quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Ordem de Ourique entronizou cavaleiros em Lamego

ORDEM de OURIQUE

Barroso da Fonte
Em cerimónia de elevado sentido histórico para a promoção da Portugalidade decorreu na Sé de Lamego, na manhã do último Sábado, a investidura de mais 17 damas e cavaleiros. Vieram de todo o país. De Lisboa, onde funciona a sede, chegaram em autocarro 50 membros, entre os quais o Estado Maior da Ordem. A chegada à cidade que alberga o Centro de Operações Especiais, mais conhecidos por rangeres, foi ao início da tarde. Seguiu-se uma visita guiada ao Santuário de N. Srª dos Remédios, às caves e às 21 h decorreu uma vigília e veneração a São Nuno de Santa Maria, na igreja Maior de N- Srª de  Almacave. Na manhã de Sábado, teve lugar o ato da investidura na Capela do Divino Espírito Santo, uma cerimónia de grande recolhimento e sentido cristão que foi presidida pelo Bispo Emérito de Lamego D. Jacinto Botelho. Ao meio dia realizou-se uma concelebração de Missa Solene na Sé Catedral, com um amplo coro, muito afinado e com os cavaleiros acabados de empossar e outros mais antigos, trajando as mantas brancas da Ordem e colares alusivos para cavaleiros e para as damas.
 Seguiu-se o almoço no Hotel de Lamego, durante o qual foram entregues os diplomas aos novos cavaleiros e damas, após uma preleção alusiva ao ato, pelo Sócio Fundador Dr. Abel de Lacerda Botelho. Foi deste ideólogo sem fronteiras que nasceu e tem vindo  a implantar-se na sociedade Portuguesa este ímpeto. No preâmbulo dos estatutos consignou que a «Ordem de Ourique é um bem comum, inerente em primeiro lugar, a todos os povos que herdaram esse bem e, em segundo lugar, a todos os que, fora da linha hereditária, na Portugalidade achem motivações e respostas adequadas ao seu destino, à maior glória de Deus e da Pátria. É uma Associação cívica, sem fins lucrativos. Nasceu da vontade de portugueses que têm consciência da realidade de uma axiologia lusíada que se exprime, quer no pensamento, quer na história mediante uma língua e uma cultura específicas, singulares, sem prejuízo de uma dialogante existência, com vista ao estabelecimento de uma sociedade justa, solidária e cultuante da paz».

SÉ de LAMEGO

A cidade de Lamego assistiu ao cortejo de dezenas de Cavaleiros e Damas, com suas capas brancas e insígnias próprias da Ordem que pretende reavivar a memória da Batalha do mesmo nome, ocorrida em 28 de Julho de 1139, dia em que Afonso Henriques completava 28 anos. Foi após essa Batalha em que venceu os cinco reis mouros que Afonso Henriques se considerou rei, pela primeira vez. A este feito do Rei Fundador se deve a legenda: In Hoc Signo Vinces = com este sinal vencerás. A tradição diz que esta legenda com as quatro palavras e a figura de Constantino, foram vistas em volta de uma cruz que lhe apareceu nos ares, quando marchava contra Maxêncio.
 Este emblema estampado nas capas que os sócios, beneméritos, honorários ou efetivos usam em cerimónias públicas representa um dos Sinais e Selo que D. Afonso Henrique criou e usou após essa Batalha. E simboliza o Anjo de Portugal com as suas Asas abertas e protetoras. A Cruz ao centro relembra a visão que D. Afonso Henriques teve de Cristo crucificado na véspera da mesma Batalha. As quatro esferas nos pontos cardeais simbolizam a perene compromisso que Afonso Henriques em seu nome e de todas as gerações de Portugueses assumiu perante Deus, de tornar conhecido e venerado em todo o mundo, o Santo nome de Cristo e a sua mensagem de Justiça, de amor e de paz.

Pintura de Nicolau Nazoni no tecto da Sé de Lamego
 
Na cerimónia de investidura dos novos confrades que teve por palco a Capela do Divino Espírito Santo, o investigador J. Pinharanda Gomes e o Confrade Fundador Abel Lacerda Botelho proferiram explicações alusivas aos atos que tinham começado na véspera com uma velada e leitura de meditação pelo Postulante Cor. João dos Santos Fernandes. Seguiram-se uma invocação de Santo Nuno de Santa Maria e essa velada terminou com a Bênção pelo Confrade Padre Fernando Albano.
  Foi uma jornada histórica esta que os órgãos sociais da Ordem de Ourique fizeram em 6 e 7 do corrente à cidade de Lamego. O pintor João Soares expôs ali dez pinturas alusivas ao Fundador.
  Participámos como sócio honorário (nº 5 ) nesta memorável deslocação ao norte. Conhecemos entre os participantes membros da mesma família (Pizarro, de Chaves) três gerações: avô, filho e neto. Como estudioso da vida e obra de Afonso Henriques, esta Ordem diz-nos muito. E em Lamego, onde em 1964, fiz o curso de Operações Especiais (ranger), e lá regresso, de vez quando, como sócio nº 15 da Associação dessa classe de militares, quase me arrepiaram os cabelos do corpo e da alma.
A Ordem de Ourique tem um simbolismo inimaginável para os Portugueses. E encerra mistérios que o Padre José Pinto Pereira condensou nos dez argumentos que ditaram o «Aparato Histórico» sobre a Santidade de Afonso Henriques. Nessa obra que possuímos e que foi editada em Roma em 1728, demonstrou que o nosso I Rei foi «Pio, Beato e Santo». Foi uma tese aprovada em todos os graus hierárquicos da Santa Sé. Nessa obra insuspeita se confirma a tradição que em 2009, numa pirueta historiográfica, alguns historiadores profissionais, com o beneplácito da Academia Portuguesa de História, quiseram impor ao afirmar o seu nascimento em Viseu, em Agosto de 1109.
O Dr. Abel de Lacerda Botelho, alma da Ordem de Ourique, recordou-nos o convite para avançar com a reedição dessa obra que até agora esteve retida nas prateleiras. Assim a saúde o permita.
                                                                                                               Barroso da Fonte

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