segunda-feira, 23 de junho de 2014

Barroso da Fonte - José A. Costa Pereira: um Mondinense de fibra



Barroso da Fonte
BARROSO da
FONTE
Há três semanas trouxe a esta tribuna a memória de um octogenário de Bobal, concelho de Mondim de Basto: Joaquim de Carvalho. Essa leitura foi aplaudida por diversos leitores. Voz sensata e atenta, fez-me chegar de um outro Mondinense o retrato do seu apego à mesma região. Chama-se José  Augusto Costa Pereira. É um ferrenho regionalista amigo da sua terra e da região que defende e divulga com fervor, há mais de meio século, ora na comunicação social, ora nos ambientes que frequenta desde que se proporcione falar de terras e de gentes do norte. Amigo de viajar, tem pela vertente histórica e biográfica uma especial atracção de que resulta fazer dessas viagens, a radiografia monográfica dos sítios por onde passa. Assim aconteceu com visitas que já fez aos Açores, Madeira, Angola, Moçambique, França, Itália, Jerusalém e outros lugares que descreveu em páginas de jornal e, mais recentemente, após a aposentação, usando da tecnologia virtual em blogs do Sapo que, subordinados ao titulo aquimetem, ele alimenta, e verte também em páginas semelhantes, como: Tempo Caminhado, NetBila, quando não no jornal O Povo de Basto e A Voz de Trás-os-Montes que são, ultimamente, os jornais onde com mais assiduidade colabora. Fiel aos apelos paternais, deixou a “bacia de prata formada pelo Marão» para do outro lado da serra aprender a profissão que, por respeito a quem lhe facilitou a aprendizagem, nunca trocou por outra. Muito jovem, inicia a sua caminhada e, a pulso, alcança, feliz, a confortável situação de todo aquele cidadão que vê cumprida a tarefa de fazer um filho, escrever um livro e plantar uma árvore.
Após trabalhar em diversas terras nortenhas, nos finais de 1962 este trasmontano de Basto chega a Lisboa, agora definitivamente, disposto a trocar a magia do Tâmega e do Rio Cabril pela opulência de um Tejo quase a entrar na foz. Levou como ferramenta e carta de apresentação, a arte de barbeiro, a de iniciado no ilusionismo e, ainda, a de publicista regional. Essa trilogia fez com que viesse a ser conhecido no bairro Santa Maria de Belém pelo mestre dos três ofícios: barbeiro, jornalista e ilusionista.
Nestes ofícios se consagrou, conquistando amizades nos mais diversos sectores da sociedade; conheceu terras, onde trabalhou, actuou em salões e palcos prestigiados, como: Coliseu dos Recreios, Casino Estoril e da Figueira da Foz, Club os Fenianos do Porto, Teatro São Luiz . Colaborou em muitos órgãos de informação. A para disso também nos meios recreativos e associativos a que esteve ligado se distinguiu quer como membro directivo, quer como promotor de festas e de convívios regionais.
Não é exagero dizer que se trata de um dos mais destacados e dinâmicos divulgadores do concelho de Mondim, que se notabilizou e ficou conhecido em toda a região de Basto, quando, na década de 60, ferido no seu amor à terra-berço, por três artigos publicados no diário A Voz, de Lisboa, nos números 5, 9 e 12 de Setembro de 1965, vem a terreiro rebater, no Noticias de Basto, a tese do seu autor. Ao mesmo tempo que arranja modo de conquistar a generosidade de um jurista seu amigo, Dr. Primo Casal Pelayo, que pôs os pontos nos “ii” e, clarificada a situação, o Santuário de Nossa Senhora da Graça é por justiça confiado em definitivo a São Pedro de Vilar de Ferreiros.
Cristão convicto, com particular devoção a São José Maria Escrivá; cultor de amigos e amizades, que tem em todas classes sociais; jamais se serviu delas em proveito próprio, até mesmo nos jornais nunca escreveu para agradar aos amigos, mas sim para dizer o que a sua consciência lhe dita.
Além de colaborador da Imprensa, com mais de meio século de tarimba, Costa Pereira é autor de “As Ferrarias entre Tâmega e Douro” (esgotado), “Vilar de Ferreiros – Na História, no Espaço e na Etnografia” (esgotado) e, recentemente, em Fevereiro de 2014, com a chancela da Chiado Editora, publicou “Nossa Senhora da Graça – Na Fé dos Mareantes”, onde constam todas as paróquias desde o Minho aos Açores, consagradas a Nossa Senhora da Graça. E à Graça devo esta biografia a cheirar às nossas raízes transmontanas.
                                                                                       Barroso da Fonte

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