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Jorge Lage
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5- Livro de Poemas:
Memórias e Divagações – Com a simplicidade e afabilidade que caracterizam, o
poeta macedense, João de Deus Rodrigues, lançou um novo livro de poemas
«Memórias e Divagações. O Prefácio, intitulado «Um livro de protesto», é do
ilustre escritor, A. M. Pires Cabral, onde diz que o poeta «recorda», «observa»
e «discorre». Refere as incertezas e críticas do poeta sobre os males que
afectaram a sociedade desde o consulado de Sócrates e os malefícios impostos
pela tróika. Transporta consigo os valores genuínos trasmontanos e diz que se
«emprestou» à cidade de Lisboa onde reside e que aprendeu a amá-la. Mas,
segundo o nosso prefaciador, que documenta com versos de protesto, o poeta
regressa à aldeia natal e sofre com a agonia do nosso mundo rural trasmontano.
A edição do livro é da «Poética edições», ilustrado por Luís Manuel Pereira,
com uma tiragem de 500 exemplares. O livro, de 136 páginas, está dividida em
duas partes: «Memórias» com 31 poemas e «Divagações» com 33. É um livro de
poemas que se lê e compreende bem, e que aconselho aos leitores que gostam de
sonhar e recordar. Os meu parabéns ao João de Deus por mais este seu bom livro.
Os pedidos podem ser feitos a geral@poetica-livros.com, 278106420 e o livro
consultado no blogue poeticaedicoes.blogspot.com .
Jorge Lage –
jorgelage@portugalmail.com – 10SET2015
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João de Deus Rodrigues |
Pobres Mendigando o pão *
Chegavam e batiam às
portas uma vez por ano.
Eram tão certos como as
andorinhas na Primavera.
De onde vinha e quem
eram, era puro engano,
Estender a mão à
caridade, coisa fácil não era.
Batiam sempre às mesmas
portas, delicados.
Descoberto rezavam uma
oração, devotamente,
Acompanhados pêlos
ocupantes deliciados,
Por verem à sua porta o
«seu pobre» novamente.
Eram pobres felizes, por
verem pobres ambulantes,
Carregando o alforge,
mendigando o pão.
Subindo e descendo
escadas, agora como dantes,
Rezando a mesma oração,
por alma dos que lá estão.
Que partiram tão pobres
ao encontro do Pai Eterno
Como hoje partem outros,
tão pobres como então.
*João de Deus Rodrigues,
in Memórias e Divagações – Braço de Prata (Lisboa), 1985
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