Cidade de Ur - Suméria |
O Iraque é uma vasta extensão de
território situado no Oriente Médio, encravado por países como o Irão, Síria,
Turquia, Arábia Saudita e Jordânia, bem como o Kuwait, a Sul.
Culturalmente, o actual Iraque é o
herdeiro da Antiga Mesopotâmia (“Terra entre rios”), uma região algures entre
os rios Tigre e Eufrates. E é nesta região que surge a civilização, tal como
hoje a conhecemos, por volta de 5000 A.C., quando os povos agrícolas da
Súméria, formaram pequenas povoações que se transformaram nas primeiras cidades
do Mundo, cada uma com o seu rei e o seu deus. Em 3100 A. C. os Súmérios tinham
já desenvolvido a escrita cuneiforme, um dos sistemas de escrita mais antigos
conhecidos.
A importância cultural dos Súmérios é
enorme. Além da escrita, preocuparam-se com normas de conduta que originaram
códigos de Leis. As suas reformas foram breves, mas impressionaram de tal forma
os seus contemporâneos e os antigos “historiadores” que perduraram no tempo,
deixando sementes. Um dos seus principais legisladores foi Hurukagina, rei de Lagash (séc. XXIV a.C.).
É ainda aí que surge, mais tarde, a
cidade da Babilónia (“Porta dos Deuses”) que dominou um vasto império por duas
vezes – sob os reinados de Hamurabi e
Nabucodonosor. Foi o maior centro de cultura da Antiguidade e uma das
cidades mais belas do mundo antigo.
Esta região, ao longo do tempo,
pertenceu a vários impérios (Assírio, Persa e Alexandre), e foi ocupada pelos
Árabes a partir do séc. VI A.C. que, à época, se distribuíam por cinco reinos
no Sul e no Oeste da Península Arábica. Mas sobretudo, a partir do século VII
D.C., 100 anos depois do profeta Maomé morrer.
Já recentemente, com a colaboração de
Gertrude Bell (reputada arqueóloga e especialista sobre o Próximo Oriente – e
espia dos britânicos) e o famoso Lawrence da Arábia, formar-se-ia, depois da
Primeira Guerra Mundial, o actual Estado do Iraque sob o comando do rei Faisal.
As suas origens na Mesopotâmia, as
influências das várias culturas disseminadas por diversos invasores, deu
origem, no Iraque, a um mosaico cultural e étnico diversificado (aliás, como
acontece, por exemplo, no Afeganistão).
Das invasões Árabes surgem os Sunitas
e os Xiitas (em minoria). E destes, os Sufistas. Mas quando os Árabes invadiram
a região, por lá andavam comunidades de Judeus, hoje desaparecidas e grupos de
Cristãos Primitivos (que não existem a mais nenhum país do mundo).
Yazidis em fuga |
Existiam os Sabeus, os Mandeus e
comunidades autóctones como os Assírios ( cujo último enclave é a planície da
histórica Ninive), os Yazidi (Curdos do
Norte do Iraque) e os Curdos em geral. Comunidades que desenvolvem um conjunto
de rituais, muitos deles de origem daquilo que se passou a denominar cultura
pagã. Nalguns casos, misturam-se rituais dos mistérios gregos com o
Zoroastrismo.
Ora este país que foi o berço da
Civilização (ou um dos seus focos), tal como hoje a conhecemos, está metido
neste conflito provocado por esse “Califado” obscuro e tenebroso (ISIS). Que
persegue estas minorias porque se não convertem à sua religião[1].
As atrocidades, em certos casos
piores que os mais sanguinário da História (Hitler, Estaline ou Pol Pot) são
fundamentadas em duas passagens do Alcorão (que não citamos nem comentamos).
Todavia, enganam-se os que as interpretam literalmente, porque o Alcorão, o
livro sagrado para as tradições muçulmanas, prega a tolerância e é um imenso
texto que proclama o principio de não coerção em matéria de religião.
Bem fez o Presidente Americano em
iniciar o bombardeamento das posições do ISIS, e andará bem a Europa se o
apoiar materialmente.
Armando Palavras
Actualizado em 18 de Agosto, 2014
[1] Os
Yazidis, desenvolveram ao longo de milénios, cultos próprios dos antepassados
dos islamitas; se os Judeus se julgam
descendentes de Jacob (neto de Abraão), eles, islamitas, julgam-se descendentes de Ismael (igualmente
filho de Abraão e da sua concubina Hagar);
os Cristãos adquirem um papel importante no Alcorão através das
figuras de Jesus e de Maria.
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