Heróis do Ultramar é um conjunto de pequenas histórias
que fizeram grandes alguns dos protagonistas da Guerra do Ultramar Português.
São histórias de bravura nos campos de batalha da guerra colonial, como indica
o subtítulo do livro de Nuno Castro. Uma recolha de testemunhos, cuja bravura
dos intervenientes é ainda hoje recordada pelos seus pares com admiração. São
histórias de homens que se destacaram em campo de batalha pela coragem, por
serem decisivos na conquista de focos militares importantes, ou simplesmente
por terem salvado uma vida.
O autor não transcreveu, por razões editoriais, muitos dos
testemunhos que recolheu, deixando na obscuridade heróis como o alentejano
Isaías Pires, entre outros. Mas os testemunhos transcritos dão-nos uma ideia da
bravura de todos eles.
Marcelino da Mata participou em milhares de operações
militares, acumulando louvores pelo seu desempenho militar; Armando Maçanita
reconquistou Nambuangongo, ponto estratégico para os portugueses e
quartel-general dos assassinos da UPA; Francisco Daniel Roxo, natural de
Mogadouro (Trás-os-Montes) foi uma lenda viva no Norte de Moçambique (Niassa),
pela eficácia nos ataques ao inimigo, ficando conhecido por vários epítetos,
entre eles “fantasma da floresta”; António Júlio Rosa foi aclamado herói pelo
tempo que passou como prisioneiro em Conacri e pela fuga perspicaz elaborada
com outros dois companheiros; os Heróis de Mucaba resistiram numa capela ao
ataque de milhares de guerrilheiros da UPA; Francisco van Uden, bisneto de Dom
Miguel, destacou-se em Moçambique; Alipio Tomé Pinto, natural de Maçores
(Trás-os-Montes), salvou numerosas vezes os homens que estavam sob o seu
comando e foi um dos oficiais mais admirados na Guerra colonial; Carlos Duarte
atirou-se para cima de uma granada, ficando desfeito, para salvar a vida dos
seus companheiros; Secundino Mendes teve um papel decisivo no salvamento do
pelotão a que pertencia, quando serenamente se colocou de joelhos, num
descampado com fogo cerrado, para comunicar via rádio com a aviação.
E, finalmente, os homens do Batalhão de Cavalaria 8421 de
Omar. Este acontecimento, ocorrido mais de três meses depois do 25 de Abril de
1974, ainda navega em águas turvas. Convém que seja esclarecido. E quem mais
capaz do que os próprios militares que dele participaram? Estes dizem que
caíram numa cilada, outros, que ao mesmo tempo participavam nos Acordos de
Lusaka em Dar es Salaam, escreveram o contrário. A versão dos militares é
confirmada pelo tenente-general Manuel de Sousa Meneses (Memórias da Revolução: Portugal 1974-1975, Manuel Amaro Bernardo),
à época comandante militar de Moçambique, e pelas conclusões (e factos
narrados) apontadas por Nuno Castro; a versão de quem escreveu o contrário não
é confirmada por ninguém.
Contudo, importa colocar uma questão: Como é que militares
experientes se deixaram arrastar para essa cilada? O livro diz-nos apenas que o
único que dela desconfiou foi o furriel Jorge Martins; o único que torceu o
nariz.
Armando
Palavras
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