COSTA PEREIRA |
A
densa floresta de grossas árvores aguçou o apetite dos mercadores e,
entretanto, o espaço arroteado foi dando lugar a uma extensa área arável onde a
breve trecho surge um dos mais importantes centros cerealíferos do novo mundo
insular que, com a cultura do pastel,
se torna na principal moeda de troca comercial e "celeiro do Reino". As Lajes, freguesia que, praticamente, é
hoje a continuação da cidade da Praia, com 3.753 habitantes é, também, a maior
e a mais conhecida localidade da ilha por ter dado o nome à famosa base militar
e ao aeroporto internacional que até mudou a vida e os hábitos de quem ali
vive, e não só...Como as demais freguesias do concelho tem a sua maior riqueza
na agricultura, a par de pequenas industrias ligadas à construção civil e um
notável movimento comercial e industrial. Localidade fértil, que foi em tempos
o celeiro da ilha, para além do trigo também como no Minho, Douro Litoral e
Beira Litoral ainda actualmente cultiva milho em abundância. Tem igreja
(reformada nos séculos XIX e XX) , desde 1564, e dedicada a São Miguel, daí ser
curiosamente a freguesia que encerra o ciclo das festas na ilha Terceira. Da
riqueza do seu solo rezam os antigos alfarrábios: "
Nesta Freguesia há muitas terras fértiles de pão e muitos biscoitos plantados
de vinhas (...) e há nela muitos homens nobres e ricos...".
São Brás é também uma freguesia dedicada à agro-pecuária, com
uma população de 1.012 habitantes, uma
boa parte desta trabalha nas Bases (portuguesa e americana) das Lajes. Foi criada freguesia,
em 1951, e tornou-se paróquia, em 1958. Tem igreja inicial, desde o séc. XV,
consagrada a São Brás, que tendo sido bastante danificada pelo sismo de 1980,
de imediato foi restaurada.
Segue-se-lhe a Vila Nova, uma
das mais antigas localidades da ilha, conhecida desde o séc.XV. Dotada de belas
paisagens com vales, ravinas, fontes e bonitos edifícios no seu aglomerado.
Para além da agricultura e apesar duma costa muito alta, a freguesia de Vila
Nova, com 1.729 habitantes, tem um bom porto de pesca e uma concorrida zona
balnear de piscinas naturais. Tem uma bem cuidada igreja paroquial, consagrada
ao Divino Espírito Santo, e é a freguesia que no largo principal, junto ao
"Império" local, em domingos do Espírito Santo "ainda mantém a tradição de expor os carros
do bodo".
Rica e afamada é a
freguesia de Agualva que, mais para o
interior, deve o topónimo, segundo a lenda, a uma das suas ribeiras, cuja
"água alva" tornava a roupa tão alva como se fosse lavada com sabão.
Com 1.573 habitantes, esta freguesia é consagrada à Virgem de Guadalupe ( Nossa
Senhora de Guadalupe). Embora a igreja paroquial tenha na fachada a data de
1678 é convicção geral que se trata de um templo do séc. XVI; aquela data,
portanto, só pode ter a ver ao que se supõe com a "consagração ou alguma reconstrução" posterior. O seu
"Império" do Espírito Santo é de 1873. Muito fresca, com matas
extensas e abundantes pomares é hoje ali muito significativa a "actividade resultante da exploração de
madeira, designadamente eucalipto e criptoméria". Integrada neste
fértil universo rural do Ramo Grande, beneficia toda uma população activa que se dedica e vive da agro-pecuária,
serviços, construção civil, serração de madeiras e pequenas industrias.
As Quatro
Ribeiras, onde Jácome de Bruges fixou o primeiro grupo de povoadores da
ilha, deve o seu nome a quatro linhas de água que ali passam, e tem Santa
Beatriz por orago. Embora com várias reconstruções que lhe deram o aspecto
actual, a sua igreja remonta ao séc. XV e é a primeira, na Terceira, dedicada à
princesa D. Beatriz. "É uma
freguesia fresca, com vales e outeiros
plantados de vinha e pomares e com várias fontes de água". Numa das
ribeiras que desagua numa rochosa baia, agora transformada em apreciada zona
balnear de piscinas naturais, enumeras azenhas embelezaram outrora o seu
percurso. De qualquer modo, não obstante ser das mais antigas e das primeiras a
serem povoadas, em termos demográficos, Quatro Ribeiras, é hoje uma freguesia com
pouca expressão, apenas 423 habitantes. É o fruto de viver afastado dos grandes
centros urbanos.
Dos Biscoitos
que é a ultima freguesia da Praia da Vitória, na costa Norte da ilha, falaremos
a seguir.
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