BARROSO da FONTE |
Noticias do Douro entra com a presente edição nos 81 anos de vida. Foram 3969 edições,
como quem diz: 3969 vezes (semanas, quinzenas ou meses) que visitou os
leitores, fosse pelo correio, fosse em quiosques, fosse procurado na própria redacção ou tipografia.
Oitenta
anos é muito tempo. Mas num jornal, esse tempo tem que contar-se ao segundo, ao
minuto, à hora, ao dia, à semana. Por isso se chamam diários, semanários,
quinzenários. O que significa que tudo aquilo que neles se publica por cada
edição, é fruto de um período de tempo exacto. E esse tempo conjugado com o
trabalho dos tipógrafos, dos impressores, dos paginadores, dos redactores,
traduz-se por cada mais uma edição que vem a público, com os anúncios, com as
informações, com o relato do que aconteceu e que constitui a matéria prima da
notícia.
É, como
se compreende, uma faina diferente de todas as outras que acontecem nas
diferentes profissões ou actividades, públicas ou privadas. É um trabalho
técnico de vários obreiros que apenas se concretiza e cumpre a sua odisseia,
desde que pronto a correr mundo.
Essa
dupla função, formativa e informativa, é a essência daquilo que justifica,
universalmente, a arte de formar e de informar. Sempre os povos tiveram
necessidade de conviver, de contactar, de contribuir. Fosse através dos
mensageiros, dos almocreves, dos enviados especiais. As notícias têm-se hoje
através de um clic de acesso à Net, no telemóvel, ou no botão do comando da
televisão. Mas nem sempre foi assim. É por isso que os povos primitivos
estiveram séculos, milénios, confinados aos horizontes visuais de cada ser
humano. Só falavam do que viam e ouviam. Umas vezes na mesma região. Outras
vezes na mesma ilha, arquipélago ou continente. O cavalo, o camelo, o
trenó, foram os primeiros transportes ao
serviço do homem, dentro do mesmo espaço geográfico. Depois foram as barcaças,
através dos rios e dos mares. Os aviões chegaram muito mais tarde. Nessa altura
já existiam as telecomunicações que hoje se multiplicaram e que a informática
coroou pela simultaneidade da imagem que a televisão aproximou de nós e que
diariamente se prodigaliza em novos e surpreendentes inventos.
Tudo
isto se passou em milhões de anos. Mas só (1398-1468) há uns 500 anos, Gutenberg inventou a máquina de imprimir os caracteres
que chegaram até à off-set, já nos nossos dias.(1968). Desde há meio século
tudo se alterou nas técnicas da imprensa escrita. A informática veio
reformular, simplificando, o vasto mundo da escrita e da imprensa que melhor a
simboliza.
O Notícias
do Douro sentiu nestes 80 anos de existência, as três fases que se
sucederam para que tenhamos hoje, simplificados, os processos de transformação
da palavra oral em palavra escrita. Simplificou, extinguindo, as linotypes, intertypes e afins; e, reduzindo, pesados, disformes e caros maquinismos em
computadores manuais que não ocupam mais espaço do que uma máquina de escrever
e que dispensam grandes superfícies, estantaria e arquivos para aliviarem
cargas, financeira e física, inconciliáveis com a exiguidade dos espaços
urbanos
Foi-me pedida uma mensagem para
este aniversário redondo. Oito décadas é a média de vida de um homem sadio.
Jornal e ser humano, numa idade destas, prestam-se a reflexões entre-cruzadas, a
começar pela longevidade. Fica o desafio ao leitor para medir a carga de
sacrifícios em ambos os contendores. Se o homem atingiu tal meta num trajecto
de vida coerente, rigoroso e triunfal, o órgão de informação, não teve tarefa
mais facilitada.
Nesta idade falha o homem mais do
que o jornal. Porque aquele não tem estruturas físicas para ser reinventado,
restaurado, reconvertido. O seu horizonte de vida chegou à fase terminal. Já o
órgão de informação diverge para prosseguir a sua função social e cultural. Foi
importante, coerentemente, necessário, utilitário e nunca dispensável. Os seus combates foram
sempre imprescindíveis, imperiosos e
universais. E, apesar dessa impressionabilidade, utilidade e incessante
valência, os bons combates que se propôs defender, na hora da fundação,
mantêm-se fiéis, activos e vigilantes em prol de Douro e dos Durienses.
Com
esta franqueza de quem nasceu cinco anos
depois, com o compromisso de testar o binómio jornal-jornalista, associo-me a
mais este invejável aniversário, com votos de que o Notícias do Douro e
quem o fundou e dirigiu até hoje, com esta saudável vivacidade, prossiga na
nobre causa que ditou a sua fundação e existência. Centrem-se esses votos e
aplausos no actual Director, Dr. Armando Mansilha. E que o poder político
duriense não se esqueça de consagrar na Praça Pública os seus nomes de
combatentes intemeratos e intransigentes.
Barroso
da Fonte
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