quarta-feira, 13 de agosto de 2014

O destino trágico da Mesopotâmia - Iraque a ferro e fogo

Cidade de Ur - Suméria

O Iraque é uma vasta extensão de território situado no Oriente Médio, encravado por países como o Irão, Síria, Turquia, Arábia Saudita e Jordânia, bem como o Kuwait, a Sul.
Culturalmente, o actual Iraque é o herdeiro da Antiga Mesopotâmia (“Terra entre rios”), uma região algures entre os rios Tigre e Eufrates. E é nesta região que surge a civilização, tal como hoje a conhecemos, por volta de 5000 A.C., quando os povos agrícolas da Súméria, formaram pequenas povoações que se transformaram nas primeiras cidades do Mundo, cada uma com o seu rei e o seu deus. Em 3100 A. C. os Súmérios tinham já desenvolvido a escrita cuneiforme, um dos sistemas de escrita mais antigos conhecidos.
A importância cultural dos Súmérios é enorme. Além da escrita, preocuparam-se com normas de conduta que originaram códigos de Leis. As suas reformas foram breves, mas impressionaram de tal forma os seus contemporâneos e os antigos “historiadores” que perduraram no tempo, deixando sementes. Um dos seus principais legisladores foi  Hurukagina, rei de Lagash (séc. XXIV a.C.).
É ainda aí que surge, mais tarde, a cidade da Babilónia (“Porta dos Deuses”) que dominou um vasto império por duas vezes – sob os reinados de Hamurabi e  Nabucodonosor. Foi o maior centro de cultura da Antiguidade e uma das cidades mais belas do mundo antigo.
Esta região, ao longo do tempo, pertenceu a vários impérios (Assírio, Persa e Alexandre), e foi ocupada pelos Árabes a partir do séc. VI A.C. que, à época, se distribuíam por cinco reinos no Sul e no Oeste da Península Arábica. Mas sobretudo, a partir do século VII D.C., 100 anos depois do profeta Maomé morrer.
Já recentemente, com a colaboração de Gertrude Bell (reputada arqueóloga e especialista sobre o Próximo Oriente – e espia dos britânicos) e o famoso Lawrence da Arábia, formar-se-ia, depois da Primeira Guerra Mundial, o actual Estado do Iraque sob o comando do rei Faisal.
As suas origens na Mesopotâmia, as influências das várias culturas disseminadas por diversos invasores, deu origem, no Iraque, a um mosaico cultural e étnico diversificado (aliás, como acontece, por exemplo, no Afeganistão).
Das invasões Árabes surgem os Sunitas e os Xiitas (em minoria). E destes, os Sufistas. Mas quando os Árabes invadiram a região, por lá andavam comunidades de Judeus, hoje desaparecidas e grupos de Cristãos Primitivos (que não existem a mais nenhum país do mundo).
Yazidis em fuga
Existiam os Sabeus, os Mandeus e comunidades autóctones como os Assírios ( cujo último enclave é a planície da histórica Ninive), os  Yazidi (Curdos do Norte do Iraque) e os Curdos em geral. Comunidades que desenvolvem um conjunto de rituais, muitos deles de origem daquilo que se passou a denominar cultura pagã. Nalguns casos, misturam-se rituais dos mistérios gregos com o Zoroastrismo.
Ora este país que foi o berço da Civilização (ou um dos seus focos), tal como hoje a conhecemos, está metido neste conflito provocado por esse “Califado” obscuro e tenebroso (ISIS). Que persegue estas minorias porque se não convertem à sua religião[1].
As atrocidades, em certos casos piores que os mais sanguinário da História (Hitler, Estaline ou Pol Pot) são fundamentadas em duas passagens do Alcorão (que não citamos nem comentamos). Todavia, enganam-se os que as interpretam literalmente, porque o Alcorão, o livro sagrado para as tradições muçulmanas, prega a tolerância e é um imenso texto que proclama o principio de não coerção em matéria de religião.
Bem fez o Presidente Americano em iniciar o bombardeamento das posições do ISIS, e andará bem a Europa se o apoiar materialmente.

Armando Palavras
Cristãos em fuga

Yazidis em fuga

Actualizado em 18 de Agosto, 2014

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