Foram dez os argumentos em que esse Teólogo se apoiou para
concluir que Afonso Henriques não teve vida fácil sempre agiu em conformidade
com os princípios da sã convivência humana e divina.
Desde a Batalha de Ourique, em 25 de Julho de 1139, em que venceu
os cinco reis Mouros, até ao encontro, do seu Corpo, incorrupto, na Igreja de
Coimbra, onde jaz, foram dez dos indícios de Santidade, analisados, com realce
para estes dois.
A essa tese chamou o Teólogo José Pinto Pereira Lusitano: «Aparato Histórico». Foi escrito em
Latim, o que terá contribuído para se manter inacessível à comunidade
cientifica, quer nacional quer estrangeira. Durante 283 anos, embora publicada,
em Roma, na Tipografia Rochi Berrnabò, em MDCCXXVIII (1728), a obra foi
engavetada, até hoje.
O autor esclarece que referiu «estes favores
extraordinários, não só em vida, como depois da morte, referidos neste Aparato
na mesma língua em que foram escritos, para que nem um só jota ou ápice
faltasse na Versão; esta – diz ele - será talvez dada depois em idioma Latino, em
favor dos Estrangeiros para os quais o nosso (idioma) e o Espanhol ou não são
suficientemente conhecidos, ou absolutamente estranhos».
José Pinto Pereira explica por estas palavras as razões de
escrever o livro em Latim, a pensar nos estrangeiros, visto que por essa altura
nem a língua espanhola nem a portuguesa, tinham a importância que têm hoje.
Fosse como fosse, já passaram 934 anos desde a morte do Rei
Fundador de Portugal. E já passaram 897 desde que lhe apareceu, na véspera da
Batalha de Ourique, a hierofania (ou visão divina) a garantir-lhe que iria
vencer os cinco reis mouros, o que se concretizou. Desde essa altura brotaram
os primeiros perfumes da santidade que até hoje se adensaram na opinião
pública.
José Pinto Pereira
confrontou-se com essa dúvida que chegou até nós. Mas ele por ser Teólogo ser
cavaleiro da Ordem de Cristo e, nessas circunstâncias privilegiadas, conhecer
as regras, os métodos e as formas de agir, investigou até à exaustão, as lendas, os mitos e
as tradições, para que, separando as águas, pudesse chegar a conclusões
científicas.
Só motivações de força maior poderiam interromper aquilo que era
fácil: iniciar o processo de beatificação, a exemplo de outros casos, como foi,
entre nós, o do beato D. Nuno de Santa Maria. Este foi, finalmente, canonizado
em 2009. O pretexto de que travou muitas batalhas e morreu muita gente
inocente, deixou de ser válido, desde que a mesma Santa Sé, perante o grande general
que foi Nuno Álvares, mereceu chegar aos altares. <
Estamos, pois, em condições
de encontrar uma Comissão Promotora da Causa dos Santos para que retome o
processo, bruscamente interrompido em 1728, pelo corte de Relações do Rei D.
João V e a Santa Sé.
Barroso da Fonte


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