quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

As almas nobres não morrem


Por: Costa Pereira


          Por informação de pessoa amiga, soube agora da morte de um distinto mondinense com quem mantive amistoso relacionamento, sem no entanto nunca  dar  divulgação disso  para não ferir a sensibilidade daqueles  a quem custa aceitar que ser adversário, não é ser inimigo. Era filho de um mondinense amigo da terra e da cultura popular das suas gentes, que não fora arvorar-se em defensor de uma causa cuja cobiça era o seu único argumento legítimo, além de um excelente etnógrafo, o autor de “Nossa Senhora da Graça, em Mondim de Basto” teria também oportunidade de ficar na história local como um bom bacharel em Direito. Foi o saber-me adversário de seu saudoso pai, na defesa dos direitos históricos e jurídicos de Vilar de Ferreiros, na Ermida do Monte Farinha, que nos aproximou e fez amigos. Ele sabia que eu era admirador dos trabalhos etnográficos e de recolha de dados históricos de interesse concelhio que seu pai editou. Como também sabia que na nossa contenda esteve sempre presente um amor desmesurado de nós ambos ao nosso torrão, que longe de separar uniu e deu mais fama ao concelho de Mondim e à região de Basto. Não é por mero acaso que a 02 de Novembro de 2009, em livro que me foi ofertado pelo saudoso Jaime Camões Borges de Castro, Estudos Mondinenses, fez constar esta dedicatória: “ Ao senhor Costa Pereira ofereço o livro do meu saudoso pai que, se fosse vivo, ficaria, com certeza, satisfeito por tal iniciativa. Um abraço”.
 

          Há muito que se me queixava da pouca saúde que tinha, evidenciada na doença de alzheimer que influiu no seu passamento, ocorrido no passado dia 14 deste mês de Fevereiro. Os últimos anos gastou-os num vai vem, do Porto para Barcelos, onde tinha uma quinta,  e de Barcelos para o Porto, onde tinha residência. Como muitos outros conterrâneos, era mais um mondinense da diáspora, mas que muito amava  sua terra, a vila de Mondim de Basto, onde nasceu a 28/07/1939.  Nessa condição os restos mortais ficaram na diáspora, mas foi celebrada missa do 7ºDia na igreja paroquial de São Cristóvão de Mondim, onde a presença de muitos familiares e amigos se fez notar sufragando a alma do saudoso extinto. Era filho do Dr. António Borges de Castro e D. Gabriela Ribeiro Camões, e casado com D. Maria Helena de Sousa Ribeiro da Quinta Borges de Castro. As almas nobres não morrem.

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