Jorge Lage |
2- A vespa das galhas do
castanheiro está a entrar no souto da serra da Padrela e Carrazedo Montenegro Trás-os-Montes
– Embora os Serviços Regionais de Agricultura Entre Douro e Minho tenham
detectado pela primeira vez esta praga do castanheiro na região do Minho, esta
já tinha sido referenciada em Trás-os-Montes há uns três anos a trás, como
referiremos em livro a publicar. O que aconteceu, alguns doutos de gabinete,
como se compadres fossem de certos viveiristas e o que importava era vender pés
novos de castanheiro sem saber bem a sua proveniência e o seu estado sanitário.
Um dos maiores castanhicultores do Nordeste Alentejano, dizia-me agastado por
se julgar ludibriado: «dizem que são resistentes e morrem c’mós outros». Há
duas colheitas a trás o preço da castanha disparou e, em vez de se referir que
a subida exagerada do preço do quilo da castanha se devia à falta dela, em
Itália e França devido à praga da Vespa das Galhas do Castanheiro,
incentivava-se o cultivo dos pés exógenos enxertados com castanha estrangeira
de inferior qualidade. Fui defendendo que se deviam cultivar as nossas
variedades mais comercializadas, como a grande «Judia», em Trás-os-Montes; a
grande e reboluda «Martaínha» na Beira alta e Centro; a média «Longal» por todo
o país da castanha (a nossa melhor castanha em conservação, descasque e sabor);
e a pequena «Côta» em Terras de Aguiar (a mais doce e que mais rende nos
magustos). Quando soube que a praga da
«Vespa das Galhas do Castanheiro» (Dryocosmus kuriphilus yasumatsu) já se fazia
sentir na Catalunha achei que seria ano a trás, ano à frente, e algum camião de
viveirista a traria à boleia. E, afinal, já tinha chegado. O que me surpreende
em mais esta tragédia sanitária castanhícola foi haver gente que se arroga de
grande saber, não querer saber para retardar a entrada da doença. Diz o povo
que «vale mais prevenir que remediar» ou importará mais vender pés e mais pés
que quem fica com eles, sãos ou doentes, que se avenha. Para além de alguma
literatura explicativa oportuna sobre como reconhecer a doença e comunicá-la às
autoridades será o primeiro passo. Mas, curioso, até esta literatura poder ser
rentável a quem a produz e a divulga e os problemas maiores ficarão para os
esquecidos «homens da terra». Este tema já aqui foi tratado e alertado por mim
há algum tempo, com base em informação difundida, pelo que endendi fazer mais
uma reflexão para se questionar por que é que não se apostou em medidas
preventivas? Recordo-me que para a última grande praga do pinheiro bravo, até
se definiram cordões sanitários e controlo da proveniência da madeira
circulante. Alguém enriquecerá com a castanha e os castanheiros, doentes ou
sãos, mas não estará na linha da frente o castanhicultor.
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