O
espanto é uma sensação enriquecedora, quando somos levados ao mundo das
crianças. Em Portugal já nada nos espanta porque a invidia se sobrepõe a toda a
novidade.
Se nos
dissessem que um porco se deslocava de bicicleta na Avenida da Liberdade, em
Lisboa, não ficávamos espantados, porque, no momento actual em que tudo no país
é semelhante ao período da Primeira República (causa principal do regime que se
seguiu), tudo é possível. Há uns anos atrás, essa característica era apenas
oriunda dos países de Terceiro Mundo!
Vem isto
a propósito do actual momento da disputa socialista. Alguém se espanta com os
apoios de António Costa? Ninguém. Parece uma coisa natural, quando o que está
em causa são princípios básicos de ética. Do PS ao PSD, Costa recebe apoios de
todos os lados, incluindo dos órgãos de informação ligados aos maiores grupos
económicos, como é óbvio. Omitindo os apoios de raiva e de invidia
(protagonizados por quem levou o país a este estado deplorável de miseráveis e
invejosos), todos os outros parecem naturais. Mas não são, porque são perversos.
Num país
civilizado esta questão daria origem a um grande espanto, em Portugal não.
Porquê? Porque segue a tradição portuguesa. E a tradição politica portuguesa é
esta. Um determinado grupo social apoia um dos seus para que este lhe dirija os
interesses depois de entronizado. Fialho de Almeida disse-o há muito, e Eça
também. Por essa razão andámos todo o século XIX de crise (financeira) em crise
e em 40 anos de democracia estivemos três vezes à beira da bancarrota. O estado
actual das coisas é exactamente o que foi no passado. Nunca mudou
verdadeiramente. Entronizar o edil de Lisboa é defender os interesses de grupo
(uma perversidade em democracia), e não o interesse geral (o bem comum),
apanágio remoto das democracias.
António
Costa é um deste grupo social, António José Seguro não é, porque veio das “berças”,
de Penamacor, um lugar obscuro onde em tempos remotos se refugiavam judeus.
Armando
Palavras
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