quarta-feira, 30 de maio de 2012

Por culpa do português ... - Quirimbas, ilha de IBO (Moçambique)

Ilha de IBO

 

                        Panorama aéreo do Parque Nacional das Quirimbas, onde predomina a floresta de mangal

Fortim de Santo António –Ibo
Por: Costa Pereira
Portugal, minha terra.
Na costa norte de Moçambique, muito perto da Tanzânia, situa-se o Arquipélago das Quirimbas, paraíso de certa fauna e flora marinha que tem no Parque Nacional o seu principal guardião, e na pequena ilha do Ibo o centro administrativo da respectiva reserva. Factor que de certo modo se espera possa muito bem vir a contribuir para a recuperação de uma prosperidade económica e social que Ibo já teve e há muito perdeu. Fundada em 1761, foi a primeira capital de Cabo Delegado. O seu momento alto esteve relacionado com o comércio esclavagista, com a sua abolição começa o lento declínio económico que se dápoliticamente com a transferência das últimas repartições da administração de Cabo Delegado para Porto Amélia (actual Pemba), em 1929.
Ourivesaria artesanal, do Ibo
Presentemente esta pérola do Índico apresenta-se com um panorama muito severo para os nativos: malária, sida, ausência de infra-estruturas de saúde, grande mortalidade infantil, analfabetismo e um dos rendimentos por capita mais baixos do mundo é o cenário. Quase metade da população tem 14 anos. E a média de vida 38!!!Isto valeu um comentário que fiz após uma visita à ilha em 2011 e que aqui reproduzo:“Do que vi e senti não tenho engenho nem arte para descrever. Quero no entanto saudar aqui aquele generoso grupo de profissionais de diversos âmbitos que após uma viagem a África em 2002 e confrontados com a miséria do povo decidem criar a Fundação IBO (Espanhola)com o seguinte objectivo: - 1º - Proteger todos os recursos da ilha; 2º- integrar a população local no processo; 3º - garantir uma gestão responsável dos recursos naturais. Com: criação de novas hortas; de uma oficina de costura; promoção e exportação de ourivesaria local; exploração e produção de café. Na área do património histórico-cultural: - Participar e colaborar no ordenamento territorial da ilha, na recuperação e valorização do seu conjunto artístico, na manutenção da sua estrutura urbana e arquitectónica; criação de uma escola-oficina de restauração. Limpeza, caiação e reabilitação de habitações coloniais, edifícios públicos, (igreja Católica, e edifícios singulares) e outros monumentos. Um abraço do tamanho do arquipélago das Quirimbas para uma Fundação cujos frutos de generosidade já se notam no rosto dos ilhéus do IBO”.
       Costa Pereira – no Jardim do Artesanato, em Maputo
                                      (Moçambique)
Como digo, na época colonial portuguesa IBO foi capital de província pelo que o seu destruído bairro colonial, a sua fortaleza e fortins, e a sua " arquitectura religiosa respiram uma história cheia de esplendor ligada não só ao continente africano mas também à Europa, à Índia e à Ásia". Ao contrário de Pemba que não tem registo de ocupação no período pré-colonial já a ilha de IBO foi zona cultural de navegação e esteve nas cartas de muitos piratas. Tal como Zanzibar, foi centro comercial de escravos, de especiarias, de coloridos tecidos, de marfim, de exóticas jóias e metais preciosos. Hoje nesta pequena ilha coralina localizada na Província de Cabo Delegado (Moçambique), a presença portuguesa se não na língua, ainda se nota bem no seu decadente património construído; dado que na cultura, além da influência muçulmana e do dialecto regional, é o inglês que predomina, por culpa do português….


Ilha de IBO - Centro administrativo


1 comentário:

  1. um autêntico paraíso. Não fossem os espanhóis, com o empenho desinteressado do Luis Alvarez, presidente da Fundación Ibo, aquele espaço estaria bem pior para os iboenses.

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