sábado, 28 de junho de 2014

Barroso da Fonte - Este Jornal cumpriu oitenta anos de combate pelo Douro (homenagem ao Noticias do Douro)


Barroso da Fonte
BARROSO da
FONTE
Este Jornal cumpriu oitenta anos de combate pelo Douro

 Noticias do Douro entra com a presente edição nos 81 anos de vida. Foram 3969 edições, como quem diz: 3969 vezes (semanas, quinzenas ou meses) que visitou os leitores, fosse pelo correio, fosse em quiosques, fosse procurado na  própria redacção ou tipografia.
Oitenta anos é muito tempo. Mas num jornal, esse tempo tem que contar-se ao segundo, ao minuto, à hora,  ao dia, à semana.  Por isso se chamam diários, semanários, quinzenários. O que significa que tudo aquilo que neles se publica por cada edição, é fruto de um período de tempo exacto. E esse tempo conjugado com o trabalho dos tipógrafos, dos impressores, dos paginadores, dos redactores, traduz-se por cada mais uma edição que vem a público, com os anúncios, com as informações, com o relato do que aconteceu e que constitui a matéria prima da notícia.
 É, como se compreende, uma faina diferente de todas as outras que acontecem nas diferentes profissões ou actividades, públicas ou privadas. É um trabalho técnico de vários obreiros que apenas se concretiza e cumpre a sua odisseia, desde que pronto a correr mundo.
Essa dupla função, formativa e informativa, é a essência daquilo que justifica, universalmente, a arte de formar e de informar. Sempre os povos tiveram necessidade de conviver, de contactar, de contribuir. Fosse através dos mensageiros, dos almocreves, dos enviados especiais. As notícias têm-se hoje através de um clic de acesso à Net, no telemóvel, ou no botão do comando da televisão. Mas nem sempre foi assim. É por isso que os povos primitivos estiveram séculos, milénios, confinados aos horizontes visuais de cada ser humano. Só falavam do que viam e ouviam. Umas vezes na mesma região. Outras vezes na mesma ilha, arquipélago ou continente. O cavalo, o camelo, o trenó,  foram os primeiros transportes ao serviço do homem, dentro do mesmo espaço geográfico. Depois foram as barcaças, através dos rios e dos mares. Os aviões chegaram muito mais tarde. Nessa altura já existiam as telecomunicações que hoje se multiplicaram e que a informática coroou pela simultaneidade da imagem que a televisão aproximou de nós e que diariamente se prodigaliza em novos e surpreendentes inventos.
Tudo isto se passou em milhões de anos. Mas só (1398-1468) há uns 500 anos, Gutenberg  inventou a máquina de imprimir os caracteres que chegaram até à off-set, já nos nossos dias.(1968). Desde há meio século tudo se alterou nas técnicas da imprensa escrita. A informática veio reformular, simplificando, o vasto mundo da escrita e da imprensa que melhor a simboliza.
O Notícias do Douro sentiu nestes 80 anos de existência, as três fases que se sucederam para que tenhamos hoje, simplificados, os processos de transformação da palavra oral em palavra escrita. Simplificou, extinguindo, as linotypes,  intertypes e afins; e, reduzindo,  pesados, disformes e caros maquinismos em computadores manuais que não ocupam mais espaço do que uma máquina de escrever e que dispensam grandes superfícies, estantaria e arquivos para aliviarem cargas, financeira e física, inconciliáveis com a exiguidade dos espaços urbanos
  Foi-me pedida uma mensagem para este aniversário redondo. Oito décadas é a média de vida de um homem sadio. Jornal e ser humano, numa idade destas, prestam-se a reflexões entre-cruzadas, a começar pela longevidade. Fica o desafio ao leitor para medir a carga de sacrifícios em ambos os contendores. Se o homem atingiu tal meta num trajecto de vida coerente, rigoroso e triunfal, o órgão de informação, não teve tarefa mais facilitada.
  Nesta idade falha o homem mais do que o jornal. Porque aquele não tem estruturas físicas para ser reinventado, restaurado, reconvertido. O seu horizonte de vida chegou à fase terminal. Já o órgão de informação diverge para prosseguir a sua função social e cultural. Foi importante, coerentemente, necessário, utilitário e  nunca dispensável. Os seus combates foram sempre imprescindíveis,  imperiosos e universais. E, apesar dessa impressionabilidade, utilidade e incessante valência, os bons combates que se propôs defender, na hora da fundação, mantêm-se fiéis, activos e vigilantes em prol de Douro e dos Durienses.
Com esta franqueza de quem nasceu  cinco anos depois, com o compromisso de testar o binómio jornal-jornalista, associo-me a mais este invejável aniversário, com votos de que o Notícias do Douro e quem o fundou e dirigiu até hoje, com esta saudável vivacidade, prossiga na nobre causa que ditou a sua fundação e existência. Centrem-se esses votos e aplausos no actual Director, Dr. Armando Mansilha. E que o poder político duriense não se esqueça de consagrar na Praça Pública os seus nomes de combatentes intemeratos e intransigentes. 


Barroso da Fonte

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