terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Baptistério paleocristão descoberto em Mértola



                  Descoberto segundo batistério paleocristão - Ciência - DN


Arqueólogos descobriram nas "entranhas" de Mértola, no Alentejo, um segundo batistério do período paleocristão, o que confirma a existência de duas comunidades cristãs diferentes naquela época na vila, uma católica e outra possivelmente monofisita.
O batistério, descoberto na alcáçova do castelo, a 50 metros do primeiro, é também dos princípios do Cristianismo, entre finais do século V e inícios do século VI, quando o ritual do batismo "implicava um banho de imersão", explicou à agência Lusa o arqueólogo Virgílio Lopes, do Campo Arqueológico de Mértola (CAM).
O "belíssimo achado" seria de "grande luxo" e os vestígios estão num estado de conservação "bastante bom", indicou, referindo que a piscina batismal achada e já escavada tem mais de quatro metros de largura e metro e meio de profundidade, o que aponta para um "grande" batistério.

"É um dos mais importantes que conhecemos em ambiente arqueológico" e "nada fica a dever" aos batistérios conhecidos no Mediterrâneo, frisou, indicando que o estado de conservação e o volume do batistério colocam-no "muito próximo" dos "mais luxuosos" conhecidos na Europa e que servem de "modelo de referência" para os outros.
Além da piscina batismal, foram achados vestígios da hipotética abóbada do batistério, como colunas em mármore e fragmentos de um revestimento a frescos, os quais indicam que foi construído por "gente com grande poderio económico".
O volume do batistério é "assustador para a pequena terra de Mértola", disse, frisando que dois batistérios na mesma zona "não é frequente" no Mediterrâneo. A existência de "dois grandes batistérios", um perto do outro, confirma que, em Mértola, no período paleocristão, "havia, hipoteticamente, duas comunidades de cristãos", que professavam "cristianismos diferentes" e "não se entendiam", uma católica e outra monofisita ou donatista e ligada às correntes cristãs do Norte de África, explicou à Lusa o arqueólogo e diretor do CAM Cláudio Torres.

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