Bom dia!
Na próxima segunda-feira (17/11), a partir das 16 horas, iremos
falar das virtudes da couve como planta alimentícia e medicinal, na Escola
Comunitária de Alcochete.
Agradeço a divulgação, através da Casa do Povo, para que haja um
número razoável de participantes.
Ver croniqueta alusiva, em anexo!
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No mesmo dia, está marcada mais uma aula de Esperanto, a partir
das 15 horas, se aparecerem os interessados na aprendizagem da língua
internacional.
Em princípio, iremos abordar o significado e a identificação das
seguintes palavras: DESTINI e DOTI.
Agradeço a confirmação das presenças!
Miguel Boieiro
Couve-galega
Para especificarmos botanicamente uma determinada planta há
que usar métodos de classificação, cuja sofisticação não é atraente aos leigos.
Exemplifiquemos: temos um elemento do reino vegetal que
pertence ao ramo das Espermófitas,
ao subramo das Angiospérmicas,
à classe das Dicotiledóneas, à
ordem das Brassicáleas, à família
das Brassicáceas ou Crucíferas, ao género Brassica, à espécie Brassica oleracea, à variedade Acephala e à subvariedade Plana. Mas afinal que planta é esta tão
complicada? Pois, nada mais, nada menos do que a nossa corriqueira
couve-galega.
E eis como as coisas complicadas podem ser simples e
vice-versa. Afinal toda a gente conhece a couve-galega que é das milhentas
variedades cultivares de couves (Brassica
oleracea) a que se encontra mais perto da couve espontânea e selvagem que,
julga-se, teve a sua origem no continente europeu, a Brassica sylvestris. Por razões óbvias, não abordarei aqui outras
variedades também sobejamente conhecidas: o repolho, a couve-lombarda, a coração-de-boi,
a couve-de-bruxelas, a couve-rábano, a couve-flor, a couve-chinesa, os
brócolos, … ou seja, um verdadeiro mundo no campo das hortaliças comuns.
A couve-galega é uma planta medicinal que se pode usar tanto
externamente como internamente, mas a sua reputação é gastronómica. Em Portugal
a couve-galega é um ex-libris, tal a
sua versatilidade na culinária tradicional, com destaque para o caldo-verde que é, sem favor, a nossa
sopa nacional, por excelência. Seria estultícia da minha parte descrever como se
confeciona o caldo-verde e outras sopas e cozidos deliciosos onde entra a
distinta convidada que hoje trouxemos à liça. Ela pode assumir uma multiplicidade
de funções. De relance e a título de exemplo, estou agora a lembrar-me das broas-dos-santos que se preparam no
início de novembro, em que as folhas da couve servem de base para evitar que os
bolos, cozidos em forno de lenha, fiquem com a base torriscada.
O perfil nutricional da couve-galega é notável. Ela contém
tanto ou mais cálcio que o leite, com a vantagem de que a assimilação se faz
praticamente sem contraindicações. Para além disso, contém valiosos
antioxidantes, ferro, iodo, enxofre, provitamina A, vitaminas C, K e do
complexo B. Por isso, pode ser determinante na luta contra as úlceras do sistema
digestivo (estômago, duodeno, cólon). Há até quem defenda que produz efeitos
benéficos no tocante às doenças cancerosas, como preventiva.
Externamente a couve finamente migada e colocada em
cataplasma nas feridas e infeções cutâneas acelera eficazmente a cura das
mesmas.
Toda a gente está familiarizada com o aspeto da couve-galega
que é cultivada há milhares de anos, mas convém lembrar as suas principais
características. Ao contrário das outras couves, ela chega a atingir 120 cm de
altura e no segundo ano, em que espiga, com ramalhetes de flores brancas
providas de quatro pétalas dispostas em cruz (crucíferas), pode chegar aos 160
cm. Naturalmente que os caules se tornam muito lenhosos. As folhas são lisas e
não se enrolam no cimo formando cabeça, como acontece com os repolhos. Daí a
designação acephala.
A couve-galega não é tão exigente como as outras couves.
Dá-se bem em qualquer terreno, desde que bem drenado e nitrificado, e em
qualquer clima temperado.
No que respeita à resistência a moléstias e predadores,
também se aguenta relativamente bem, sem necessidade de produtos químicos,
tantas vezes nocivos para a saúde. O seu principal inimigo é a chamada
borboleta branca (Pieris Brassicae).
Cada fêmea faz uma postura de 600 ovos, os quais se detetam facilmente nos
enrolamentos das folhas ou nas suas páginas inferiores. As lagartas que daí
nascem são vorazes e rapidamente devoram as plantações. Felizmente que já
existe no mercado um inseticida, aceite em agricultura biológica, destinado a
dizimar essa lagartagem específica. Trata-se de um produto com base em Bacillus thuringiensis que atua algumas
horas após a ingestão pelas lagartas, impedindo-as de se alimentarem devido a
paralisia. A morte sobrevém 1 a 7 dias após a ingestão do Turex (nome
comercial do respetivo produto), o qual não é tóxico para organismos diferentes
daqueles que combate.
Eis, pois uma indicação útil que apresento sem qualquer
interesse que não seja a de promover as regras da agricultura biológica,
indispensáveis à preservação do planeta e ao futuro da Humanidade.
E para terminar este singelo escrito, deixo a pergunta tradicional dos franceses – Savez vous planter des choux? (Sabeis vós plantar couves?)
Miguel Boieiro

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