terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Graça Morais embaixadora da Cultura Transmontana


Barroso da Fonte
Regresso da Sociedade Martins Sarmento (em Guimarães) onde, Graça Morais reuniu uma boa centenena de fãs, a propósito dos seus 40 anos de actividade artística. Um dia de sol a que corresponderam duas noites frias, 23  para 24 e 25. Chego a casa e ainda encontro a RTP, em directo da XXIV Feira do Fumeiro, em Montalegre. Embirrei com o Quim Barreiros. ARTP neste tipo de directos deveria privilegiar os artistas da Terra. Uma vez que as Câmaras pagam – e não é pouco – para que a televisão (pública) mostre aquilo que habitualmente ignora, pelo menos nestes directos que tem de preencher em seis horas, quem paga deveria exigir a presença dos artistas da terra. Há na Diáspora cantores Transmontanos de Barroso que deveriam ser convidados. E não fariam pior figura do que estes barreiros & companhia  que «mamam nos bicos da cabritinha» em erotismo zoofílico. Os emigrantes de Barroso, antes de emigrarem, guardaram a vezeira e andaram com esses cabritinhos ao colo, quando nasciam, (ou nascem) no monte. Esses artistas de bigode arrebitado «mamam», gargalham, blasfamam e facturam, em todas as estações de um tipo de cultura galhofeira que de popular nada tem. Nesta tarde de Sábado, 24, S. Pedro e as bruxas fizeram tréguas. O Padre Fontes tem sido e continuará a ser, o mais popular emissário entre o sagrado e o profano para este tipo de «feiras do pecado», ou do «S. João das chouriças», como Orlando Alves, presidente da Câmara, lhe chama. 
Dia 24 de Janeirfo foi um dia soalheiro e os telespectadores vibraram com mais esta «Feira do pecado». Entre 5 e 8 próximos será em Vinhais, o palco dessoutro S. João das chouriças. Tudo isto é louvável e benéfico. Trás-os-Montes merece. As televisões prestam bons serviços. Mas todos os artistas devem  ter as mesmas oportunidades mediáticas. Quim Barreiros já não deve precisar. E a mensagem que repete, por cada espectáculo que dá, já cheira a gato morto.
 Volto a Guimarães e retomo a celebração dos 40 anos de pintura de Graça Morais. Entendo que já não devo perder tempo com relatos  políticos, com recados mais ou menos moralistas, com piadas a este ou àquele porque, quanto mais se mexe na lama mais minhocas se aparecem.
Ocorre-me falar de gente viva e ativa que gera, cria e produz. Firmes no futuro, devemos apostar nos criativos, nos produtores, naqueles que executam primeiro e falam depois. São poucos, cada vez menos, os artistas que só aparecem depois de provas dadas. Porque há hoje muitos candidatos a  muito poucos tronos. O desporto tem revelado muitos desses talentos. A política só mostra monos.
Graça Morais encheu-me de orgulho nesta universidade de antropologia de Guimarães que é a Sociedade Martins Sarmento. Pintora, das mais conhecidas de que Portugal tem registo, nasceu em Vieiro, aldeia do concelho de Vila Flor, em 17 de Março de 1948. Em 1972, já licenciada pela Escola Superior de Belas Artes do Porto, inicia-se no ensino público como docente em Educação Visual, em Guimarães. Em Janeiro de 1972 faz a sua primeira exposição no Museu Alberto Sampaio da cidade Berço. Nasce nesse ano a filha Joana. Em 1976 vai com a filha e o pai Jaime Silva, para Paris, como bolseira da Gulbenkian. Aí expõe em 1978 no Centro Culturel Portugais. Regressa em 1979 e fixa residência em Lisboa. Desde aí não mais parou. Progrediu em todas as frentes, ora em galerias, ora em entrevistas nos diversos canais televisivo, ora em debates.
Em 1992 vai ao Japão e visita o Centro Nacional de Cultura, originando um diário ilustrado com textos de Jorge Borges e Alberto Vaz de Oliveira. Vai a Nova Iorque e à Alemanha, onde convive e  mostra a sua obra. Em 1993 casa com o músico Pedro Caldeira Cabral.  Dois artistas que se completam numa vivência que pulveriza de rosmaninho os caminhos que percorrem. O autor desta nota, na qualidade de conservador e director do Paço dos Duques de Bragança, teve o ensejo abrir-lhe as Portas desse monumento e Museu nacional. Aí mostrou  do melhor que tinha. Mário Soares veio de propósito, com grande séquito, ver e propagar as «vacas loucas» como lhes chamou para parodiar um episódio real dessa época. Vinte e dois anos depois Guimarães vibrou com a celebração dos 40 anos de autora. O poeta Carlos Poças Falcão fez um intróito pictórico que abriu ambiente descontraído e enriquecedor para duas horas de sã convivência. Graça Morais fez o elogio às mulheres da sua Terra, num tom tão exaltante que me comoveu.
Jorge Costa, director do «Centro de Arte Contemporânea Graça Morais», com sede em Bragança, mostrou, na circunstância, a sua dissertação de mestrado precisamente sobre: Graça Morais – território da memória. Na contracapa deste trabalho diz-se que «se trata de um estudo monográfico centrado na obra de Graça Morais, propondo sobre ela uma abordagem sistematizada e integral da produção de três décadas, balizada entre os anos de 1980 e 2008».
Gostámos de voltar ao seio da SMS que desde a morte de Santos Simões até à tomada de posse da actual direcção, sofreu uma espécie de abalo sísmico. Tudo por causa de um dirigente que nunca lá deveria ter entrado, nessa qualidade. Esta homenagem a Graça Morais fez esquecer esse terramoto gestionário que fez tremer os 130 anos da mais sólida instituição cultural Vimaranense.
                                                                                                                            Barroso da Fonte


Comentário deixado em "Tempo Caminhado" (28 de Janeiro,XIV)

Olá caro Dr. Barroso da Fonte,

Muito obrigada pelo texto onde refere a minha Mãe com tanta admiração. Gostava só de corrigir a minha data de nascimento, 1974, que também foi o ano da primeira exposição da Mãe em Guimarães. No diário ilustrado os nomes dos autores são: Jorge Borges de Macedo e Alberto Vaz da Silva. 
Um abraço,
Joana Morais 


Por interposta pessoa ( a mondinense  Drª Maria da Graça), a 31 de Janeiro,  "Tempo Caminhado" recebeu (pelo elo de ligação, o nosso Amigo Costa Pereira, também mondinense de gema), uma mensagem de agradecimento do Dr. Barroso da Fonte, que abaixo segue:


Barroso da Fonte
Maria da Graça: Fico-lhe muito grato por ter chamado a minha atenção para o e-mail da Drª Joana, Filha da Graça Morais. Ela foi simpática e merecia a minha resposta na primeira pessoa. Mas ñão vi lá o endereço dela e eu - como sempre lhe tenho dito - continuo a ser um zero nestas coisas das netes e internetes
Queria pedir-lhe desculpa porque, de facto, não fui rigoroso na data do seu nascimento (1974) que coincidiu com a da 1ª exposição da Mãe. Ela é jovem e vê-se nessa juventude e lucidez não cabem mais 2 anos do que aqueles que tem. Na próxima verei se lhos subtraio. Fico-lhe muito grato Maria da Graça por ter chamado a minha atenção para essa mensagem. De contrário nem eu ficaria a saber que ela se dignou agradecer-me. Bem haja, mais uma vez. 
Barroso da Fonte

1 comentário:

  1. Olá caro Dr. Barroso da Fonte,

    Muito obrigada pelo texto onde refere a minha Mãe com tanta admiração. Gostava só de corrigir a minha data de nascimento, 1974, que também foi o ano da primeira exposição da Mãe em Guimarães. No diário ilustrado os nomes dos autores são: Jorge Borges de Macedo e Alberto Vaz da Silva.

    Um abraço,

    Joana Morais

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