quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

São Valentim, patrono dos namorados


Bartolmaus Zeitblom, São Valentim (pormenor), séc. XVI, Augsbourg, Staatsgalerie

 
Com o nome de Valentim, são venerados três santos diferentes que, na realidade, parecem ser apenas um, pois as suas histórias são semelhantes: um sacerdote romano, um bispo de Térni (na Úmbria, Itália) e um bispo itinerante de Recia.

Jacopo Bassano, São Valentim baptizando
Santa lucia,
 c. 1575. Bassano del Grappa, Museu Civico
Parece ser hoje aceitável que a vida dos dois santos italianos, se referem a um único santo. Quanto a São Valentim de Recia tudo indica ser do domínio da lenda, resultado da contaminação dos seus homónimos italianos. Foi enterrado no Tirol italiano e o duque da Baviera, terá transportado as suas relíquias em 764, convertendo-o num dos patronos da sua diocese. Daí a sua popularidade na Alemanha.
Debrucemo-nos, porém, sobre os dois santos italianos que, com maiores probabilidades, deram origem ao Dia dos Namorados.
São Valentim ajoelhado em súplica - david teniers III,
col privada- Rafael Valls Gallery, Londres.
Bridegeman Art Library
O sacerdote romano foi preso no reinado de Cláudio, o Gótico. Na presença do Imperador confessou a sua fé. Entregue ao magistrado Astério, Valentim converteu-o (bem como a toda a sua família) à fé cristã, por ter curado a sua filha adoptiva da doença de que padecia: a cegueira. O Imperador mandou decapitá-lo na Via Flamínia em 270 (ou 268?)[1]. O Papa Júlio I, construiu uma igreja em sua honra no século IV e Honório I restaurou-a no século VII, tornando-se depois disso um centro de peregrinação muito frequentado.
O bispo de Térni terá ocupado essa diocese a partir do ano de 223. Curou o filho de Crato, um filósofo romano, que se converteu. Foi, de seguida, mandado decapitar pelo perfeito Abúndio. O seu corpo foi então levado para Térni por alguns atenienses (discípulos de Crato) convertidos.
Armando Palavras


 

Post-scriptum

Hoje, 14 de Fevereiro é dia de São Valentim, versus, Dia dos Namorados. Por essa razão aqui se deixa sinopse do livro de Alberoni (2003).
Francesco Alberoni é conhecido em todo o mundo pelos seus estudos sobre movimentos colectivos, sobre sentimentos (como o amor, o enamoramento, a amizade, a inveja, o altruísmo) e sobre valores que guiam as acções humanas. A sua obra publicada é de alguma relevância. Neste livro, “O Mistério do Enamoramento”, revela-nos o segredo mais profundo do enamoramento e mostra-nos o caminho para um amor genuíno e duradouro.
Critica as teses clássicas sobre o amor de Sartre, Rougemont, Bataille e Girard. Discorda das teses freudianas, segundo as quais o enamoramento é o produto de uma regressão. Ou seja, a reactivação de experiências infantis, sobretudo das que estiveram relacionadas com a mãe.
É muito mais consequente com o mito contado por Aristófanes n’O Banquete de Platão: “a alma espera a outra metade de si própria, da qual foi separada, e acaba por encontrá-la no enamoramento. Antes estava lacerada, incompleta, perdida, inconsciente de si. Agora está completa, é totalmente ela própria, feliz, divina”.







[1] Historicamente parece ter sido executado em 273 , durante as perseguições do Imperador Aureliano.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Eça no Panteão...