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Ilha de IBO |
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Panorama aéreo do Parque Nacional das Quirimbas, onde predomina a floresta de mangal
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Fortim de Santo António –Ibo |
Na costa norte de Moçambique,
muito perto da Tanzânia, situa-se o Arquipélago das Quirimbas, paraíso de certa
fauna e flora marinha que tem no Parque Nacional o seu principal guardião, e na
pequena ilha do Ibo o centro administrativo da respectiva reserva. Factor que
de certo modo se espera possa muito bem vir a contribuir para a recuperação de
uma prosperidade económica e social que Ibo já teve e há muito perdeu. Fundada
em 1761, foi a primeira capital de Cabo Delegado. O seu momento alto esteve
relacionado com o comércio esclavagista, com a sua abolição começa o lento
declínio económico que se dápoliticamente com a transferência das últimas
repartições da administração de Cabo Delegado para Porto Amélia (actual Pemba),
em 1929.
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Ourivesaria artesanal, do Ibo |
Presentemente esta pérola do
Índico apresenta-se com um panorama muito severo para os nativos: malária,
sida, ausência de infra-estruturas de saúde, grande mortalidade infantil,
analfabetismo e um dos rendimentos por capita mais baixos do mundo é o cenário.
Quase metade da população tem 14 anos. E a média de vida 38!!!Isto valeu um
comentário que fiz após uma visita à ilha em 2011 e que aqui reproduzo:“Do que vi e senti não tenho engenho nem arte
para descrever. Quero no entanto saudar aqui aquele generoso grupo de
profissionais de diversos âmbitos que após uma viagem a África em 2002 e
confrontados com a miséria do povo decidem criar a Fundação IBO (Espanhola)com
o seguinte objectivo: - 1º - Proteger todos os recursos da ilha; 2º- integrar a
população local no processo; 3º - garantir uma gestão responsável dos recursos
naturais. Com: criação de novas hortas; de uma oficina de costura; promoção e
exportação de ourivesaria local; exploração e produção de café. Na área do
património histórico-cultural: - Participar e colaborar no ordenamento
territorial da ilha, na recuperação e valorização do seu conjunto artístico, na
manutenção da sua estrutura urbana e arquitectónica; criação de uma
escola-oficina de restauração. Limpeza, caiação e reabilitação de habitações
coloniais, edifícios públicos, (igreja Católica, e edifícios singulares) e
outros monumentos. Um abraço do tamanho do arquipélago das Quirimbas para uma
Fundação cujos frutos de generosidade já se notam no rosto dos ilhéus do IBO”.
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Costa Pereira – no Jardim do Artesanato, em Maputo
(Moçambique)
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Como digo, na época colonial
portuguesa IBO foi capital de província pelo que o seu destruído bairro colonial,
a sua fortaleza e fortins, e a sua " arquitectura religiosa respiram uma
história cheia de esplendor ligada não só ao continente africano mas também à
Europa, à Índia e à Ásia". Ao contrário de Pemba que não tem registo de
ocupação no período pré-colonial já a ilha de IBO foi zona cultural de
navegação e esteve nas cartas de muitos piratas. Tal como Zanzibar, foi centro
comercial de escravos, de especiarias, de coloridos tecidos, de marfim, de
exóticas jóias e metais preciosos. Hoje nesta pequena ilha coralina localizada
na Província de Cabo Delegado (Moçambique), a presença portuguesa se não na
língua, ainda se nota bem no seu decadente património construído; dado que na
cultura, além da influência muçulmana e do dialecto regional, é o inglês que predomina,
por culpa do português….
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Ilha de IBO - Centro administrativo
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um autêntico paraíso. Não fossem os espanhóis, com o empenho desinteressado do Luis Alvarez, presidente da Fundación Ibo, aquele espaço estaria bem pior para os iboenses.
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