quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Virgilio Gomes e Dia de Reis


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“Adoração do Reis Magos”, pintura de
Gregório
Lopes (1490-1550), retábulo de
S. Bento,
 Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa
Habituei-me a que o dia de Reis era a data que fechava o período natalício. Os doces de Natal acabavam, os enfeites de Natal e o presépio retiravam-se, e especialmente era o último dia de consumo do bolo-rei. Da minha tradição apenas mantenho o bolo-rei, que acabo por comer várias vezes durante o ano pois algumas pastelarias o confecionam.
O dia de Reis tem origem numa celebração religiosa baseada no relato contando que três Reis foram guiados por uma estrela para o local de nascimento de um novo Rei, destinado a mudar o mundo, e então dirigem-se a esse local com oferendas. Melchior levou ouro como reconhecimento de realeza do recém-nascido, considerando como um Rei, Gaspar oferece incenso como reconhecimento de divindade, achando-o um Deus, e Baltasar em reconhecimento da sua humanidade, e que representava simbolicamente a imortalidade, oferece-lhe mirra e considera-o como um Profeta. Este ato vem transformar Jesus num Rei, que sofre as vicissitudes conhecidas sendo realmente um rei do sofrimento, sendo que a cora final que lhe é colocada não é uma tradicional em ouro e símbolo do poder, mas uma cora de espinhos e de humilhação. Certo que a vida de Jesus deu origem a uma nova religião que rapidamente se propagou e foi perseguida e mais tarde valorizada e aproveitada. Os caminhos da Igreja com assunção do poder temporal só foram possíveis pela força e, naturalmente, pelas mentalidades da época.
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Altar de Nossa Senhora do Rosário na sua Igreja
em Fortaleza, Brasil
Tive a sorte de ter sido convidado este Dia de Reis de 2014 para uma “Missa de Ação de Graças ao dia de Reis com entronamento dos Reis da Irmandade do Rosário de Fortaleza”, no Brasil. Apesar de, por convicção e ausência de Fé, não me voluntariar a participar na missa, havia a curiosidade da cerimónia de coroação dos Reis eleitos pela Irmandade do Rosário de Fortaleza. Estas irmandades de negros têm registos desde o século XVI, e de Lisboa temos a notícia de uma Confraria devota do altar de Nossa Senhora do Rosário, na Igreja de S. Domingos, de meados desse século. Curiosamente foi esse largo da igreja palco de um dos maiores e atrozes atos da Inquisição que aí mandou executar mais de mil infelizes de uma vez só.





Começar bem o Ano:


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