemos entre os participantes
membros da mesma família (Pizarro, de Chaves) três gerações: avô, filho e neto.
Como estudioso da vida e obra de Afonso Henriques, esta Ordem diz-nos muito. E
em Lamego, onde em 1964, fiz o curso de Operações Especiais (ranger), e lá
regresso, de vez quando, como sócio nº 15 da Associação dessa classe de
militares, quase me arrepiaram os cabelos do corpo e da alma.
A Ordem de Ourique tem um
simbolismo inimaginável para os Portugueses. E encerra mistérios que o Padre
José Pinto Pereira condensou nos dez argumentos que ditaram o «Aparato
Histórico» sobre a Santidade de Afonso Henriques. Nessa obra que possuímos
e que foi editada em Roma em 1728, demonstrou que o nosso I Rei foi «Pio, Beato
e Santo». Foi uma tese aprovada em todos os graus hierárquicos da Santa Sé.
Nessa obra insuspeita se confirma a tradição que em 2009, numa pirueta
historiográfica, alguns historiadores profissionais, com o beneplácito da
Academia Portuguesa de História, quiseram impor ao afirmar o seu nascimento em
Viseu, em Agosto de 1109.
O Dr. Abel de Lacerda Botelho,
alma da Ordem de Ourique, recordou-nos o convite para avançar com a reedição
dessa obra que até agora esteve retida nas prateleiras. Assim a saúde o
permita.
Barroso da Fonte
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