terça-feira, 4 de outubro de 2011

Juan Rulfo, a lenda




Juan Rulfo

Juan Rulfo nasceu no México em 1917 e faleceu em 1986. É um dos autores sul-americanos mais imitado no século XX, mais elogiado e comentado. A sua obra-prima, a novela Pedro Páramo, foi escrita em 1955 e é considerada como fundadora de uma nova forma de literatura que influenciou escritores como Gabriel Garcia Marquez. Os testemunhos de admiração abundam dos seus pares como Pablo Neruda, Carlos Fuentes, Octávio Pato, Juan Carlos Onetti ou Jorge Luis Borges. E o assombro da critica.
Contudo, a sua obra reunida é escassa, não atingindo as 400 páginas.
A lenda de Rulfo foi, não só alimentada pelo silêncio em que o escritor desapareceu após a publicação de Pedro Páramo, como pela dureza da sua própria vida.
“Tive uma infância muito dura” informa Rulfo em Los muertos no tienen ni tiempo ni espácio. Para acrescentar: “… muito difícil. Uma família que se desintegrou muito facilmente num lugar que foi totalmente destruído. Desde o meu pai e minha mãe, inclusive todos os irmãos de meu pai foram assassinados. Vivi, portanto, numa zona devastada. Não apenas de devassidão humana, mas devassidão geográfica. Nunca encontrei até à data uma lógica que explique tudo isto. Não se pode atribuir à Revolução. Foi mais uma coisa atávica, uma coisa de destino, uma coisa ilógica. Até hoje ainda não encontrei um ponto de apoio que me mostre porque nesta minha família sucederam nessa forma e tão sistematicamente, essa série de assassinatos e de crueldades”.
Sobre a sua obra, Gabriel Garcia Marquez disse: “Não mais de 300 páginas, mas são quase tantas, e creio que tão perduráveis como aquelas que conhecemos de Sófocles”. E Octávio Paz, sobre a mágica das suas imagens informa: “Deu-nos uma imagem – não uma descrição – da nossa paisagem”. Já Jorge Luís Borges, sobre Pedro Páramo rematava: “ Uma das melhores novelas das literaturas hispânicas e provavelmente da literatura universal”.
Sobre este escritor maldito, que se tornou lenda como Rimbaud[1], e sobre o livro de cabeceira de Garcia Marquez e J. Luís Borges (Pedro Páramo), Susan Sontag disse apenas, “ Não é apenas uma das obras-primas da literatura mundial do século XX, é também um dos livros mais influentes do século, tanto que seria difícil sobrestimar o seu impacto na literatura de língua espanhola”.

Armando Palavras


[1] A quem , a seu tempo, dedicaremos artigo singelo. E o mesmo faremos com J.D.Salinger, outro escritor maldito que procurou evitar a fama.

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