Virgilio Gomes |
Acabar bem o ano, e com a qualificação de
mais um produto transmontano, é mais um motivo de alegria e orgulho. Desta vez
foi o “Cordeiro mirandês ou Canhono mirandês” como DOP, última vedeta da
qualidade dos produtos transmontanos. Curioso como usa a designação “canhono”,
linguagem local que antigamente era usado só no feminino para significar cabra
velha ou outro ovino de idade avançada. Este “Cordeiro Mirandês” é um ovino de
Churra Galega Mirandesa e abatida até à idade de quatro meses, nascido e criado
num sistema de exploração extensivo tradicional. Uma nova oportunidade para a
excelência dos produtos transmontanos.
Claro que irei escrever sobre os produtos
da alimentação que levam a critérios de classificação, necessários pelo invasão
permanente de novos produtos e seus sucedâneos, e também por uma crescente e
deficiente educação do gosto. Quando eu era criança e vivia em Bragança, até os
meus dezoito anos, estas questões não se levantavam. Nesses tempos, e quando e
se ouvia falar de produtos transmontanos, isso significava qualidade, uma
garantia de autenticidade no seu melhor. Tudo tinha o seu gosto, e seu sabor.
Depois tudo se multiplicou e o significado deixou de ser o mesmo. Apesar de
Trás-os-Montes ter mantido um certo isolamento que lhe garantia alguma
segurança, Bragança até há muito pouco tempo era o único distrito que nem de um
centímetro de autoestrada dispunha. Os tempos mudaram e também a nossa terra
foi alvo de uma invasão de produtos novos e, quanto deles, sem grande valor
alimentar. Mas são as irresistíveis modas! E, acrescente-se, as facilidades, a
rapidez…
© Virgílio Nogueiro Gomes
Foto de © Ana Preto
Para saber mais:
Mais uma delícia transmontana,
reconhecida:
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