quinta-feira, 4 de junho de 2015

O Caldo de Chelas (Mirandela) e As Vespas das galhas dos castanheiros


NOTAS DE RODAPÉ (124)

Jorge Lage
1- «Vem e come o caldo connosco… em Chelas», em 10 de Junho – 2015 –. Chelas convida: - Vem e come o caldo connosco…. O Programa inicia-se com a Caminhada «à procura de Chelas», pelas 16H30, de 10 de Junho p.f., na rua da República. A visita à Igreja Paroquial de Sta M.ª Madalena é pelas 18H00, com merenda ajantarada, caldo verde, sardinhada e outros petiscos. Cada pessoa pagará «5 caibros» que serão para ajudar a diminuir à divida das obras da Igreja da minha terra. Ainda haverá apresentação do livro «Falares de Mirandela», de Jorge Lage, será feita pela M.ª Gentil Vaz e pelo Cónego Silvério, que foram os mentores de me associar. Tendo em conta a palavra da Bíblia Sagrada: «ninguém é Profeta na sua Terra». E eu vou com esse espírito e com muitas referências a Chelas. Só a palavra «Chelas» aparece referida 25 vezes, num livro de 180 páginas. Os livros (vendidos) são oferecidos à Igreja para encurtar às despesas. Haverá, ainda, animação e bailarico. Para quem não conhece esta pequena aldeia, informa-se que fica a seguir ao Parque de Campismo de Mirandela e à «Ponte das Barcas». Dia 10 vamos poder conversar e petiscar ao cair da tarde, estão todos convidados.



2- A vespa das galhas do castanheiro está a entrar no souto da serra da Padrela e Carrazedo Montenegro Trás-os-Montes – Embora os Serviços Regionais de Agricultura Entre Douro e Minho tenham detectado pela primeira vez esta praga do castanheiro na região do Minho, esta já tinha sido referenciada em Trás-os-Montes há uns três anos a trás, como referiremos em livro a publicar. O que aconteceu, alguns doutos de gabinete, como se compadres fossem de certos viveiristas e o que importava era vender pés novos de castanheiro sem saber bem a sua proveniência e o seu estado sanitário. Um dos maiores castanhicultores do Nordeste Alentejano, dizia-me agastado por se julgar ludibriado: «dizem que são resistentes e morrem c’mós outros». Há duas colheitas a trás o preço da castanha disparou e, em vez de se referir que a subida exagerada do preço do quilo da castanha se devia à falta dela, em Itália e França devido à praga da Vespa das Galhas do Castanheiro, incentivava-se o cultivo dos pés exógenos enxertados com castanha estrangeira de inferior qualidade. Fui defendendo que se deviam cultivar as nossas variedades mais comercializadas, como a grande «Judia», em Trás-os-Montes; a grande e reboluda «Martaínha» na Beira alta e Centro; a média «Longal» por todo o país da castanha (a nossa melhor castanha em conservação, descasque e sabor); e a pequena «Côta» em Terras de Aguiar (a mais doce e que mais rende nos magustos).  Quando soube que a praga da «Vespa das Galhas do Castanheiro» (Dryocosmus kuriphilus yasumatsu) já se fazia sentir na Catalunha achei que seria ano a trás, ano à frente, e algum camião de viveirista a traria à boleia. E, afinal, já tinha chegado. O que me surpreende em mais esta tragédia sanitária castanhícola foi haver gente que se arroga de grande saber, não querer saber para retardar a entrada da doença. Diz o povo que «vale mais prevenir que remediar» ou importará mais vender pés e mais pés que quem fica com eles, sãos ou doentes, que se avenha. Para além de alguma literatura explicativa oportuna sobre como reconhecer a doença e comunicá-la às autoridades será o primeiro passo. Mas, curioso, até esta literatura poder ser rentável a quem a produz e a divulga e os problemas maiores ficarão para os esquecidos «homens da terra». Este tema já aqui foi tratado e alertado por mim há algum tempo, com base em informação difundida, pelo que endendi fazer mais uma reflexão para se questionar por que é que não se apostou em medidas preventivas? Recordo-me que para a última grande praga do pinheiro bravo, até se definiram cordões sanitários e controlo da proveniência da madeira circulante. Alguém enriquecerá com a castanha e os castanheiros, doentes ou sãos, mas não estará na linha da frente o castanhicultor.


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