BARROSO da FONTE |
Há três
semanas trouxe a esta tribuna a memória de um octogenário de Bobal, concelho de
Mondim de Basto: Joaquim de Carvalho. Essa leitura foi aplaudida por diversos
leitores. Voz sensata e atenta, fez-me chegar de um outro Mondinense o retrato
do seu apego à mesma região. Chama-se José
Augusto Costa Pereira. É um ferrenho regionalista amigo da sua terra e
da região que defende e divulga com fervor, há mais de meio século, ora na
comunicação social, ora nos ambientes que frequenta desde que se proporcione
falar de terras e de gentes do norte. Amigo de viajar, tem pela vertente
histórica e biográfica uma especial atracção de que resulta fazer dessas
viagens, a radiografia monográfica dos sítios por onde passa. Assim aconteceu
com visitas que já fez aos Açores, Madeira, Angola, Moçambique, França, Itália,
Jerusalém e outros lugares que descreveu em páginas de jornal e, mais
recentemente, após a aposentação, usando da tecnologia virtual em blogs do Sapo
que, subordinados ao titulo aquimetem, ele alimenta, e verte também em
páginas semelhantes, como: Tempo Caminhado, NetBila, quando não no
jornal O Povo de Basto e A Voz de Trás-os-Montes que são,
ultimamente, os jornais onde com mais assiduidade colabora. Fiel aos apelos
paternais, deixou a “bacia de prata formada pelo Marão» para do outro lado da serra aprender a profissão que, por respeito
a quem lhe facilitou a aprendizagem, nunca trocou por outra. Muito jovem,
inicia a sua caminhada e, a pulso, alcança, feliz, a confortável situação de
todo aquele cidadão que vê cumprida a tarefa de fazer um filho, escrever um
livro e plantar uma árvore.
Após
trabalhar em diversas terras nortenhas, nos finais de 1962 este trasmontano de
Basto chega a Lisboa, agora definitivamente, disposto a trocar a magia do
Tâmega e do Rio Cabril pela opulência de um Tejo quase a entrar na foz. Levou
como ferramenta e carta de apresentação, a arte de barbeiro, a de iniciado no
ilusionismo e, ainda, a de publicista regional. Essa trilogia fez com que
viesse a ser conhecido no bairro Santa Maria de Belém pelo mestre dos três
ofícios: barbeiro, jornalista e ilusionista.
Nestes
ofícios se consagrou, conquistando amizades nos mais diversos sectores da
sociedade; conheceu terras, onde trabalhou, actuou em salões e palcos
prestigiados, como: Coliseu dos Recreios, Casino Estoril e da Figueira da Foz,
Club os Fenianos do Porto, Teatro São Luiz . Colaborou em muitos órgãos de
informação. A para disso também nos meios recreativos e associativos a que
esteve ligado se distinguiu quer como membro directivo, quer como promotor de
festas e de convívios regionais.
Não é
exagero dizer que se trata de um dos mais destacados e dinâmicos divulgadores
do concelho de Mondim, que se notabilizou e ficou conhecido em toda a região de
Basto, quando, na década de 60, ferido no seu amor à terra-berço, por três
artigos publicados no diário A Voz, de Lisboa, nos números 5, 9 e 12 de
Setembro de 1965, vem a terreiro rebater, no Noticias de Basto, a tese
do seu autor. Ao mesmo tempo que arranja modo de conquistar a generosidade de
um jurista seu amigo, Dr. Primo Casal Pelayo, que pôs os pontos nos “ii” e,
clarificada a situação, o Santuário de Nossa Senhora da Graça é por justiça
confiado em definitivo a São Pedro de Vilar de Ferreiros.
Cristão
convicto, com particular devoção a São José Maria Escrivá; cultor de amigos e
amizades, que tem em todas classes sociais; jamais se serviu delas em proveito
próprio, até mesmo nos jornais nunca escreveu para agradar aos amigos, mas sim
para dizer o que a sua consciência lhe dita.
Além de
colaborador da Imprensa, com mais de meio século de tarimba, Costa Pereira é
autor de “As Ferrarias entre Tâmega e Douro” (esgotado), “Vilar de Ferreiros –
Na História, no Espaço e na Etnografia” (esgotado) e, recentemente, em
Fevereiro de 2014, com a chancela da Chiado Editora, publicou “Nossa Senhora da
Graça – Na Fé dos Mareantes”, onde constam todas as paróquias desde o Minho aos
Açores, consagradas a Nossa Senhora da Graça. E à Graça devo esta biografia a cheirar
às nossas raízes transmontanas.
Barroso da Fonte
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