quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Os Retornados, verdades incontornáveis






Até que enfim…

Sempre disse que a vinda dos “retornados” foi uma transfusão de sangue para este país envelhecido, amorfo, estagnado...
De repente, milhares de pessoas com outros horizontes, maior abertura de espírito,força de vontade e absoluta necessidade de começar vida noutro lugar por lheter sido tirado o chão onde viviam (e gostariam de ter continuado a viver!),espalhou-se por todo este território...
Houve de tudo, como sempre... bons e maus exemplos, mas o saldo foi positivo e este artigo revela alguns dados importantes. Gostei de o ler.
Bem podemos divulgá-lo e mostrar a todos que a vinda dos africanos depoisda “descolonização exemplar” só veio beneficiar o rectângulo ondenem foram assim tão bem recebidos...
Um abraço angolano da Maria da Graça Garcez
 

Este texto peca por tardio mas, mesmo assim, reencaminhem  o mais possivel, para que estes números fiquem na memória de quem contestou  o nosso regresso à Terra-Mãe!

Os Retornados!!!

VERDADES INCONTORNÁVEIS

Uma      das ideias feitas que ainda hoje subsiste no nosso País, é a de que os      «retornados do Ultramar» constituíam uma legião de indivíduos que vieram      agravar de várias formas o já de si deplorável estado da sociedade      portuguesa à data da Descolonização.  Sociedade que estava sofrendo      o inevitável depauperamento causado pela emigração maciça dos seus braços      mais válidos em busca de melhores condições de vida, sangria que começara      muito antes das chamadas «guerra colonial» e que esta veio      inevitavelmente acentuar. Disse-se, escreveu-se, e ficou gravado no      entendimento comum dos portugueses, que a maioria dos retornados era uma      legião de pessoas rudes, na maioria já de idades avançadas, que tinham      queimado as suas energias pelas terras de África, pouco produtivas para a      tarefa da reconstrução nacional, e sobretudo escassamente preparados do      ponto de vista profissional. A ideia geral que se fazia — e      intencionalmente se propalou!... acerca dos retornados do ex-Ultramar,      era a de uma maioria de rudes capatazes agrícolas, broncos e violentos,      de astutos comerciantes do mato, e de uns tantos «endinheirados» que      exploravam negócios altamente chorudos! Acontece que os sucessivos      contingentes que os aviões despejavam diariamente no Aeroporto de Lisboa,      nos dois ou três meses que se seguiram ao êxodo maciço dos portugueses de      Angola e de Moçambique, bem como as imagens fotográficas ou da Televisão,      davam uma aparência de realidade a tão deploráveis e errados juízos. São      hoje suficientemente conhecidas as deploráveis condições em que os      retornados de Angola e Moçambique regressaram a Portugal - nove em cada      dez, apenas com as roupas que tinham vestidas no momento do embarque, por      não terem tido tempo nem possibilidade de voltar aos lares de onde tinham      sido expulsos a ferro e fogo para salvar as vidas. Todavia, serenada a      tempestade ou calamidade que se abateu sobre os retornados do Ultramar,      acalmadas as inevitáveis paixões políticas e serenados os juízos precipitados — as      estatísticas encarregaram-se de rectificar as asneiras insidiosas e      intencionais, e de dar ao País um retrato real dos retornados, sob mais      diversos aspectos. Paralelamente, as manipulações da opinião pública      foram cessando, e estudiosos atentos e imparciais debruçaram-se sobre a realidade      - e os retornados do ex-Ultramar surgem aos olhos da opinião pública e      dos seus concidadãos em geral, como aquilo que na realidade são. Para      esboçar esse retrato do retornado socorremo-nos de um valioso e      insuspeito estudo realizado por um grupo de universitários, prefaciado      por uma brilhante Secretária de Estado de um dos Governos pós 25 de      Abril, editado pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento, para      neste momento e neste local, traçarmos um RETRATO DE CORPO INTEIRO dos      retornados, e da sua contribuição para a revitalização da sociedade      portuguesa. O apuramento realizado pelo Instituto Nacional de Estatística      em 1978, citado pelo referido grupo de universitários no estudo que      consultámos, referia a existência de 505.078 indivíduos entrados no País      e inscritos como «retornados do Ultramar». Em termos percentuais esses      505 mil retornados representavam pouco mais de 5% do total da população      nacional.

      Este número é discutível e      muitas fontes insistem em números mais elevados, entre 700 a 800 mil. Mas      trata-se de números oficiais, registados pela estatística oficial, e é em      presença deles que temos de raciocinar. Ora, segundo os números do      Instituto Nacional de Estatística, daqueles 505.078 retornados, um pouco      mais de metade - exactamente 298.968 - eram nascidos ou oriundos de      Portugal, e portanto os restantes 206.110 eram portugueses já nascidos      nas então províncias ultramarinas. Por enquanto trata-se apenas de      distinguir entre portugueses oriundos de Portugal que regressavam ao país      de origem, e portugueses nascidos noutras terras e aos quais, só por      isso, parecia querer negar-se a qualidade de portugueses também...Porém,      o que é realmente importante, e mostra insofismavelmente que os      retornados vieram rejuvenescer a sociedade portuguesa, é a observação      desses dados estatísticos quando entra na discriminação etária, cultural      e profissional dos retornados. Assim, sob tais aspectos, verifica-se que:      daqueles 505.078 retornados, 65,5% tinham menos de 40 anos e constituíam      portanto uma parcela válida. Mas acima dos 40 e até aos 64 anos a      percentagem de retornados era de 29,8% - todos sabem como no Ultramar os      homens até aos 60 anos eram uma das parcelas mais válidas das populações,      senão em energias físicas pelo menos em saber e experiência acumulada.      Além disso, do total de retornados, 52,74% eram homens e apenas 47,26%      mulheres — o que pressupõe uma maioria de braços válidos para o      trabalho. Porém, um dos aspectos mais importantes desta notação      estatística, é aquele que refere que a população retornada era em regra      profissional e intelectualmente mais bem preparada do que a da metrópole,      pois que do recenseamento efectuado, resultava que: 48,4% tinha instrução      primária (numa época em que na metrópole havia mais de 20% de      analfabetos); e dos restantes 51,6%, descontando apenas 6,5% de      não-alfabetizados constituídos quase exclusivamente por crianças com      menos de 10 anos de idade, havia 8,5% de possuidores de cursos superiores      incluindo médicos, professores universitários, investigadores, advogados,      etc., e mais de 30% possuíam cursos médios, secundários e profissionais. Com a entrada dos retornados, a sociedade      portuguesa foi subitamente enriquecida com mais de 5.000 mil engenheiros,      arquitectos e técnicos dos mais elevados graus e ramos da engenharia civil      e de minas, de industrias transformadoras e outras; cerca de 1.800      biólogos, agrónomos, investigadores dos ramos fisico-químicos e      similares; quase 13.000 professores e outros docentes de todos os ramos      do ensino, desde o primário ao universitário; 325 navegadores, pilotos e      outro pessoal especializado da navegação aérea e marítima; cerca de      16.000 quadros de serviços administrativos e outros, desde estenógrafas a      operadores de informática. No sector da produção, a força      do trabalho metropolitana foi enriquecida com mais 13.000 mecânicos      especializados; cerca de 7.000 serralheiros civis, montadores de      estruturas metálicas, caldeireiros e profissões similares. A      construção civil, cuja maior força de trabalho tinha emigrado para os      países da Europa, foi enriquecida com 13.000 pedreiros, carpinteiros e      outros profissionais dos mais diversos ramos. As indústrias      transformadoras foram enriquecidas com mais 12.000 operários      especializados, desde os ramos têxtil ao da alimentação e bebidas, da      mecânica fina ao mobiliário. O sector dos transportes viu-se      repentinamente valorizado com a entrada de mais 13.000 condutores de      veículos pesados e de transportes públicos. No sector      agro-pecuário surgiram mais 16.000 capatazes e condutores de trabalhos agrícolas,      de maneio e tratamento de gados ou de exploração florestal, em escalas      que, em muitos casos, não eram conhecidas neste país. Mas vieram      ainda cerca de dez mil trabalhadores dos ramos de hotelaria, restaurantes      e similares, cozinheiros, ecónomos e outros. Porém, e talvez mais      importante ainda que as suas especializações profissionais, os retornados      trouxeram à força de trabalho do País a contribuição valiosíssima da      disciplina, da produtividade, da assiduidade, que rapidamente os      distinguiram (e não raro os tornaram detestados...) num ambiente em que      apenas se falava de postos de trabalho... mas não se trabalhava; em que o      absentismo ascendeu a taxas inconcebíveis, em que os locais de trabalho      se transformaram em centros de organização de manifestações a propósito      de tudo e de nada. Cremos que estes números, extraídos de fontes      absolutamente insuspeitas, serão suficientes para desfazer certas ideias      que, infelizmente, ainda de tempos a tempos afloram em certos meios e em      determinadas ocasiões, acerca dos Retornados do ex-Ultramar. Na      realidade, e a despeito das desgraçadas condições em que se desenrolou o      seu regresso à Pátria de origem ou de opção - o fluxo dos retornados      constituiu na realidade um indiscutível e precioso factor de valorização      da sociedade portuguesa.


 Nota:
Este texto foi-nos enviado via internet. Não sabemos onde foi publicado, mas quem no-lo enviou é Amigo Antigo, de confiança. Além do mais, sabemos que aquilo que descreve é verdadeiro, por isso o publicamos.


 

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